SamanthaSe você parar pra pensar, somos só um simples passageiro, sentado no longo trem da vida, só esperando chegar a tão esperada parada da morte. Pra muitos, esse trem é longo e feliz, mas para mim, é frio e triste e eu espero poder descer logo.
Odeio me esconder o tempo todo, sentir que todos cochicham sobre mim, é sufocante.
Já faz uma semana que não vou a escola, uma semana desde que aquilo aconteceu, uma semana que não vejo minha irmã, uma semana sozinha com meus pensamentos, uma semana me culpando pela morte da minha mãe e uma semana que estou trancada nesse quarto.
Meus amigos me mandam várias mensagens e me ligam todos os dias perguntando o por que de eu não estar indo a aula. E eu minto, dizendo que estava ocupada e que não sobrava tempo de ir a escola... Eu me sinto tão triste, tão errada, tão suja e miserável por estar mentindo pra pessoas que se importam comigo, mas não posso envolver mais eles nisso.
Estava sentada em minha cama, lendo um livro de romance e me perguntando se um dia irei viver um amor tão intenso assim. Mas a verdade é que eu sei que ninguém se interessaria por mim desse jeito. Olhe para mim! Tão desprezível, não há nada para se interessar!
Um som se inicia a ecoar pelo quarto, me viro para encarar a tela do meu celular... É a Ana... Penso em não atender mas acho que isso só a preocuparia mais e a faria vir até aqui em casa para descobrir o motivo do meu desaparecimento, e isso não seria nada bom com Felipe aqui! Por mais que eu não o veja a dois dias, tem sempre algum dos empregados dele vindo me vigiar e me dar comida.
Por fim decido atender!- Alô?!
- Eae piranha velha!- Reconheço a voz de Lucas, o que me faz abrir um sorriso.- Eu e Ana estamos com saudades de você!- Ele confessa manhoso.- E como a saudade 'tá grande, nós estamos indo aí te ver! Já estamos na sua rua, abra a porta.- Lucas desliga o celular logo em seguida, me desesperando.
Eles não podem vir! Por mais que Felipe não esteja em casa eu ainda estou presa no quarto, e se eles fizerem barulho, vão chamar a atenção dos empregados que estavam no sótão.
Estava prestes a ligar de volta e dizer que não era para eles virem, quando escuto o som da campainha tocar. Rezo mentalmente para que os empregados não tenham escutado.
Estava discando o número de Ana novamente para manda-los embora, quando a porta de meu quarto se abre e Augusto passa por ela.
Augusto é alto, negro, possui os olhos num castanho claro e nenhum fio de cabelo se faz presente na sua cabeça. Ele é um dos empregados de Felipe.
- Quem está na porta, Samantha? Você chamou alguém? O senhor Felipe não irá gostar nem um pouco disso!
- Não, Gusto, eu não chamei ninguém, eles vieram sozinhos! Por favor, não conte ao Felipe.- Implorei, como se minha vida dependesse disso.
- Sinto muito, senhorita, mas tenho que cumprir meu trabalho.- Sua voz grave possui mágoa. Sei que no fundo ele não quer fazer isso. Ele é o único dos empregados/seguranças que é realmente legal comigo.
- Não, por favor, só me deixe dizer um "Oi" a eles e os mandar embora. Juro que não vai demorar nem 5 minutos!- Pedi com um sorriso no rosto.
- Não sei não, senhorita Rale.
- Me chame apenas de Sam, não gosto que me chamem de Srta. Rale!- Pedi.- Gusto, por favor, juro que não vai demorar e ninguém precisa saber!- Ele pareceu pensar.- Por favor!
- Tudo bem, mas você tem 5 minutos!- Ele se dá por derrotado.- Mas se der problemas falarei para Felipe!
- Obrigada, Gusto, não haverá problema algum.
VOCÊ ESTÁ LENDO
After The Storm
Teen FictionEu sabia que era perigoso, sabia que eu não devia... Mas seus toques eram tão viciantes, seus olhos intensos sempre me faziam esquecer meu nome, e seus lábios... É verdade que minha vida era uma completa bagunça, um pequeno inferno pessoal, mas que...