•DEPOIS DE JUNHO• Parte1

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Meus avós maternos se casaram quase que nos quarenta e cinco do segundo tempo. Ele era noivo de uma moça muito gentil, linda e inteligente. Aparentemente a pessoa ideal. Mas aí com tudo comprado pra eles casarem e se mudarem pra sua casa nova. Meu avô refletiu e percebeu que aquela ainda não era "A Pessoa", deixou tudo pra trás e aí conheceu aquela mulher linda de nariz e boca pequenos, testa grande, magra, sobrancelha reta e cabelo liso. Aquela que era destemida na doçura, que estava presente até quando não merecíamos a presença dela, que cuidava, amava intensamente sem olhar os defeitos. Eles namoraram, noivaram e casaram. Tiveram 5 filhos, uma delas minha mãe e aí eu nasci e descobri nessa mulher pela primeira vez o que era amor. Ela foi o primeiro de todos os amores que eu tive na vida e aí quando estávamos no mais alto nível de amor eu a perdi. Nós, a perdemos. Eu não consigo descrever a dor de perder seu primeiro grande amor, sua mãe e melhor amiga tudo de uma vez. Eu basicamente morava com ela, eu cuidei dela na doença, fiz ela rir e eu era só uma garota, eu vi seu sofrer se tornar sorriso nas tardes em que ela me ensinava a costurar e bordar. Ela me ensinou sobre muita coisa, principalmente sobre escancarar todos os meus sentimentos hoje sem ter medo de ser ferida ou não correspondida. Me ensinou a cuidar nível hard de quem eu amo, e que amor não é só sentimento mas escolha e que nem todos que eu iria topar entenderia isso. Me ensinou sobre amor próprio, e que independente de tudo eu sempre teria um lar e aquele abraço caloroso dela. Fez uns 11 a 12 anos que ela foi pra próxima fase. Engraçado que eu nunca sei a data exata nem o mês, só lembro que foi no início do segundo semestre e todos os anos nos mesmos períodos eu lembro dela inconscientemente e aí me dou conta que estou no mês que a perdi. Ainda lembro quando recebi a notícia, meu tio não chegou a me contar, ele só olhou pro meu avô que entendeu tudo e desabou e atrás da porta eu caí sem chão. Minha mãe, meu amor, meus sorrisos de todas as tardes, e as plantinhas que ela me ensinou a plantar? E seu abraço? E o fato de eu nunca ter dito... continua

SingularidadeWhere stories live. Discover now