Tudo O Que Eu Quero É...

Estar Com Você

O rapaz cujas curtas madeixas eram negras e a face encontrava-se tão ruborizada - vermelha - quando o degradê da íris do outro à sua frente, abaixou a cabeça incapaz dizer ou pensar exatamente no que proferir ao menor. Como iniciaria tal diálogo? Era tudo tão novo.

Finalmente havia notado que o desejo dentro de si, há muito já não era de superar o moreno, mas sim de igualar-se a ele para que juntos pudessem caminhar lado a lado sem que temesse qualquer coisa.

Ele então suspirou antes de finalmente - ou talvez não - encontrar o que dizer.

- Lixo! Quero dizer... lixo não.

- Inosuke... está tudo bem? Você está agindo estranho há algum tempo... - o questionar do dono das iris carmesins se mantinha a fitar o moreno, que tentava reformular a frase

- Não... quero dizer. estou bem... Sim mas não... merda. Como consegue der tão lesado hein?! Cacete! Tudo o que eu quero dizer é que... - sua frase não tardou a ser interrompida pelo loiro de pontas alaranjadas, que corriam e chorava gritando pelo nome de ambos.

- Tanjirou! Inosuke! A Nezuko saiu seguindo o corvo... ele disse que tinha outra missão ela entrou na floresta! Salva a Nezuko! Nezukooo! - O garoto fazia uma tremenda birra com seu jeito visivelmente medroso e geralmente irritante.

Inosuke obviamente bufou irritado, fechou a expressão e cerrou os punhos o mais forte que conseguia, arrancando sangue das palmas.

Tanjirou fitou Zenitsu e anuiu em seguida ao dar-se conta da informação obtida. Ambos não hesitaram em ir atrás do cheiro doce e suave que garota de madeixas tão escuras quanto as do irmão carregava. Deixaram a pousada a qual estavam hospedados para trás, sem temer o que viesse pela frente.

Um novo suspiro foi dado ao avistarem a moça, que estava a apontar na direção a qual foi o corvo.

Já estava bem tarde e logo outros Onis viriam a surgir, então, Nezuko e Zenitsu foram mais a frente.

Era possível ouvir ridículas e decoradas as cantadas que o loiro jogava para a garota de olhos claros, que sequer se dava ao trabalho de olhá-lo.

A paisagem extremamente bela revelava para eles o caminho que os levaria de volta ao hotel, todavia Hashibira não pôde evitar de parar, chamando a atenção de Kamado para si.

- Ei Tanjirou

os olhos verdes - agora desnudos levando em conta o fato de a máscara não se fazer presente em sua face - brilhavam ao toque suave da lua cheia e clara a qual ousava iluminar ao máximo o céu estrelado. Revelando à Tanjirou, seu rosto extremamente ruborizado.

- Inosuke, vamos nos atrasar para o jantar. - o outro revirou os olhos ao ouvir a tão grande preocupação do moreno - Mas se é importante... fala logo.

- Não é assim. Quero dizer... caralho! Não é algo tão simples ou fácil quanto parece. Porra, eu estou tentando dizer desde a semana passada! - a confusão na face de Kamado lhe incomodava e até então não havia compreendido o porquê, fazendo com que Hashibira coçasse o rosto em resposta, deixando clara sua vergonha.

- Ah... eu acho que já entendi! Você está tentando me enrolar para ficar com a minha comida! - o som de sua mão fechada chocando-se contra a outra em demonstração de entendimento fez com que, talvez pela milésima vez, Inosuke respirasse fundo para não perder à cabeça - Se estiver com muita fome você pode ficar.

Era a gota d'água. Se não encontrasse uma forma de dizer naquele momento, não sabia quando iria ter outra chance.

O dono de iris esmeraldas, então puxou Tanjirou pelo braço com cerca força, praticamente forçando-o a ficar contra seu peito.

- Consegue ouvir? - suas batidas estavam aceleradas e isso fez com que Kamado anuisse ainda confuso - Eu não consigo dizer porque sempre somos interrompidos, mas... sabe...?Tudo o que eu quero é... estar com você Tanjirou Kamado. - ambos puderam sentir naquele instante, o sangue subir para seus rostos, fazendo-os corar - Porque eu amo você. - a última frase saiu como um sussurro quase inaudível, mas alto o suficiente para que o dono das orbes carmins sorrisse e se acomodasse ainda mais, apesar de toda vergonha que estava sentindo, se dando ao luxo de ouvir aquelas aceleradas batidas que o coração alheio dedicava a si.

- Eu... - finalmente tinha se pronunciado, procurando as palavras certas para o momento - Eu sinto o mesmo... Inosuke... eu me sinto da mesma forma. - e de forma desajeitada, Hashibira passou a acariciar os alheios do garoto à sua frente - Temos que voltar - disse o "avermelhado" notando que os dois a frente haviam sumido.

Ambos então começaram a caminhar lado a lado, se perguntando o que fazer após confessarem os sentimentos.

Suas mãos se tocaram de forma involuntária ainda enquanto andavam, e quando se deram conta, seus dedos já se entrelaçam.

Respiraram fundo em sincronia e riram. O clima era tão confortável e de certa forma, fofo. Havia ali dois garotos que se amavam e tinham plena certeza dos sentimentos em seus peitos. Dois homens que se permitiriam amar até que o destino dissesse chega.

Ao avistarem o hotel, Inosuke colocou sua máscara e ambos o adentraram no silêncio simples e confortável que havia tido o trabalho de acompanhá-los até então.

Após o jantar, qual Kamado tanto ansiava, todos os quatro foram dormir, todavia os dois morenos puseram-se na mesma cama, onde o dono das cicatrizes e baixa estatura ficou por cima, tendo a chance de - novamente - ouvir as batidas melodiosa que o coração do outro dedicava a si.

Ali eles já haviam se dado conta do que queriam. Sim. Tudo o que necessitavam era simplesmente estar juntos. Lado a lado, sabendo os sentimento um do outro, e se dependesse deles, iriam ficar juntos assim por muito tempo, porque a sincronia de seus corações demonstrava o quão perfeitos eram um para o outro.