Capitulo IV

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Samantha

E mais uma vez, aqui estava eu, sendo abusada pelo homem que, eu um dia, acreditei que poderia ser meu segundo pai! Uma completa ingenuidade da minha parte.

E como sempre, ele dizendo as mesmas frases, os mesmos atos e a mesma dor... Essa dor que cada vez mais piora, que já não se consegue mais saber o que significa ser feliz! De olhar pela janela em um dia quente de verão e só enxergar frio e escuridão... Dor que te corrói por dentro, e que várias vezes nos fazem pensar em desistir... Mas eu não deixo, pois enquanto o coração da minha mãe e da minha irmã bater, eu continuarei lutando todos os dias com os demônios da minha cabeça.

A verdade é que eu as vezes desejo que minha família esteja morta... só pra eu poder desistir de uma vez por todas. Sei que parece egoísta, e até um pouco doentio. Porém, durante essa fração momentânea de loucura, eu desejo realmente não ter uma família! E isso me faz sentir muito mal.

Felipe gemeu, me despertando dos meus devaneios. Como um simples som pôde se tornar tão repulsivo? Sentia meus olhos caídos, com o peso de noites mal dormidas e, simplesmente, da terrível realidade que é minha vida.

Dizem que Deus ama a todos, que o Senhor dos Céus ama igualmente, sem preconceito, cada umas das almas desse planeta... Mas parece que a mim, ele não ama tanto assim.

- Por que? Como uma menina tão jovem pode ser tão gostosa? - enfatizou pela décima vez enquanto passava a mão pelo meu corpo.- Bom... Terei de viver com esse questionamento!- abriu aquele sorrisinho sínico que eu tanto odeio.- Vamos nos divertir...

- Eu nunca me divirto com você...- Após cuspir isso, senti meu rosto arder com um tapa. Olhei para o rosto de Felipe, e seus olhos transbordavam em ódio.

- Nunca mais fale assim comigo! Entendeu, vadia?- agora eu sou a vadia? 'tá certo... talvez eu seja mesmo, ou talvez eu não seja nada, talvez eu nem devesse existir. Eu deveria morrer, seria melhor pra todos. Fiquei em silêncio...

- Me responda!- Gritou.

- S-Sim.- Respondi com a voz trêmula. Estava com medo, e eu nem sei o porquê... Como poderia ficar pior?

- De qualquer maneira, é uma pena que você pense isso! Bem, eu vou ter que te punir por mal comportamento.

Meus olhos marejaram... Eu não queria chorar, mas não sou forte o suficiente pra tal feito.

- Ah, não chore, bebê, você sabe que é assim, e sempre será...

- Você é um monstro...- meus lábios e mãos tremiam no mesmo ritmo em que caiam as lágrimas.- Eu te odeio!

- Cale a porra da boca, boneca, eu já cansei de você tagarelando no meu ouvido... Passei um dia inteiro pensando nesse momento, e agora que eu começo a me divertir você fica falando?!... Me poupe.- Gritou.

Ele me deu outro tapa, mas dessa vez com uma espécie de chicote, e não foi na cara, foi na minha costela. Depois ele bateu na minha perna, e eu gritava de dor, gritava e gritava, desejando que o ar saísse de meus pulmões, para eu poder, finalmente, ter paz...

- Olha o que você me fez fazer?!... agora seu corpinho lindo está roxo... mas o bom e que logo sai. Vamos ao que interessa.

Meu corpo foi erguido e minhas mãos presas. Eu olhava confusa enquanto Felipe andava lentamente pelo quarto, vasculhando as prateleiras com os olhos. Oh, não... O que será dessa vez? Eu não quero descobrir!

Em seguida, sorriu para algo e pegou uma espécie de "bolinhas" na mão. Veio em minha direção e enfiou elas dentro da minha vagina. Confesso que não doeu, pois eram muito pequenas, como um comprimido. Mas o desespero começou a nascer dentro de mim quando senti algo meio que pulando dentro de mim, ardia um pouco. fiz uma cara de dor involuntariamente.

After The Storm Where stories live. Discover now