Atordoada

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Meus olhos estavam pesados, sentia como se tivesse dormido por muitos dias.

Ainda não tinha certeza do que era real e do que tinha sido um sonho. As imagens estavam nubladas. Fotos das modelos mortas e o rosto do James surgiam de forma desconexa. A voz do agente Drake dizendo que o James era o assassino fica se repetindo.

Esfreguei meus olhos, mas desabei no travesseiro novamente. Minha cama estava tão gostosa que meu corpo não queria me obedecer, mas eu não desisti, me forcei a abrir os olhos e quando olhei para a janela, vi as grades da prisão e senti o frio de uma cama de concreto. Pisquei pelo menos mais umas dez vezes e sentei na cama.

   _ Devo estar ficando louca! _ falei olhando ao meu redor.

   Aquele era o meu quarto. Minhas coisas estavam todas nos mesmos lugares.

   _ Foi só um pesadelo! _ falei ainda me sentindo confusa.

   Meu corpo ainda continuava estranhamente pesado, mas eu precisava ver as meninas e falar com elas sobre essas maluquices que estavam me deixando atordoada.

Carol riria de tudo aquilo e Fabricia iria me ignorar,  mas com o desaparecimento da Fran eu não poderia esperar outra coisa.

Me sentei na cama, mas antes que chegasse a porta algo me impediu. Tentei outra vez e não consegui. Ao olhar para os meus pés,  vi correntes presas ao meu tornozelo.

_ O que é isso? O que está acontecendo? _ perguntei apalpando meu tornozelo e as correntes. _ Ainda estou sonhando, ainda estou sonhando.

   As correntes iam até a cama, mas não fazia o menor sentido. Caminhei até a janela, e ao abrir as cortinas dei de cara com o concreto. Como isso era possível? Aquele era o meu quarto. O que estava acontecendo?

   Me sentei no chão e as lágrimas começaram a vir de forma torrencial. E enquanto minha visão ainda estava embaçada eu me lembrei de tudo.

O agente Drake dizendo que o James era o assassino, minha fuga até a casa dele para saber a verdade. A garota de cabelos cacheados o defendendo. A agente Maciel me prendendo. O interrogatório naquela sala fria em que todos já tinham certeza da minha culpa.

Aquelas lembranças batiam contra minha mente com a força de um tapa.

Fechei meus olhos para me forçar a lembrar de como tinha ido parar naquele quarto. Era idêntico ao meu, mas nada daquilo fazia sentido e eu não conseguia entender.

Onde eu estava?

Me belisquei várias vezes, mas se aquele era um sonho por que eu não conseguia acordar? Por que?

Minha boca estava seca e meu coração acelerado. Então fechei os olhos e tentei me forçar a lembrar até que um ruído que parecia vir de uma das paredes me atraiu. Apaupei a parede ate que encontrei um pequeno buraco. Me deitei no chão e vi a Fran amordaçada e presa a uma cadeira de madeira. Ela tentava gritar, mas o máximo que conseguia era empurrar a cadeira contra a parede.

_ Fran? Eu estou aqui! _ gritei para ela que ficou procurando de onde vinha a minha voz. _ Fran?

Ouvi o trinco da minha porta se mexer e meu coração se petrificou de medo.

A cada volta da chave meu corpo correspondia com tremores e o medo me fez ficar encolhida contra a parede.

Eu só não queria morrer daquele jeito... 

O Colecionador de BorboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora