Osaka

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            Sakura deixou que seus olhos lentamente se fechassem quando a carruagem por fim parara em um vilarejo desconhecido. Estavam a apenas um dia de distância para chegar em Osaka, mas acharam preferível descansarem durante a noite em uma estalagem na vila mais próxima. A porta da carruagem fora aberta e ela pode ver Sasuke do lado externo. Ele a encarou por poucos segundos antes de estender a mão em sua direção. Sem relutância, ela aceitara, descendo da carruagem em seguida. Provavelmente seria este o único contato que teriam, mas ela trataria de gravar em sua memória cada sensação que viesse a percorrer seu corpo com apenas esse toque. O choque fora mais que o esperado fazendo com que ambos se encarassem tendo certeza do que havia acontecido dentro de seus corpos.

Era uma sensação calorosa e eletrizante que fizera questão de percorrer cada célula de seus corpos. Os olhos fixos um no outro e sem nenhuma perspectiva de que aquela ação chegasse ao fim. Era como se apenas desejassem que o tempo cessasse e que seus olhos nunca deixassem de se encontrar. Queriam, de certo modo, que tal sensação permanecesse por tempo indeterminado queimando suas peles.

Mas para Sasuke não poderia ser assim, ele sabia perfeitamente. O melhor e o mais certo a ser feito no momento era manter-se afastado de Sakura, mesmo que seu corpo negasse tal ação. Não que fosse isso que ele realmente queria, mas deveria ser feito por saber o quão errado isso poderia ser ao seu daimyo. Haruno Kizashi poderia facilmente interpretar aquele ato como um desrespeito a sua família e a sua casta. Tal ofensa que poderia implicar na perda de sua honra e condenação ao seppuku. Sua mão então, separou-se da dela mesmo contra sua vontade.

― Melhor seria entrar, Miladie. ― resmungou o Uchiha deixando que seus olhos seguissem rumo às próprias vestes. Não usava o yoroi vermelho por ordens de seu daimyo. Mesmo que o significado para tal ordem ainda permanecesse inexplicável, acatar as decisões do Haruno ainda era seu dever. Apenas um yukata masculino de cor preta cobria seu corpo. A brilhante e afiada katana estava presa a sua cintura, como sempre. Sasuke sentia falta do kabuto naquele momento. Talvez o grande elmo, que cobria quase que todo seu rosto, fizesse com que a mulher a sua frente não o visse tão desconfortável e envergonhado como estava no momento. ― Eu irei conversar com a dona da estalagem.

Sakura nada dissera, apenas seguiu a singela opinião do Uchiha. O moreno vislumbrou a mulher caminhar até um simples banco feito de bambu, amarrado elegantemente com cordas, e sentar-se para aguardar. Encarou a pequena mesa a sua frente. Uma mulher idosa parecia mais interessa na pequena bolsa de moedas que remexia em suas mãos do que em atender os viajantes que por ali passavam. Aproximou-se da idosa e após um resmungo, que inicialmente assustara a mulher, pediu por um quarto e que esta preparasse um banho para a Haruno.

A mulher confirmou educadamente enquanto recebia duas moedas de ouro, colocando-as dentro da pequena bolsa vermelha. Deixou o lugar sorrindo antes de seguir rumo à Haruno e chama-la para que entrasse por uma porta no final do corredor, parcialmente iluminado por lamparinas. Sasuke acompanhou as duas até a porta e lá ficara sentado em uma pequena cadeira. Ouviu alguns resmungos vindos do quarto e logo depois, a mulher idosa deixara os aposentos.

Sabia perfeitamente que não estava sozinho naquele corredor após a velha senhora sumir de suas vistas. Sakura o encarava ao lado da porta. Seus cabelos estavam soltos, descendo por suas costas como cascatas. O yukata rosado com estampas das flores que lhe davam o próprio nome descia reto por seu corpo escondendo, como um vilão, as curvas que haviam por debaixo daqueles panos. Um sorriso tímido escapou pelos lábios rosados de Sakura quando finalmente notara a fina vistoria que Sasuke fazia sobre si.

― Perdera alguma coisa, Uchiha-san? ― a voz de Sakura invadira os ouvidos do moreno que, rapidamente, virou o rosto e encarou a parede a sua frente. Havia cometido o mesmo erro outra vez, sabia perfeitamente. ― Desculpe-me por perguntar, mas... Está tudo bem para você me acompanhar a Osaka?

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