Samantha
E mais uma vez, aqui estava eu, sendo abusada pelo homem que, eu um dia, acreditei que poderia ser meu segundo pai! Uma completa ingenuidade da minha parte.
E como sempre, ele dizendo as mesmas frases, os mesmos atos e a mesma dor... Essa dor que cada vez mais piora, que já não se consegue mais saber o que significa ser feliz! De olhar pela janela em um dia quente de verão e só enxergar frio e escuridão... Dor que te corrói por dentro, e que várias vezes nos fazem pensar em desistir... Mas eu não deixo, pois enquanto o coração da minha mãe e da minha irmã bater, eu continuarei lutando todos os dias com os demônios da minha cabeça.
A verdade é que eu as vezes desejo que minha família esteja morta... só pra eu poder desistir de uma vez por todas. Sei que parece egoísta, e até um pouco doentio. Porém, durante essa fração momentânea de loucura, eu desejo realmente não ter uma família! E isso me faz sentir muito mal.
Felipe gemeu, me despertando dos meus devaneios. Como um simples som pôde se tornar tão repulsivo? Sentia meus olhos caídos, com o peso de noites mal dormidas e, simplesmente, da terrível realidade que é minha vida.
Dizem que Deus ama a todos, que o Senhor dos Céus ama igualmente, sem preconceito, cada umas das almas desse planeta... Mas parece que a mim, ele não ama tanto assim.
- Por que? Como uma menina tão jovem pode ser tão gostosa? - enfatizou pela décima vez enquanto passava a mão pelo meu corpo.- Bom... Terei de viver com esse questionamento!- abriu aquele sorrisinho sínico que eu tanto odeio.- Vamos nos divertir...
- Eu nunca me divirto com você...- Após cuspir isso, senti meu rosto arder com um tapa. Olhei para o rosto de Felipe, e seus olhos transbordavam em ódio.
- Nunca mais fale assim comigo! Entendeu, vadia?- agora eu sou a vadia? 'tá certo... talvez eu seja mesmo, ou talvez eu não seja nada, talvez eu nem devesse existir. Eu deveria morrer, seria melhor pra todos. Fiquei em silêncio...
- Me responda!- Gritou.
- S-Sim.- Respondi com a voz trêmula. Estava com medo, e eu nem sei o porquê... Como poderia ficar pior?
- De qualquer maneira, é uma pena que você pense isso! Bem, eu vou ter que te punir por mal comportamento.
Meus olhos marejaram... Eu não queria chorar, mas não sou forte o suficiente pra tal feito.
- Ah, não chore, bebê, você sabe que é assim, e sempre será...
- Você é um monstro...- meus lábios e mãos tremiam no mesmo ritmo em que caiam as lágrimas.- Eu te odeio!
- Cale a porra da boca, boneca, eu já cansei de você tagarelando no meu ouvido... Passei um dia inteiro pensando nesse momento, e agora que eu começo a me divertir você fica falando?!... Me poupe.- Gritou.
Ele me deu outro tapa, mas dessa vez com uma espécie de chicote, e não foi na cara, foi na minha costela. Depois ele bateu na minha perna, e eu gritava de dor, gritava e gritava, desejando que o ar saísse de meus pulmões, para eu poder, finalmente, ter paz...
- Olha o que você me fez fazer?!... agora seu corpinho lindo está roxo... mas o bom e que logo sai. Vamos ao que interessa.
Meu corpo foi erguido e minhas mãos presas. Eu olhava confusa enquanto Felipe andava lentamente pelo quarto, vasculhando as prateleiras com os olhos. Oh, não... O que será dessa vez? Eu não quero descobrir!
Em seguida, sorriu para algo e pegou uma espécie de "bolinhas" na mão. Veio em minha direção e enfiou elas dentro da minha vagina. Confesso que não doeu, pois eram muito pequenas, como um comprimido. Mas o desespero começou a nascer dentro de mim quando senti algo meio que pulando dentro de mim, ardia um pouco. fiz uma cara de dor involuntariamente.
YOU ARE READING
After The Storm
Teen FictionEu sabia que era perigoso, sabia que eu não devia... Mas seus toques eram tão viciantes, seus olhos intensos sempre me faziam esquecer meu nome, e seus lábios... É verdade que minha vida era uma completa bagunça, um pequeno inferno pessoal, mas que...