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   — não acredito que se conhecem!

   Taehyung bateu os pés, limpando-os, e fechou a porta. Pendurou o casaco na entrada e caminhou para a cozinha. Eu o segui, abri o armário e peguei minha caixa de cereais. Taehyung preparava chá verde, se apoiou na pia e me olhou, com um grande sorriso.

   — isso não é ótimo? meu melhor amigo e meu namorado se conhecem e são amigos, o que mais eu poderia desejar?

   Talvez que seu "melhor amigo" tivesse sentimentos mútuos, em relação ao seus.

   — É, ótimo. Vou subir.

   Saí da cozinha. Meu coração batia forte, e parecia carregar dezenas de toneladas. Subia as escadas, senti mãos finas agarrarem meu pulso direito. O tempo aparentou ter pausado. Durante alguns minutos, Taehyung me segurou, sem dizer nada. Eu olhava para os degraus em minha frente, proibindo-me de olhar para ele. Se olhasse, talvez não poderia me impedir de cometer atos que não poderiam, de maneira alguma, ser executados.

   — o que é que há? eu estou aqui, me diga.
   Finalmente, ele disse.

   Puxei meu braço. Algumas lágrimas caíram nos degraus. — estou indo pro meu quarto.

   Continuei andando, sem esperar uma resposta. Escutei-o sussurrar o meu nome. Cerrei os punhos. Você é um idiota, Jungkook. Bati a porta e a tranquei. Joguei-me na cama, afundei meu rosto no travesseiro e deixei as lágrimas escorrerem livremente. Talvez Taehyung percebeu que havia algo de errado, mas ele tentar me ajudar não é o certo. O certo é, ele e Yugyeom juntos.
Após o ensino médio, Taehyung e eu nos conhecemos. Viemos para a mesma universidade, mas cursos diferentes. Decidimos alugar uma casa para nós e mais dois amigos que, raramente, aparecem em casa, justamente por ainda estarem na casa dos pais; então, na maioria das vezes, passamos nosso tempo somente ele e eu. Algo que deveria ser ótimo para mim, mas que agora tornou-se um dos meus maiores pesadelos.

   Acabei adormecendo. Acordei com o motor de um carro zumbindo na calçada. As estrelas e a luz da lua clareavam a vizinhança, mas pude notar que era madrugada. Olhei no relógio, passava das duas. Observei pela janela o carro de Yugyeom estacionado em frente à garagem. Taehyung e Yugyeom estavam frente a frente, abraçados. Taehyung usava o cardigan preto que lhe dei de aniversário no ano anterior, do qual dizia ser seu preferido. Por um momento, me peguei sorrindo, não pela interação do casal lá embaixo, mas pelo meu egoísmo de permitir-me sentir o gosto da felicidade de me iludir pensando tê-lo feito feliz e ser o suficiente.
   Quem sabe eu deva desistir, foi o que pensei quando vi Taehyung o beijando. Sorri, um sorriso de tristeza, se é que me entende. Talvez não entenda, ou talvez possa me entender. O amor é complicado, e eu queria que não estivesse incluído nesse mundo por enquanto.

   Voltei para a cama e fechei os meus olhos.
   Será uma noite longa.

• sσмєσทє's sσмєσทє| ταєкσσк •Onde as histórias ganham vida. Descobre agora