One

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Eu cresci em meio ao caos... talvez seja por isso que eu sinto uma atração tão forte pelo perigo. Porém, me arriscar não era algo que eu fazia com frequência.

Minha família era totalmente um terror, meu pai batia na minha mãe e é por causa dele que ela não está mais aqui. Ele bebia demais, chegava em casa agressivo e descontava na minha mãe. Um ano depois de sua morte, me mudei para Seattle e deixei a minha irmã com a minha tia Carmem na Califórnia.

Não deixamos rastros, assim nosso pai nunca nos encontraria. Faz três anos que  faço faculdade direito, criei uma péssima reputação lá, mas eu merecia isso, ficar com uma garota diferente a cada festa não me traria a reputação de santinho da turma. Só traria mais e mais diversão.

Eu não via problema algum, eu tirava boas notas, apesar de todos acharem que não, eu não faltava nenhuma aula e mesmo sentando com a turma do fundão, meu caderno estava cheio de anotações do quadro.

As coisas haviam melhorado desde que saí de casa. Arranjei um emprego durante o final de semana, para poder arcar com o restante da mensalidade da faculdade, já que minha tia mandava um dinheiro razoável todo mês.

Sempre fui um cara quieto, mas quem estivesse disposto a comprar briga comigo, eu pagaria na mesma moeda.

E é nesse exato momento onde me encontro agora, socando a cara de um homem que ousou mexer comigo. Quando levantei a mão para acertar seu rosto novamente, alguém segurou meu punho, então encarei a pessoa.

— Chega, Sebastian! — Jonathan falou. Bufei e levantei do chão. Ele me deu um pano para que eu pudesse limpar minhas mãos que estavam sujas de sangue e então, saímos do bar.

— Você não pode decidir quando uma briga acaba. — falei e abri a porta do carro.

— Se chegar a um ponto onde você estiver quase matando alguém, eu posso! — girei a chave e logo engatei o pé no acelerador — Será que pode se controlar pelo menos uma noite?! Toda vez que saímos para beber você entra numa briga...

— Como se você não entrasse em nenhuma! — falei, interrompendo-o. Freei o carro de uma vez por conta do sinal vermelho.

— Posso até entrar, mas não com a mesma frequência que você. — meu amigo estava certo, mas eu não tinha culpa. Eu não comprava as brigas, apenas as devolvia.

O sinal abriu, acelerei novamente e não demorou muito para que chegássemos em sua casa.

— Você deveria ir mais devagar, uma hora vai acabar se matando e quem estiver com você. — falou se apoiando na porta e enfiando a cara pela janela.

— Se quem estiver comigo for você, não vamos fazer falta pra ninguém! — ri, ele fez o mesmo e mostrou o dedo do meio. Ri novamente.

Pisei no acelerador e segui o caminho de casa, quando virei a esquina uma garota apareceu na frente do carro. Pisei fundo no freio, Jonathan tinha razão, uma hora eu poderia matar alguém.

Mas em minha defesa, a luminosidade da rua estava escassa e o que me permitiu enxerga-la foram os faróis do automóvel.

Desci do carro, a garota estava parada na frente do meu carro, ela estava em completo choque. Fiquei parado no mesmo lugar, esperando qualquer reação da parte dela.

— Você tá maluco, cara?! — falou vindo pra cima de mim.

— Eu?! Maluco?! Você que entrou na frente do meu carro que nem uma louca! — gritei no mesmo tom que ela.

— Não, você era quem estava em uma velocidade absurda e ainda acima do limite permitido! — gritou novamente.

Nós parecíamos duas crianças, chegava a ser ridículo, pois nem nos conhecíamos.

— Se você não tivesse freado, eu estaria no necrotério agora! — revirei os olhos.

— Deixa de drama, garota! Me agradeça, por minha causa você ainda está viva. — ri debochando do desespero e da raiva que emanava dela.

— Por sua causa?! — arregalou os olhos — Vai a merda, seu idiota! — falou indignada e subiu na calçada.

— De nada, gracinha! — gritei para que ela ouvisse e de fato deu certo, pois antes dela virar a esquina, mandou o dedo do meio em sinal de protesto ao que eu disse.

Entrei no carro e até chegar em casa fiquei lembrando de como o olhar dela culminava ódio.

A luz que o farol do carro emitia era suficiente para ver o quanto ela era bonita. Os cabelos... Tinha quase certeza de que eram castanhos. Talvez os olhos fossem azuis... Não, não, seus olhos eram verdes e lembravam brilhantes esmeraldas.

Quem diria que minha atração pelo caos me mataria.

Plastic RoseTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang