Íntima Obsessão

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Tenho carência no peito de me sentir em sua pele
Você, que não é nem meu amante ou amigo que seja
Nada é meu senão um quadro de íntima obsessão,
Uma criatura qualquer, que anda por onde meus olhos batem
Você, um ser que é humano, cópia de tantos outros
Tenho te ti saudades não ditas
Sonhos esculpidos nas horas últimas de sono
E me pego até mesmo dormindo acordado pensando em ti
E não por amor, que fique claro
Não por paixão ou atração que lhe venero por tanto tempo
Mas sim por medo, e tanto desejo de sentir
Sentir apenas, nada mais que sentir
O calor na pele de um toque que não seja o meu,
Eu, carcaça humana, frágil e débil de querer
Que de tanto se nega ao outro
Por esse medo intricado nos nervos de não ser o que se esperam de mim
E me esfarelo por assim no tempo
Que passa e me deixa velho
Não por idade (ainda sou moço),
Mas por teias que me cobrem de solidão essa alma minha
Desconhecida a todos, por esse exílio em agonia que faço do mundo
E queria eu não sofrer por pensar em ti,
Você mesmo que me lê e está tão próximo de meus anseios,
Queria eu não carecer de seu abraço
... de suas palavras
... de sua presença
... ou mesmo de saber que estar aí
Tão próximo, e ainda assim tão distante
E não me faltam vontades de te ver de perto
De o abraçar e chamar de amigo,
De lhe contar minha história e de chorar em seu ombro
Falta-me um juízo, quem sabe
Talvez me falte coragem, e eu seja assim diferenciado de fábrica
Pois não me faltam receios, desculpas e porém
E fico por aqui calado, invisível em meu canto do mundo
Vivendo a vida, ao mesmo tempo em que a anseio tremendamente
Sozinho, tão amargurado,
Tão assustado de tudo, que até mesmo do espelho corro
E que tormento!, não saber como me socorrer
Deste caminho torturante até o esquecimento

Insônia: O Canto das PoesiasOnde histórias criam vida. Descubra agora