14 | Aquele em que Taehyung desce do carro

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Taehyung olhava para além da janela com um tédio crescente, como era de costume quando estavam na estrada. A paisagem das árvores e dos postes de luz no lado de fora não corria em direção contrária, pois estavam quase parados no trânsito devido ao incêndio que consumia parte da mata ao redor da rodovia, à direita deles, bem lá na frente.

Se prestassem atenção, poderiam ver a luz das chamas mais altas, porém o que mais se conseguia enxergar era a fumaça. Havia o som de sirenes da ambulância, da polícia e dos bombeiros, e o caminhão destes últimos jogava água na tentativa de deter o incêndio, ao longe. Infelizmente, não era possível ver o fogo, Taehyung logo percebeu, por mais que esticasse seu pescoço em tantas direções, portanto ele se conformou com o fato de ter que esperar até chegarem mais perto para conseguir enxergar as formas e cores das chamas, algo que admirava tanto. Entretanto, não se via nada satisfeito com o fato de não ter nada que pudesse fazer até que alcançassem a movimentação organizada dos funcionários públicos.

Largado igual a uma lombriga, como ele gostava de pensar, nos bancos traseiros da Abigail; sem o cinto de segurança — e daquela vez Yoongi tinha permitido que o ruivo o tirasse, pois estavam engarrafados, de qualquer forma —, Kim Taehyung tinha o queixo apoiado na mão direita, um bico enorme no lábio inferior rachado e com marcas dos maus tratos de seus próprios dentes. Ansiava demais por fazer qualquer coisa que lhe desse um pouco de emoção, ele não aguentava mais ficar parado. Taehyung não era o tipo de pessoa que conseguia se conter naquele tipo de situação — nem em qualquer outro tipo —; não, ele precisava se movimentar naquele instante, e mais do que nunca.

Sua cabeça não permitia o tédio ou o ócio e ele não sabia com toda certeza se seus namorados chegariam a entender suas urgentes necessidades de agitação e movimento, ou ao menos de algo que distraísse com sucesso sua cabecinha, já que seu celular carregava no painel. Tinha pensamentos teoricamente positivos sobre a compreensão alheia a julgar pelo tempo que Hoseok e Yoongi o conheciam; no entanto, quando se preparava para perguntar algo, viu uma movimentação incomum no colo do mais velho. E sorriu largo ao perceber do que se tratava.

As janelas estavam fechadas, apesar do calor dentro do utilitário e do frescor que o cair da noite poderia lhes oferecer — nenhum dos três estava disposto a se intoxicar com a fumaça. Fora da Del Rey, aquele trecho da rodovia mal possuía postes ou holofotes e sendo assim, a maior parte da iluminação vinha dos outros carros, tanto à frente quanto atrás deles, mas também das luzes dos automóveis do serviço público e, claro, das chamas do incêndio que estes estavam ali para conter. E Hoseok devia estar se sentindo tão ou até mais entediado do que o mais novo, pois sua mão, fechada ao redor do membro ereto de Yoongi — Taehyung sequer havia percebido quando é que eles haviam começado aquilo, mas sim, já estava para fora da calça — subia e descia no ritmo lento e provavelmente tortuoso da música que tocava nos alto falantes de Abigail. Algo enfim havia capturado, e com razão, a atenção do ruivo.

Taehyung espiou no rádio, não se lembrava do nome daquela música, porém reconhecia a melodia que já estava na metade. O refrão de All the time era bem propício para o momento, já que em sua concepção — meio torta, e ele admitia mesmo —, todo momento era propício para aquilo.

I could fuck you all the time.

De qualquer maneira, não conseguiu olhar para o rádio por muito tempo, já que o que acontecia à esquerda era muito mais interessante. Sendo o mais sincero possível, sem rodeios e sem vergonha de admitir: Taehyung gostava bastante do pênis de Yoongi. Gostava da aparência e da textura e do calor e de como era senti-lo onde fosse. Também adorava as mãos de Hoseok, claro; os dedos longos e bonitos e principalmente, a habilidade que possuíam, já que sempre que se dispunha a fazer alguma coisa, Hoseok fazia bem. Óbvio que adorava muito mais coisas e detalhes nos dois, mas se fosse parar para listar, não caberia num livro.

Voyage à trois • {taeyoonseok}Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora