Capítulo X

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Samantha

Se você parar pra pensar, somos só um simples passageiro, sentado no longo trem da vida, só esperando chegar a tão esperada parada da morte. Pra muitos, esse trem é longo e feliz, mas para mim, é frio e triste e eu espero poder descer logo.

Odeio me esconder o tempo todo, sentir que todos cochicham sobre mim, é sufocante.

Já faz uma semana que não vou a escola, uma semana desde que aquilo aconteceu, uma semana que não vejo minha irmã, uma semana sozinha com meus pensamentos, uma semana me culpando pela morte da minha mãe e uma semana que estou trancada nesse quarto.

Meus amigos me mandam várias mensagens e me ligam todos os dias perguntando o por que de eu não estar indo a aula. E eu minto, dizendo que estava ocupada e que não sobrava tempo de ir a escola... Eu me sinto tão triste, tão errada, tão suja e miserável por estar mentindo pra pessoas que se importam comigo, mas não posso envolver mais eles nisso.

Estava sentada em minha cama, lendo um livro de romance e me perguntando se um dia irei viver um amor tão intenso assim. Mas a verdade é que eu sei que ninguém se interessaria por mim desse jeito. Olhe para mim! Tão desprezível, não há nada para se interessar!

Um som se inicia a ecoar pelo quarto, me viro para encarar a tela do meu celular... É a Ana... Penso em não atender mas acho que isso só a preocuparia mais e a faria vir até aqui em casa para descobrir o motivo do meu desaparecimento, e isso não seria nada bom com Felipe aqui! Por mais que eu não o veja a dois dias, tem sempre algum dos empregados dele vindo me vigiar e me dar comida.
Por fim decido atender!

- Alô?!

- Eae piranha velha!- Reconheço a voz de Lucas, o que me faz abrir um sorriso.- Eu e Ana estamos com saudades de você!- Ele confessa manhoso.- E como a saudade 'tá grande, nós estamos indo aí te ver! Já estamos na sua rua, abra a porta.- Lucas desliga o celular logo em seguida, me desesperando.

Eles não podem vir! Por mais que Felipe não esteja em casa eu ainda estou presa no quarto, e se eles fizerem barulho, vão chamar a atenção dos empregados que estavam no sótão.

Estava prestes a ligar de volta e dizer que não era para eles virem, quando escuto o som da campainha tocar. Rezo mentalmente para que os empregados não tenham escutado.

Estava discando o número de Ana novamente para manda-los embora, quando a porta de meu quarto se abre e Augusto passa por ela.

Augusto é alto, negro, possui os olhos num castanho claro e nenhum fio de cabelo se faz presente na sua cabeça. Ele é um dos empregados de Felipe.

- Quem está na porta, Samantha? Você chamou alguém? O senhor Felipe não irá gostar nem um pouco disso!

- Não, Gusto, eu não chamei ninguém, eles vieram sozinhos! Por favor, não conte ao Felipe.- Implorei, como se minha vida dependesse disso.

- Sinto muito, senhorita, mas tenho que cumprir meu trabalho.- Sua voz grave possui mágoa. Sei que no fundo ele não quer fazer isso. Ele é o único dos empregados/seguranças que é realmente legal comigo.

- Não, por favor, só me deixe dizer um "Oi" a eles e os mandar embora. Juro que não vai demorar nem 5 minutos!- Pedi com um sorriso no rosto.

- Não sei não, senhorita Rale.

- Me chame apenas de Sam, não gosto que me chamem de Srta. Rale!- Pedi.- Gusto, por favor, juro que não vai demorar e ninguém precisa saber!- Ele pareceu pensar.- Por favor!

- Tudo bem, mas você tem 5 minutos!- Ele se dá por derrotado.- Mas se der problemas falarei para Felipe!

- Obrigada, Gusto, não haverá problema algum.

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