Capítulo 1

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O sinal bateu barulhento, e, sinceramente, como eu odeio esse sinal! Mas pelo menos é o sinal indicando nossa saída.

— Tchau, alunos, até amanhã!

Todos guardaram seus matérias depressa dentro da mochila e saíram em disparada para casa, e não posso dizer que não fiz o mesmo.
Eu subi em minha bicicleta, que ganhei de presente de aniversário à anos atrás da minha mãe, mesmo ela sabendo que eu queria um skate, de qualquer forma, é melhor que ter que sair por aí a pé ou ter que pedir para meu pai me levar em algum lugar sendo que ele nunca vai levar.
Antes de sair pedalando, coloquei meus fones e deixei que tocasse uma música dos Beatles, em especial With A Little Help From My Friends, não posso negar que estou apaixonada por essa música como sou apaixonada por cada integrante dessa banda. Sabe? John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr. Eles são perfeitos. E mesmo que digam que eu sou nova demais para curti esse tipo de músicas dos anos 60, eu não me importo, quem diz isso não deve nem saber quem são os Beatles. Eu até mesmo queria uma máquina do tempo para viajar para ter a chance de um show deles, mas enquanto isso, eu só escuto as histórias da minha vó, dizendo como era cada show que ela pode participar, e que os Beatles eram sem dúvidas jovens muito amados.
Começo a pedalar pelas ruas de Nova York, tentando chegar até a biblioteca. Era para eu seguir à minha casa, mas realmente preciso de um livro novo para ler.
Deixei minha bicicleta caída no chão, já que eu voltaria rápido. Entrei na biblioteca, e fui olhando as estantes dos livros. Estantes tão altas, tantos livros diferentes, alguns pequenos demais, outros grandes demais, tem pessoas felizes lendo, outras apenas aproveitam do silêncio da biblioteca para dormir, e tem alguns jovens como eu que usam desse espaço para fazer seus trabalhos de escolas tão complicados.

— Oh, querida, você aqui de novo.

Me viro para voz, era a Senhora Parker. Apesar de passar dos 80 anos, ela ainda trabalha nessa biblioteca, ela diz que é e sempre será a vida dela recomendar livros para os outros.

— Olá Senhora Parker, como está?

— Bem, minha jovem, e você?

— Muito bem.

— Que tipo de livros procura?

— Eu acho que preciso um pouco da poesia da Cecília Meireles.

— Cecília Meireles?

— Sim.

— Eu já disse que você é jovem demais para gostar tanto de coisas antigas? Não deveria aproveitar o seu século?

— Senhora, por favor, o século 21 é uma merda! Sem ofensas.

Ela sorriu.

— Venha comigo.

Ela me levou para a sessão de poemas e poesias.

— Aqui, uma estante inteira da Cecília Meireles.

— Só da Cecília Meireles?

— Ela merece, foi uma grande poeta!

— É, tem razão.

Ela ajeitou o óculos e então saiu.
Dei uma olhada nos livros, e pensei no que a Senhora Parker me disse, que ela merecia, foi uma grande poeta!
É, ela merecia, assim como eu acho que os Beatles mereciam muito mais do que apenas 10 anos. Eles eram incríveis demais para acabar em 1970.
Puxei um livro para mim, e fui procurar pela Senhora Parker, ela estava no balcão.

— Já achou um livro?

— Sim.

Entreguei o livro.

— Esse é bom, prometo que vai gostar — carimbou algumas páginas — Tem um mês para ler.

— Obrigada.

— Eu que agradeço.

Sai da biblioteca, segurando o livro contra meu peito.
Porém, quando eu estava pronta para ir embora, minha bicicleta não estava mais lá.
Olhei dos lados desesperada, e vi 3 garotos com ela. Eles corriam como nunca e pareciam felizes.

— EI, ESSA É A MINHA BICICLETA!

Eles me encararam, e aumentaram a velocidade para correr.
Segurei o livro forte e comecei a correr atrás deles. Sou muito desajeitada, então esqueci de quantas vezes esbarrei nas pessoas e tive que me desculpar por isso. Apesar disso, eu estou correndo tanto que estou perdendo o ar, mas eu não posso desistir, e a ideia de que não posso desistir me faz correr mais rápido que o normal. Eles entram em um beco sem saída para me distrair, mas eu sou mais esperta. Entro também no beco sem saída.

— Agora sem saída, devolva minha bicicleta.

— Não mesmo, vadia! — o mais alto deles responde.

— Vadia é a sua mãe, filho da puta!

Começo a correr até eles, com menos velocidade, já estava cansada demais.
Porém, como sou azarada, eu nem percebo que tinha uma tampa mal fechada, e quando vejo, estou caindo em um buraco. Só consigo ouvir os garotos rindo e seus passos, estão indo embora. Enquanto isso tudo fica escuro para mim.

Eu não sei quantas horas se passaram, mas eu acordei, está tudo escuro, não vejo absolutamente nada.
Começo a me lembrar do que aconteceu, minha bicicleta, os garotos, os malditos garotos!

— Eu ainda estou no buraco. — sussurrei para mim mesma.
Peguei meu celular no bolso da calça, era dez horas da noite, meus pais devem estar tão preocupados.
Me levanto do chão, acendo a lanterna. Era para eu usar a luz como guia que iria me ajudar a sair dali. Mas em vez disso, com a claridade eu consegui vê tudo que tem dentro desse buraco. E é realmente incrível.

Por favor, salve The Beatles Where stories live. Discover now