•MULHER DO NARIZ E BOCA PEQUENOS•

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Ela veio, transformou, transbordou e abalou todas as estruturas que haviam dentro de mim. Preencheu, e me ensinou a preencher-me, me mostrou que sorrir junto é bom mas que sozinha também. Que tem pessoas que não fazem sentido ficar e tudo bem que elas partam. No fim, sempre estivermos sós e o quanto antes aprendemos a lidar com isso melhor. Ela me ensinou sobre jardinagem, culinária, a costurar, bordar, me ensinou de onde vinham minhas raizes e me mostrou o quanto tudo isso junto reforçava a mulher que um dia eu iria me tornar. Ela se comunicava com os animais, meus gatos, meu coelho, meu porco da Índia e minha tartaruga atendiam a ela como nunca atenderam ao meu chamado. Bastava ela falar que todos os meus bichinhos surgiam no quintal. Ela me ajudou a fazer minha cabana debaixo de um pé de uva. Ali, em meio a natureza, no meio do quintal mais verde e vasto que já conheci, era o meu lar. Eu criança, tirava plantas de um lado e plantava no outro (risos) inventava receitas, desenhava e criava. Com os pés na terra, as mãos sujas de barro. Era a minha conexão, era quem eu era e quem eu sou, essa garotinha lateja aqui dentro e faz morada em mim. Ela me fez enxergar melhor tudo. E os meus dias sempre eram mais bonitos quando eu subia escondido em cima da casa pra deitar na caixa d' água e admirar o céu, sem que ninguém visse.
Dedicado a ela, minha ancestral mais próxima, minha força, luz e guia instintivo. O sopro no ouvido, a voz que diz a direção. O abraço quente.

SingularidadeWhere stories live. Discover now