10° Novos amigos... ou não

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Respiro fundo mais uma vez tentando entender por qual motivo deixei Arthur me convencer a vir para sua casa, por que deixei que ele chegasse tão perto de mim e por que estou aqui olhando-o dormir quando deveria estar fazendo o mesmo.

Como ele pode ser tão bonito?

Observo seu rosto bem desenhado, a barba por fazer, os lábios rosados, os cabelos com o topete meio desfeito e volto a me perguntar como diabos ele pode ser tão bonito, seu pai é bonito, mas não chega nem aos pés de Arthur.

Droga! O que eu estou falando? O que estou fazendo aqui observando-o dormir?

Não encontro respostas para as minhas perguntas e decido tentar dormir apesar do dia já está dando seus sinais.

— Acorda Marrentinha. — Ouço a voz de Arthur e abro os olhos.

Ele sorri carinhosamente e coloca sobre a cama uma bandeja com torradas, geleia, ovos mexidos e suco de laranja, olho a hora no relógio sobre o criado mudo e dou um pulo ao ver que já passam das dez.

— Merda! — Praguejo fazendo uma careta.

— Ei, calma!

— Eu preciso ir pra casa, a minha mãe deve estar preocupada. — Digo sabendo que Jade não deve nem estar lembrando que eu existo.

— Eu avisei a ela, consegui o número e pedi a Luna pra mandar uma mensagem dizendo que era sua amiga e você ia dormir lá. — Ele sorri com as sobrancelhas erguidas.

— Ela não é minha amiga, aliás, eu não tenho amigos.

— Bom, agora você tem a mim.

Encaro Arthur repetindo a mim mesma que não devo deixa-lo chegar tão perto, no entanto ele se aproxima e segura meu rosto me fazendo encarar seus olhos claros.

— Não precisa ter medo, eu sei que agi como um babaca — ele sorri envergonhado — mas eu juro que aquilo não vai mais acontecer, eu vou ser a sua pessoa.

— Você gosta muito dessa série, não é? — Pergunto sorrindo e ele também sorri.

— Gosto. — Responde ainda sorrindo e me envolve com carinho em seus braços. — Agora vamos tomar café e depois eu vou te deixar em casa.

— Não queria voltar para casa.

Me afasto dele e sento na beira da cama pegando uma torrada e dando uma mordida, Arthur se aproxima e morde a minha torrada me fazendo rir.

— Então vamos comigo para escola. — Sugere se pondo de pé.

— Mas ainda é domingo.

— Eu sempre volto para a escola no domingo, é impossível passar um fim de semana inteiro em casa com o meu pai — seus olhos se tornam tristes — nós sempre discutimos.

— Sinto muito — seguro sua mão e curvo os lábios em um pequeno sorriso.

— Não sinta, não vale a pena — diz e balança a cabeça para os lados sorrindo, mas é um sorriso dolorido.

— Tem uma camisa minha e um short da Luna que ficou aqui há um tempo, estão ali em cima — diz, apontando para a escrivaninha — você pode se vestir, vou deixar você se arrumar.

— Arthur! — Chamo-o quando ele chega na porta — Eu posso ir com você para escola?

— Claro que pode — sorri como se a resposta para minha pergunta fosse obvia — Termina de comer e se arruma, na segunda gaveta tem toalha limpa. Eu te espero lá embaixo.

Levanto e após pegar a toalha no local que ele falou vou tomar um banho, deixo a água cair sobre meu corpo enquanto os pensamentos voltam à noite passada, as lembranças das mãos daquele homem em mim causam arrepios e náuseas, já as de Arthur me trazem uma sensação de proteção e carinho, um carinho que ninguém nunca havia me dado. Saio do banheiro já com as roupas que me entregou e deixo os cabelos soltos, arrumo a cama e desço para encontra-lo.

Ai o Amor Acontece - 1 Livro da Série Aí o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora