Just My Type

Seria ele o meu tipo?

    Em um dia chuvoso uma jovem usando uniforme, estava indo para sua casa depois de um longo dia de escola. Caminhava devagar em direção ao ponto de ônibus, carregando seu material escolar, pensando nas recentes desolações que teimavam em aumentar em sua vida, e quando o ônibus encostou poucos metros à frente. A porta automática se abre, e a jovem ao entrar no ônibus se depara com um garoto. Com um sorriso ele a cumprimenta, ela devolve o sorriso, apesar da frustração que vinha carregando em sua alma.

    Ela sentou-se primeiro, e logo após, sentou-se à sua frente, e enquanto ele disfarçadamente insistia em olhar para trás, ela disfarçadamente olhava para o rosto dele. Era tímido, bonito e sorridente.

A jovem estava a mexer em seu celular, tímida. Contando para sua amiga o ocorrido. E enquanto isso, ele apoiava seu braço direito no banco ao lado, olhando para trás, como quem estava olhando a janela. E em algum momento, houve uma troca de olhares, ele sorri timidamente, e volta a olhar para a frente, e a jovem com seu coração disparado, volta a se concentrar na tela de seu celular.

     Alguns minutos depois, ele se levanta, e vai para perto da porta de saída, e para ela, aquela momentânea felicidade estava indo embora como um piscar de olhos. Mas o que ela poderia fazer? Falar com ele estava fora de cogitação.

    Ela também se levanta, e ao olhar a janela vê que, o próximo ponto era onde precisava descer, e então, resolve dar o sinal para que o ônibus possa parar. E quando seu ponto chega, e a porta automática novamente se abre, muitas pessoas começam a descer. Ela começa a andar rapidamente para não perder o ponto, e em direção a saída ela ia pedindo licença á todos em sua frente. E lá estava ele, parado esperando todos descerem. Ela encosta nele, e educadamente pede licença, achando que ele não iria descer naquele ponto. Ele sorri amigavelmente enquanto a vê sair.

    Ao ter descido do ônibus ela vai caminhando para a rua e sem perceber que vinha um carro em alta velocidade, ela atravessa. Ao olhar a cena ela paralisa esperando o acidente acontecer... Quando sente algo que a puxa para trás, ele puxou ela, o carro passou e não houve acidente. Ela olha para trás, e novamente aquele sorriso com aquele ar calmo e de mansidão.

    Depois de ficar mais calma, ela agradece, ele acompanha ela devagar enquanto atravessa a rua e até o caminho de casa. E sem dizer uma única palavra, ele acelera o passo e passa a frente dela. Ela observou enquanto ele caminhava em sua frente, sua altura, seu corpo, e o uniforme escolar que usava. E ainda o observando, vê que ele mora na rua ao lado de sua casa, será o destino? mas espera! Ela não acreditava em coisas como destino, mas naquele momento pela primeira vez experimentou um sentimento novo, uma felicidade momentânea nascida em apenas um momento, apenas em uma pessoa.

O sentimento de tristeza e angústia havia sumido naquele dia, e ela ansiosamente esperava se iria encontrá-lo novamente.

                                                                                                      ***

    Ninguém acreditava como eu poderia ser depressiva com pais tão amorosos, e como segundo eles "Você tem tudo que quer". A ideia não era nada agradável. Aquela frase me revoltava. Mas se viver e não chegar à coisa alguma era bem pouco interessante.

    Naquela época eu era um pouco mais do que uma criança, embora já me julgasse madura pelas coisas que passei, com 7 anos sofri uma grande perda em minha família, meu pai veio a falecer em um grave acidente de moto. Com isso passamos a ser eu, minha mãe e minha irmã, eu era a mais nova, mas mesmo sendo criança, obtive a responsabilidade de ajuda-las sendo força para ambas. 

    E então uma criança cheia de angústias e aflições cresce, com uma personalidade cheia de medos e inseguranças.

    Somos frutos do passado. Nossa história de vida e as experiências da infância são responsáveis por muitas das decisões que tomamos. Não tinha como falar de mim mesma sem começar pelo começo certo? Afinal tudo tem um começo.