25° Ameaças

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Posiciono o celular no suporte e ligo a câmera, arrumo o violão, isso com certeza vai deixar meu pai irritado, mas eu não me importo, não mais. Deslizo os dedos pelas cordas, Besteira esconder sai de maneira natural, olho para a câmera como se estivesse olhando pra Jhoe, como se tivesse a certeza que ela está do outro lado da tela e eu rezo para que esteja.

Eu gosto mesmo é de você
Quem eu quero é você
Faço tudo por você
E o que mais você quer saber

Olho para a tela por longos segundos antes de desligar a câmera, deixo o violão de lado e respiro pesadamente encostando-me no espelho da cama, coloco os olhos no celular ao lado do meu corpo, várias notificações de comentários e compartilhamentos, nenhum deles é de Jhoe e meu coração dói, é agoniante sentir esse desespero, essa necessidade de estar com alguém e saber que você é o culpado de toda essa dor.

Ao fechar os olhos minha mente só consegue ver aquela garota marrenta que tomou conta de tudo dentro de mim. Eu a vejo sorrindo, sentada sobre a grama admirando o céu enquanto eu a admirava, o aperto no meu peito se torna maior quando vejo seus olhos assustados e carregados de dor, não consigo me perdoar, não consigo acreditar que fui tão estúpido a ponto de machucar alguém que só me fez bem.

Revivo cada momento que passei ao seu lado e a impressão que tenho é que uma espada está atravessando meu peito. É uma dor terrível. Não sei por que dói tanto, ela é só uma garota, só uma garota qualquer.

Quem estou tentando enganar?

É claro que a Jhoe não é uma garota qualquer, ela é diferente, especial, é a única garota que faz meu coração disparar, que faz minhas mãos soarem, a única que com um simples beijo fez surgirem borboletas em meu estômago. Eu a quero de volta na minha vida, mas de uma forma diferente, as coisas estão ficando claras para mim e se eu realmente sentir o que acho que sinto não vou desistir daquela garota. Só preciso acalmar meu coração tão confuso com tantos sentimentos desconhecidos. Troco a camisa polo por uma regata e decido estudar um pouco, ou pelo menos tentar pra ver se assim consigo pensar em outra coisa que não seja aquela garota de olhos castanhos.

— Sozinho Arthur?

Ah não.

Respiro fundo antes de levantar o rosto para encarar Antônio, ele tem um sorriso irônico no rosto que me enoja. Olho ao redor notando que apenas nós dois estamos na sala de aula, a grande maioria dos alunos já foram para suas casas aproveitar o fim de semana e como não vou o melhor a se fazer é estudar ou pelo menos tentar.

— Está vendo mais alguém aqui? — Ergo uma sobrancelha.

— Achei que a Jhoe estaria. — Ele caminha sorrateiramente se aproximando de mim.

— A gente não nasceu grudado sabe?

— Sabe o que eu sei? — ele ainda sorri — Eu sei que você a magoou e que ela não quer nem se aproximar...

— Isso não é da sua conta. — Interrompo-o irritado.

— Ela é da minha conta.

Fico de pé num rompante que faz a cadeira ir para trás.

— Não me provoca Antônio — Aconselho.

— Ela não quer mais ver você, não te quer mais por perto, mas sabe quem vai estar? — O filho da puta sorri — Eu.

É demais pra mim, o empurro o fazendo tombar por cima das cadeiras, faço um enorme esforço para não o esbofetear agora mesmo.

— Se você chegar perto dela...

— O que você vai fazer? — ele se endireita, o sorriso em momento nenhum abandona seus lábios —  Contar pro papai? Ou se esconder atrás de um litro de uísque?

— Eu tô te avisando...

— Você não faz ideia do que eu vou fazer com aquele corpo...

Que se foda!

— Filho da puta!

Dum soco no lado esquerdo de seu rosto seguido por outro em sua boca, ele se desequilibra e cai entre as cadeiras que não suportam o impacto de seu corpo, tento lhe chutar, mas alguém me segura.

— Me solta! — Berro.

— O que deu em você, Arthur? — reconheço a voz de Lipe.

— Me solta, Felipe! — Torno a gritar.

Com um safanão consigo me soltar e acertar outro soco em Antônio que não faz nada além de rir, Lipe toma a minha frente dando-me empurrões até ficarmos há certa distância de Antônio.

— Para com isso cara!

— Saia da minha frente! — Tento dar um passo a frente, mas ele não deixa.

— Nada disso, você quer ser expulso? — Pergunta alto tentando me fazer parar.

— Não se preocupe Felipe, ele não corre esse risco. — Antônio diz limpando o sangue que escorre da sua boca.

— Desgraçado!

— Ninguém vai saber o que aconteceu aqui Arthur, eu quero que você continue na escola. — Diz calmamente.

— Vai se foder!

— Eu quero que você veja quando ela for minha. — Revela sorrindo.

— Filho da puta! Desgraçado! — Me esforço para chegar até ele, mas Lipe não deixa e no momento o odeio por isso — Eu vou acabar com você! — Grito.

— Estou esperando.

O filho da mãe passa um lenço branco no rosto e sai sem tirar o sorriso nojento dos lábios, Lipe se afasta ao vê-lo sair, mas não tanto provavelmente temendo que eu vá atrás dele. Ando de um lado para o outro tentando me acalmar e não ceder ao desejo de ir atrás daquele desgraçado e socá-lo até que já esteja morto.

— Filho da puta!

Chuto uma cadeira e mordo o lábio inferior com força.

— De quem ele estava falando? — Felipe pergunta, uma linha se formou entre suas sobrancelhas.

— De quem você acha que ele estava falando? Da Jhoe, Óbvio. — Meus olhos queimam de ódio.

— Você fez aquilo com ele por causa dela?

— Não fale como se ela fosse uma qualquer! — aponto o dedo para ele — É a Jhoe, Felipe! Eu faria qualquer coisa por ela.

Não me surpreendo com minhas próprias palavras por que é exatamente isso, eu faço qualquer coisa pela Jhoe, para protegê-la, para fazê-la sorrir e se para isso eu tiver que permanecer afastado dela permanecerei, por mais difícil que seja, mas não deixarei de forma alguma que aquele desgraçado se aproxime.

— Eu não quis dizer que ela é uma qualquer, eu só... — ele respira fundo — Você vai contar a ela?

— Não por que ela não acreditaria — constato — eu vou mantê-lo longe e provar para ela e para todos que ele não presta.

Ai o Amor Acontece - 1 Livro da Série Aí o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora