>Onze: Abismo

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Como se você estivesse pegando fogo por dentro.
O luar vive no revestimento da sua pele.

- Pablo Neruda.


— O perfume é muito forte… - Tanjirou falou, com seu rosto se contorcendo em repugnância.

— Sim. A aura desta montanha também é realmente desanimadora. - você cantarolou, os olhos examinando cuidadosamente o caminho da floresta à sua frente. A música das cigarras e o farfalhar das folhas ao longo da brisa suave podiam ser ouvidas fracamente se você escutasse atentamente, o ar frio da noite beliscando suas bochechas.

Esta noite é uma lua cheia, você notou, a atenção voltada para o céu acima de você. Embora estivesse escondido atrás das nuvens, o brilho prateado da lua ainda conseguia alcançá-lo.

Você sentiu a ponta dos ouvidos formigar, a cabeça estalando na direção do som de algo arrastando-se pelo chão. Não era algo, no entanto...

Era alguém.

— S-salve-me... por favor...

— Ele está vestindo nosso uniforme! Algo deve ter acontecido com ele! - gritou Tanjirou, correndo em direção ao garoto gravemente ferido que se arrastava desesperadamente em direção a vocês quatro, lágrimas misturadas com o vermelho escorrendo pelas bochechas.

Você viu um vislumbre de algum tipo de coisa flutuando acima do garoto, prestes a dizer a Tanjirou e Inosuke para parar quando...

— Salve-me...! - ele gritou, cravando as unhas no chão antes que a força forte o puxasse de volta para a floresta.

Você ouviu um estalo.

— Vamos! Precisamos salvá-lo! - Tanjirou gritou, determinação evidente em sua voz e feições.

Um suspiro escapou de seus lábios, expressão facial neutra quando você estava na frente do lugar onde o garoto tinha estado anteriormente. Você olhou para as pequenas fendas na terra onde ele cavara as unhas e as trilhas que ele fazia enquanto arrastava seu corpo até a entrada da floresta.

Você mudou sua atenção para o garoto de cabelos cor de vinho.

— Ele está morto, Tanjirou. Não há realmente sentido em salvá-lo. Outros, talvez, mas não ele. Se você viu como ele foi puxado, é seguro dizer que seu pescoço estava torcido e sua coluna havia sido severamente danificada.

— O que? - Tanjirou fez uma careta.

— O que estou dizendo é que tudo o que podemos fazer é rezar para que sua alma descanse em paz. - você respondeu, cruzando os braços sobre o peito.

Você está apenas falando a verdade, não é? A situação era desesperadora. O pobre Matador de Demônios havia sido morto enquanto era puxado para trás - é claro que você poderia recuperar o corpo dele e enterrá-lo, mas para salvar sua vida?

Ele não tinha mais um. O pequeno brilho da vida em seus olhos desapareceu quando ele foi puxado para trás.

(Sem mencionar o pescoço torcido e a coluna danificada. Era surpreendente como ele conseguia rastejar - seus braços também deveriam estar paralisados ​​até certo ponto. Ah bem. Milagres acontecem. Mas não por muito tempo).

— Como você pôde? Como você pôde dizer uma coisa dessas?! Já desistindo de sua vida! (S/N), eu pensei que você era melhor que isso!

Você estreitou seus olhos.

— Eu vi. Ele morreu assim que foi puxado para trás. Pare de pensar que você me conhece, Tanjirou. Pelo perfume ou o que quer que seja, você não conhece todos os meus lados. Tudo o que estou lhe dizendo é verdade, apoiada na lógica.

Reencarnação - Imagine! Kimetsu no Yaiba  Onde histórias criam vida. Descubra agora