O fim da guerra - parte 1

1.2K 40 73
                                    

Oie oie gente 💖💖💖 Tudo bem com vocês? Se a resposta for sim pega aqui essa cerveja amanteigada 🍺, se a resposta for não pega essa cerveja amanteigada 🍺 na mesma e se precisar de desabafar é só me mandar mensagem.
(Em relação ao vídeo da mídia, eu sei que não é dia 31/07 mas como é dia 31 e eu gosto muito desta música decidi colocar.)
Hoje eu vim trazer uma nova fanfic, desta vez escrita por mim e por uma amiga minha que foi quem teve a ideia para esta fanfic por isso parte dos créditos são dela.
As personagens e as partes a negrito pertencem à saga Harry Potter da nossa querida rainha J.K. Rowling portanto os créditos são todos dela.
O capítulo "O fim da Guerra" vai ser composto por 3 partes.
Espero que gostem.

~~~~~~~~~~~~~⚡⚡~~~~~~~~~~~~

- NÃO!
O grito foi ainda mais terrível porque jamais esperara ou sonhara que a professora
McGonagall pudesse emitir tal som. Ouviu uma risada de mulher ali perto, e percebeu que Belatriz exultava com o desespero de McGonagall. Ele tornou a espreitar por um segundo, e viu a entrada começar a se encher de gente, à medida que os sobreviventes da batalha saíam aos degraus, para encarar os seus vencedores, e constatar, com os próprios olhos, a realidade da morte de Harry. Viu Voldemort parado um pouco à frente dele, acariciando a cabeça de Nagini com um dedo branco. Ele fechou os olhos outra vez.
- Não!
- Não!
- Harry! HARRY!
As vozes de Rony, Hermione e Gina foram piores que as de McGonagall; tudo que Harry
queria era gritar em resposta, manteve-se, porém, deitado e calado, e os gritos dos amigos
tiveram o efeito de um gatilho, a multidão de sobreviventes se uniu a eles, gritando e berrando insultos para os Comensais da Morte até...
- SILÊNCIO! - exclamou Voldemort. Em seguida, um estampido, um forte clarão, e o silêncio se impôs a todos. - Acabou! Ponha-o no chão, Hagrid, aos meus pés, que é o lugar dele! Harry sentiu que Hagrid o pousava na grama.
- Estão vendo? - disse Voldemort, e Harry sentiu-o andando de um lado para outro, paralelamente ao lugar em que ele jazia. - Harry Potter está morto! Entenderam agora, seus iludidos? Ele não era nada, jamais foi, era apenas um garoto, confiante de que os outros se sacrificariam por ele!
- Ele o derrotou! - berrou Rony, e o feitiço se rompeu, e os defensores de Hogwarts
voltaram a gritar e a insultar até que um segundo estampido mais forte tornou a extinguir mais uma vez suas vozes.
- Ele foi morto tentando sair escondido dos terrenos do castelo - disse Voldemort, e, na sua voz, havia prazer com a mentira -, morto tentando se salvar...
Voldemort, no entanto, foi interrompido: Harry ouviu uma movimentação e um grito, em seguida mais um estampido, um clarão e um gemido de dor; ele abriu infinitesimalmente as pálpebras. Alguém se destacara da multidão e investira contra Voldemort: Harry viu o vulto
bater no chão, desarmado, Voldemort atirar a varinha do desafiante para o lado e rir.
- E quem é esse? - perguntou com o seu silvo suave de ofídio. - Quem está se voluntariando para demonstrar o que acontece com os que insistem em lutar quando a batalha está perdida?
Belatriz deu uma gargalhada prazerosa.
- É Neville Longbottom, milorde! O garoto que andou dando tanto trabalho aos Carrow! O filho dos aurores, lembra?
- Ah, sim, lembro - disse Voldemort, baixando os olhos para Neville, que fazia força para se pôr de pé, sem arma nem proteção, parado na terra de ninguém entre os sobreviventes e os Comensais da Morte. - Mas você tem sangue puro, não tem, meu bravo rapaz? - perguntou Voldemort a Neville, que o encarava, as mãos vazias fechadas em punhos.
- E se tiver? - respondeu Neville em voz alta.
- Você demonstra vivacidade e coragem, e descende de linhagem nobre... Você dará um valioso Comensal da Morte. Precisamos de gente como você, Neville Longbottom.
- Me juntarei a você quando o inferno congelar. Armada de Dumbledore! - gritou ele e, da
multidão, ouviram-se vivas em resposta, que os Feitiços Silenciadores de Voldemort
pareceram incapazes de conter.
- Muito bem - disse Voldemort, e Harry detectou um perigo maior na suavidade de sua voz do que no feitiço mais poderoso. - Se essa é a sua escolha, Longbottom, revertemos ao plano original. A culpa será toda sua - disse ele, calmamente. Ainda observando por trás das pestanas, Harry viu Voldemort acenar com a varinha.
Segundos depois, das janelas estilhaçadas do castelo, algo semelhante a um pássaro disforme voou na semiobscuridade e pousou na mão de Voldemort. Ele sacudiu o objeto mofado pelo bico e deixou-o pender vazio e roto: o Chapéu Seletor.
- Não haverá mais Seleção na Escola de Hogwarts - disse Voldemort. - Não haverá mais
Casas. O emblema, escudo e cores do meu nobre antepassado, Salazar Slytherin, será suficiente para todos, não é mesmo, Neville Longbottom?
Ele apontou a varinha para Neville, que ficou rígido e calado, então forçou o chapéu a entrar na cabeça do garoto, fazendo-o escorregar abaixo dos seus olhos. A multidão que assistia à porta do castelo se movimentou e, sincronizados, os Comensais da Morte ergueram as varinhas, acuando os combatentes de Hogwarts.
- Neville agora vai demonstrar o que acontece com quem é suficientemente tolo para
continuar a se opor a mim - anunciou Voldemort e, com um aceno da varinha, fez o Chapéu Seletor pegar fogo. Gritos cortaram o amanhecer, e Neville ardeu em chamas, pregado ao chão, incapaz de se mexer, e Harry não pôde suportar: tinha que agir... Então, muitas coisas aconteceram no mesmo instante.
Ouviu-se um clamor nas distantes divisas da escola, dando a impressão de que centenas de pessoas escalavam os muros fora do campo de visão de todos e corriam em direção ao castelo, proferindo retumbantes brados de guerra. Nessa hora, Grope apareceu contornando a esquina do castelo e berrou "HAGGER!". Seu grito foi respondido por urros dos gigantes de Voldemort: eles avançaram para Grope como elefantes estremecendo a terra. Depois vieram os cascos, a vibração de arcos distendendo e flechas começaram repentinamente a chover entre os Comensais da Morte, que romperam fileiras, gritando, surpresos. Harry tirou a Capa da Invisibilidade de dentro das vestes, cobriu-se e ergueu-se de um salto, ao mesmo tempo que Neville.
Com um único movimento rápido e fluido, Neville se libertou do Feitiço do Corpo Preso que o imobilizava; o chapéu em chamas caiu de sua cabeça e, do fundo dele, o garoto puxou um objeto prateado com um punho cravejado de rubis.
O ruído da espada de prata cortando o ar não pôde ser ouvido acima do vozerio da
multidão que se aproximava, ou o estrépito dos gigantes se enfrentando, ou a cavalgada dos centauros, contudo, pareceu atrair todos os olhares. Com um único golpe, Neville decepou a cabeça de Nagini, que girou no alto, reluzindo à luz que vinha do saguão de entrada, e a boca
de Voldemort se abriu em um berro de fúria, que ninguém pôde ouvir, e o corpo da cobra bateu com um baque surdo aos seus pés...
Oculto pela Capa de Invisibilidade, Harry lançou um Feitiço Escudo entre Neville e Voldemort antes que este pudesse erguer a varinha. Então, sobrepondo-se aos gritos, rugidos e ao pesado sapateio dos gigantes em luta, ouviu-se o berro de Hagrid mais alto que tudo.
- HARRY! - gritou ele. - HARRY... ONDE ESTÁ HARRY?
Reinou o caos. A investida dos centauros dispersava os Comensais da Morte, todos fugiam das pisadas dos gigantes, e, cada vez mais próximos, estrondeavam os reforços que ninguém sabia de onde tinham vindo; Harry viu grandes criaturas aladas, os testrálios e Bicuço, o hipogrifo, rodeando as cabeças dos gigantes de Voldemort, gadunhando seus olhos, enquanto Grope os esmurrava; e agora os bruxos, defensores de Hogwarts, bem como os Comensais de Voldemort, estavam sendo empurrados para dentro do castelo. Harry lançava feitiços contra cada Comensal da Morte à vista, e eles caíam sem saber o que ou quem os atingira, e seus corpos eram pisoteados pela multidão em retirada.
Ainda sob a capa, Harry foi empurrado para dentro do saguão: procurou Voldemort e viu-o do lado oposto, a varinha disparando feitiços para todo lado enquanto recuava para dentro do Salão Principal, ainda berrando ordens para os seus seguidores; Harry lançou mais Feitiços Escudo, e as supostas vítimas de Voldemort, Simas Finnigan e Ana Abbott, passaram por ele correndo e entraram no Salão Principal, onde se uniram à luta que já se desenvolvia ali.
E agora havia mais, muito mais gente irrompendo pela escadaria da entrada, e Harry viu Carlinhos Weasley alcançar Horácio Slughorn, que ainda usava o pijama verde-esmeralda.
Pareciam ter reassumido a liderança dos familiares e amigos de cada estudante de Hogwarts que ficara para lutar, acompanhados dos lojistas e habitantes de Hogsmeade. Os centauros Agouro, Ronan e Magoriano invadiram o saguão em um forte tropel, no momento em que a porta que levava à cozinha era arrancada das dobradiças. Uma enxurrada de elfos domésticos de Hogwarts adentrou o saguão, gritando e brandindo seus trinchantes e cutelos, e à frente deles, com o medalhão de Régulo Black pendurado ao peito, vinha Monstro, sua voz de rã audível, apesar da zoeira:
- À luta! À luta! À luta pelo meu senhor, defensor dos elfos domésticos! À luta contra o
Lorde das Trevas, em nome do corajoso Régulo! À luta!
Eles cortavam e furavam os tornozelos e canelas dos Comensais da Morte, seus pequenos rostos brilhando de malícia, e, por onde quer que Harry olhasse, os Comensais estavam se dobrando à superioridade dos números, vencidos pelos feitiços, arrancando flechas dos
ferimentos, esfaqueados na perna pelos elfos, ou, simplesmente, tentando fugir, mas engolidos pela horda invasora.
A batalha, contudo, ainda não terminara: Harry disparou entre os duelistas, passou por
prisioneiros que se debatiam e entrou no Salão Principal.
Voldemort estava no centro da luta e atacava e fulminava tudo ao seu alcance. Harry não
conseguiu um ângulo desimpedido para mirar, então lutou para se aproximar, ainda invisível, e o Salão Principal foi lotando sempre mais, pois todos que podiam andar entravam à força. Harry viu Yaxley ser nocauteado por Jorge e Lino Jordan, viu Dolohov cair com um grito às mãos de Flitwick, viu Walden Macnair ser atirado do outro lado do salão por Hagrid, bater na parede de pedra e escorregar, inconsciente, para o chão. Viu Rony e Neville abaterem Lobo Greyback, Aberforth estuporar Rookwood, Arthur e Percy derrubarem Thicknesse e Lúcio e Narcisa Malfoy correndo entre a multidão, sem sequer tentar lutar, chamando, aos berros, pelo filho. Voldemort agora duelava com McGonagall, Slughorn e Kingsley ao mesmo tempo, e seu rosto transparecia um ódio frio ao vê-los trançar e se proteger ao seu redor, incapazes de acabar com ele...
Belatriz também continuava a lutar, a uns cinquenta metros de Voldemort e, como seu
senhor, ela duelava com três de uma vez: Hermione, Gina e Luna, todas empenhadas ao
máximo, mas Belatriz valia por todas juntas, e a atenção de Harry foi desviada quando uma Maldição da Morte passou tão perto de Gina que por menos de três centímetros não a matou... Ele mudou de rumo, avançando para Belatriz em lugar de Voldemort, mas dera apenas alguns passos quando foi empurrado para o lado.
- A MINHA FILHA NÃO, SUA VACA!
A sra. Weasley atirou sua capa para longe enquanto corria, deixando os braços livres.
Belatriz girou nos calcanhares, às gargalhadas, ao ver quem era sua nova desafiante.
- SAIAM DO MEU CAMINHO! - gritou a sra. Weasley às três garotas, e, fazendo um gesto
largo com a varinha, começou a duelar. Harry observou com terror e animação a varinha de Molly Weasley golpear e girar, e o sorriso de Belatriz Lestrange vacilar e se transformar em um esgar. Jorros de luz voavam de ambas as varinhas, o chão em torno dos pés das bruxas esquentou e fendeu; as duas mulheres travavam uma luta mortal.
- Não! - gritou a sra. Weasley quando alguns estudantes correram, em seu auxílio. - Para trás! Para trás! Ela é minha!
Centenas de pessoas agora se encostaram às paredes observando as duas lutas, Voldemort e seus três oponentes, e Belatriz e Molly, e Harry parado, invisível, dilacerado entre as duas,
querendo atacar e ao mesmo tempo proteger, incapaz de garantir que não iria atingir um inocente.
- Que vai acontecer com seus filhos depois que eu matar você? - provocou Belatriz, tão
desvairada como o seu senhor, saltando para evitar os feitiços de Molly que dançavam ao seu
redor. - Quando a mamãe for pelo mesmo caminho que o Fredinho?
- Você... nunca... mais... tocará... em... meus... filhos! - gritou a sra. Weasley.
Belatriz deu uma gargalhada, a mesma gargalhada exultante que seu primo Sirius dera ao
tombar para trás e atravessar o véu, e de repente Harry previu o que ia acontecer.
O feitiço de Molly voou por baixo do braço esticado de Belatriz e atingiu-a no peito,
diretamente sobre o coração.
A risada triunfante de Belatriz congelou, seus olhos pareceram saltar das órbitas: por uma mínima fração de tempo, ela percebeu o que ocorrera e, então, desmontou, e a multidão que assistia bradou, e Voldemort deu um grito.
Harry sentiu como se estivesse virando em câmara lenta; viu McGonagall, Kingsley e
Slughorn serem arremessados para trás, debatendo-se e contorcendo-se no ar, quando a fúria de Voldemort, face à queda de sua última e melhor tenente, explodiu com a força de uma bomba. Voldemort ergueu a varinha e apontou-a para Molly Weasley.
- Protego! - berrou Harry, e o Feitiço Escudo expandiu-se no meio do Salão Principal, e
Voldemort olhou admirado ao redor, procurando de onde viera, ao mesmo tempo que Harry despia, finalmente, a Capa da Invisibilidade.
O berro de choque, os vivas, os gritos de todos os lados de "HARRY!", "ELE ESTÁ VIVO!" foram imediatamente sufocados. A multidão se amedrontou, e o silêncio caiu brusca e completamente quando Voldemort e Harry se encararam e começaram no mesmo instante a se rodear.
- Não quero que mais ninguém tente ajudar - disse Harry em voz alta e, no silêncio total,
sua voz ecoou como o toque de uma trompa. - Tem que ser assim. Tem que ser eu.
Voldemort sibilou.
- Potter não está falando sério - disse ele, arregalando os olhos vermelhos. - Não é assim que ele age, é? Quem você vai usar como escudo hoje, Potter?
- Ninguém - respondeu Harry, com simplicidade. - Não há mais Horcruxes. Só você e eu.
Nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver, e um de nós está prestes a partir para sempre...
- Um de nós? - caçoou Voldemort, e todo o seu corpo estava tenso e seus olhos vermelhos atentos, uma cobra armando o bote. - Você acha que vai ser você, não é, o garoto que sobreviveu por acaso e porque Dumbledore estava puxando os cordões?
- Acaso, foi? Quando minha mãe morreu para me salvar? - desafiou Harry.
Eles continuaram a se movimentar de lado, os dois, em um círculo perfeito, mantendo a mesma distância entre si, e para Harry só existia um rosto, o de Voldemort.
- Acaso, quando decidi
lutar naquele cemitério? Acaso, quando não me defendi hoje à noite e, ainda assim, sobrevivi e retornei para lutar?
- Acasos! - berrou Voldemort, mas ainda assim não atacou, e os circunstantes permaneceram imóveis como se estivessem petrificados, e, das centenas de pessoas no salão, ninguém parecia respirar, exceto os dois. - Acaso e sorte e o fato de você ter se escondido e choramingado atrás das saias de homens e mulheres superiores a você, e me permitido matá-los em seu lugar!
- Você não matará mais ninguém hoje à noite - disse Harry, enquanto se rodeavam e se encaravam nos olhos, verdes e vermelhos. - Você não será capaz de matar nenhum deles,
nunca mais. Você não está entendendo? Eu estive disposto a morrer para impedir que você ferisse essas pessoas...
- Mas você não morreu!
- ... mas tive intenção, e foi isso que fez a diferença. Fiz o que minha mãe fez. Protegi-os de
você. Você não reparou que nenhum dos feitiços que lançou neles são duradouros? Você não pode torturá-los. Você não pode atingi-los. Você não aprende com os seus erros, Riddle, não é?
- Você se atreve...
- Me atrevo, sim. Sei coisas que você ignora, Tom Riddle. Sei muitas coisas importantes
que você ignora. Quer ouvir algumas, antes de cometer outro grande erro?
Voldemort não respondeu, continuou a rondá-lo em círculo, e Harry percebeu que o mantivera temporariamente hipnotizado e acuado, detido pela tênue possibilidade de que Harry pudesse, de fato, conhecer o segredo final...
- É o amor de novo? - disse Voldemort, a zombaria em seu rosto ofídico. - A solução
favorita de Dumbledore, amor, que ele alegava conquistar a morte, embora o amor não o
tivesse impedido de cair da Torre e se quebrar como uma velha estátua de cera? Amor, que não me impediu de matar sua mãe sangue-ruim como uma barata, Potter; e ninguém parece amá-lo o suficiente para se apresentar desta vez e receber a minha maldição. Então, o que vai impedir que você morra agora quando eu atacar?
- Só uma coisa - respondeu Harry, e eles continuavam a se rodear, absortos um no outro,
separados apenas por aquele último segredo.
- Se não for o amor que irá salvá-lo desta vez - retrucou Voldemort -, você deve acreditar que é dotado de uma magia que não tenho, ou, então, de uma arma mais poderosa do que a minha?
- Creio que as duas coisas - replicou Harry, e observou o choque perpassar aquele rosto de cobra e instantaneamente se dispersar; Voldemort começou a rir, e o som era mais apavorante do que os seus gritos; desprovido de humor e sanidade, o riso ecoou pelo salão silencioso.
- Você acha que conhece mais magia do que eu? Do que eu, do que Lorde Voldemort, capaz
de magia com que o próprio Dumbledore jamais sonhou?
- Ah, ele sonhou, sim, mas sabia mais do que você, sabia o suficiente para não fazer o que você fez.
- Você quer dizer que ele era fraco! - berrou Voldemort. - Fraco demais para ousar, fraco demais para se apoderar do que poderia ser dele, do que será meu!
- Não, ele era mais inteligente do que você, um bruxo melhor e um homem melhor.
- Eu causei a morte de Alvo Dumbledore!
- Você pensa que causou, mas se enganou.
Pela primeira vez a multidão que assistia se moveu quando as centenas de pessoas em torno das paredes unanimemente prenderam o fôlego.
- Dumbledore está morto! - Voldemort atirou as palavras para Harry como se pudessem
lhe causar uma dor insuportável. - O corpo dele está apodrecendo no túmulo de mármore nos jardins deste castelo, eu o vi, Potter, e ele não irá retornar!
- Dumbledore está morto, sim - respondeu Harry, calmamente -, mas não foi você que mandou matá-lo. Ele escolheu como queria morrer, escolheu meses antes de morrer, combinou tudo com o homem que você julgou que era seu servo.
- Que sonho infantil é esse?! - exclamou Voldemort, mas, ainda assim, ele não atacou, e
seus olhos vermelhos não se afastaram dos de Harry.
- Severo Snape não era homem seu. Snape era de Dumbledore, desde o momento em que
você começou a caçar minha mãe. E você nunca percebeu, por causa daquilo que não pode compreender. Você nunca viu Snape conjurar um Patrono, viu, Riddle?
Voldemort não respondeu. Eles continuaram a se rodear como dois lobos prestes a se
estraçalhar.
- O Patrono de Snape era uma corça - disse Harry -, o mesmo que o de minha mãe, porque
ele a amou quase a vida toda, desde que eram crianças. Você devia ter percebido - disse
Harry quando viu as narinas de Voldemort incharem -, ele lhe pediu para poupar a vida dela, não foi?
- Ele a desejava, nada mais - desdenhou Voldemort -, mas, quando ela se foi, ele
concordou que havia outras mulheres, de sangue mais puro, mais dignas dele...
- Naturalmente foi o que Snape lhe disse, mas ele se tornou espião de Dumbledore a partir do momento em que você a ameaçou, e dali em diante trabalhou contra você! Dumbledore já estava morrendo quando Snape o matou!
- Não faz diferença! - guinchou Voldemort, que acompanhara cada palavra com extasiada
atenção, mas, em seguida, soltou uma gargalhada demente. - Não faz diferença se Snape era meu seguidor ou de Dumbledore, ou que mesquinhos obstáculos ele tentou colocar em meu caminho! Eu os esmaguei como esmaguei sua mãe, o pretenso grande amor de Snape! Ah, mas
tudo isso faz sentido, Potter, e de modos que você não compreende! Dumbledore tentou me impedir de possuir a Varinha das Varinhas! Queria que Snape fosse o verdadeiro senhor da varinha! Mas passei à sua frente, garotinho: cheguei à varinha antes que você pudesse pôr as mãos nela, compreendi a verdade antes que você a percebesse. Matei Severo Snape há três horas, e a Varinha das Varinhas, a Varinha da Morte, a Varinha do Destino é realmente minha! O último plano de Dumbledore falhou, Harry Potter!
- É, falhou. Você tem razão. Mas, antes de você tentar me matar, eu o aconselharia a pensar no que fez... pensar, e tentar sentir algum remorso, Riddle...
- Que é isso?
De tudo que Harry lhe dissera, acima de qualquer revelação ou zombaria, nada chocara tanto Voldemort. Harry viu suas pupilas se contraírem até virarem finos traços, viu a pele em torno dos seus olhos embranquecer.
- É a sua última chance - continuou o garoto -, e é só o que lhe resta... vi em que se
transformará se não aproveitá-la... seja homem... tente sentir algum remorso...
- Você ousa...
- Ouso, sim, porque o último plano de Dumbledore não saiu às avessas para mim. Saiu às
avessas para você, Riddle.
A mão de Voldemort estava tremendo em torno da Varinha das Varinhas e Harry apertou a
de Draco com força. O momento, ele sabia, estava apenas a segundos de distância.
- A varinha não está funcionando corretamente para você, porque você matou a pessoa errada. Severo Snape jamais foi o verdadeiro senhor da Varinha das Varinhas. Ele jamais derrotou Dumbledore.
- Ele matou...
- Você não está prestando atenção? Snape nunca derrotou Dumbledore! A morte de
Dumbledore foi planejada pelos dois! Dumbledore pretendia morrer sem ser derrotado, o último e verdadeiro senhor da varinha! Tudo correu conforme ele planejou, o poder da
varinha morreria com ele, porque jamais foi arrebatada de suas mãos!
- Mas, então, Potter, Dumbledore praticamente me entregou a varinha! - A voz de Voldemort tremeu de malicioso prazer. - Roubei a varinha do túmulo do seu último senhor! Retirei-a, contrariando o desejo do seu último senhor! O seu poder é meu!
- Você ainda não entendeu, não é, Riddle! Possuir a varinha não é o suficiente! Empunhá-la, usá-la, não a torna realmente sua. Você não escutou o que Olivaras disse? A varinha escolhe o bruxo... A Varinha das Varinhas reconheceu um novo senhor antes de Dumbledore morrer, alguém que jamais tinha posto a mão nela. O novo senhor tirou a varinha de Dumbledore contra sua vontade, sem perceber exatamente o que tinha feito, ou que a varinha mais perigosa do mundo lhe dedicara a sua fidelidade...
O peito de Voldemort subia e descia rapidamente, e Harry sentiu a maldição a caminho,
sentiu-a crescer no cerne da varinha apontada para o seu rosto.
- O verdadeiro senhor da Varinha das Varinhas era Draco Malfoy.
Absoluto aturdimento surgiu no rosto de Voldemort por um momento, mas logo
desapareceu.
- Que diferença faz? - perguntou, brandamente. - Mesmo que você tenha razão, Potter, não faz a menor diferença para você nem para mim. Você não possui mais a varinha de fênix: duelaremos apenas com a perícia... e depois de tê-lo matado, posso cuidar de Draco Malfoy...
- Mas é tarde demais. Você perdeu sua chance. Cheguei primeiro. Subjuguei Draco faz
semanas. Arrebatei a varinha dele. Harry girou a varinha de pilriteiro e sentiu convergirem sobre ela todos os olhares no salão.
- Então, a questão se resume nisso, não é? - sussurrou Harry. - Será que a varinha em sua mão sabe que o seu último senhor foi desarmado? Porque se sabe... eu sou o verdadeiro senhor da Varinha das Varinhas.
Um brilho ouro-avermelhado irrompeu subitamente no céu encantado e incidiu sobre eles,
quando um retalho ofuscante de sol surgiu no parapeito da janela mais próxima. A luz iluminou o rosto dos dois ao mesmo tempo, de modo que Voldemort se tornou subitamente um borrão chamejante. Harry ouviu o seu grito agudo quando ele próprio berrou sua grande esperança
para o céu, apontando a varinha de Draco:
- Avada Kedavra!
- Expelliarmus!
O estampido foi o de um tiro de canhão e as chamas douradas que jorraram entre as duas,
no centro absoluto do círculo que eles tinham descrito, marcaram o ponto em que os feitiços colidiram. Harry viu o jato verde da maldição de Voldemort ir de encontro ao seu próprio feitiço, viu a Varinha das Varinhas voar para o alto, escura contra o nascente, girar pelo céu encantado como a cabeça de Nagini, girar pelo ar em direção ao senhor que se recusava a matar e que viera, enfim, tomar legitimamente posse dela. E Harry, com a habilidade infalível de um apanhador, agarrou a varinha com a mão livre ao mesmo tempo que Voldemort caía para trás de braços abertos, as pupilas ofídicas dos olhos vermelhos virando para dentro. Tom Riddle bateu no chão com uma finalidade terrena, seu corpo fraco e encolhido, as mãos brancas vazias, o rosto de cobra apático e inconsciente. Voldemort estava morto, atingido pelo ricochete de sua própria maldição, e Harry ficou parado com as duas varinhas na mão, contemplando o invólucro do seu inimigo.
Um segundo arrepiante de silêncio, o choque do momento suspenso no ar: então sobreveio o tumulto em torno de Harry, quando os gritos e vivas e brados dos circunstantes rasgaram o ar.
O intenso nascente ofuscou as janelas, e eles correram com estardalhaço para ele, e os
primeiros a alcançá-lo foram Rony e Hermione, e foram os seus braços que o envolveram,
seus gritos incompreensíveis que o ensurdeceram. Depois Gina, Neville e Luna estavam ali, e todos os Weasley e Hagrid e Kingsley e McGonagall e Flitwick e Sprout, e Harry não conseguia ouvir uma palavra do que cada um deles gritava nem dizer de quem eram as mãos que o agarravam, puxavam, tentavam abraçar alguma parte do seu corpo, centenas de pessoas se empurrando, todas decididas a tocar n'O-Menino-Que-Sobreviveu, a razão de aquilo ter finalmente terminado...

~~~~~~~~~~~~~⚡⚡~~~~~~~~~~~~

Esse foi o capítulo de hoje. Espero que tenham gostado e nos vemos no próximo capítulo.

Até lá, Malfeito Feito ❤️🌸❤️

De volta a Hogwarts (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora