i. beginning.

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TIFFANY

Era o início do verão de 2002. Meu pai havia me inscrito no projeto de acampamento de férias para jovens cristãos. Eu não queria ir, pois no auge de meus 13 anos, era muito melhor estar em casa na frente de meu computador, conversando por e-mail com meus amigos de São Francisco. Desde que nos mudamos para a Coreia, era o único jeito de manter contato com eles e, ainda assim, nosso tempo era controlado pelo meu pai, que mais queria que eu saísse e conhecesse gente nova, do que ficasse presa em meu quarto o dia todo, sofrendo pelo que já passou.

O que ele queria, afinal? Que eu esquecesse tão fácil assim de Sooyoung e Yoona? De forma alguma! Nós havíamos feito o pacto de melhores amigas, e nada superaria o cuspe triplo na palma direita! Seríamos amigas para sempre e fim de papo.

Então, o senhor Hwang teve a brilhante ideia de me mandar para o acampamento, achou que seria bom fazer novos amigos por lá, já que estaria completamente longe de tecnologias e, principalmente, do meu quarto. Grande idéia! — Eu estava revirando os olhos naquele momento.

O caminho até a igreja foi longo e chato. As músicas que tocavam na estação de rádio que meu pai escolheu eram tediosas e velhas, eu nem sabia quem era aquela galera toda cantando junto. Meu pai nem mesmo conhecia a Madonna, que horror! Mas eu não falei nada, afinal, pior do que estava, não ficaria.

Ao chegarmos lá, havia uma quantidade considerável de crianças e adultos, todos se despedindo de formas emocionadas como se nunca mais fossem se ver na vida, o que era uma completa bobagem. Eu não choraria quando fosse dar tchau para o meu pai! Sem sombra de dúvidas, não passaria por essa vergonha.

Cinco minutos depois e eu estava aos prantos. Segurava a perna esquerda do meu pai enquanto uma das irmãs tentava me puxar para solta-lo. E ele mesmo tentava se afastar de mim, enquanto ria sem graça para o espetáculo que eu estava fazendo no chão, na frente da igreja.

— Eu não quero ir, papai! Não me deixa ir! - Meu choro estava tão alto e dramático que eles poderiam pensar que eu estava sendo maltratada ou qualquer coisa do tipo, mas eu gosto de pensar que nenhum esforço é desnecessário quando se quer algo. E o que eu mais queria naquele momento era voltar para casa. — Eu não queroooooo!!!

E quando finalmente conseguiram fazer com que eu me soltasse do meu pai, ele correu para dentro do carro. Eu fui levada muito gentilmente até o ônibus, afinal, não adiantaria nada fugir. Eu correria para onde? Para o meio do mato? Aquela floresta atrás da igreja não parecia nada agradável para mim, diga-se de passagem.

Fiz questão de sentar na janela, tive que empurrar alguns moleques tontos que estavam na minha frente para que pudesse sentar sem que alguém roubasse meu lugar. E ainda coloquei minha mochila na frente, só para evitar o acaso. Mas é claro que eu teria que tirá-la dali qualquer momento.

E o momento chegou mais rápido do que eu esperava. Caminhando pelos corredores, uma garota significativamente mais baixa do que eu caminhava tímida por entre a baderna que aquele ônibus se encontrava. Parecia até mesmo cena de filme, quando a garota bonita chega no local e todos param para olha-la, até o vento leva seus cabelos de uma forma graciosa e brilhos saem de lugares inusitados para enfeitar a cena. Eu me sentia dentro de um filme naquele exato momento.

— Feche a boca para não babar, Hwang. - Hyoyeon, a coroinha da igreja e garota mais "peste" que já conheci, falou. Ela estava sentada no banco ao lado do meu, e tirou uma foto da minha cara de bocó logo que eu me virei para ela assustada. Ela ria de mim como se eu fosse uma grande piada, e talvez fosse, mas ela não tinha o direito!

— O que você- Ah, sua malcriada! Se eu te pego sozinha, eu-

— Com licença? - Uma voz doce e nova soou. Eu parei rapidamente a minha ameaça de "não-vida" à Hyoyeon somente para olhar para a dona da voz, e quase travei no lugar. Era ela! A garota estranha e incrivelmente bonita do vento com brilho do meio do corredor. — Este lugar está ocupado?

Our Summer Love. Where stories live. Discover now