MEN OR MONSTERS

Capítulo 10 - Deixe-me entrar

Lauren Jauregui's Point of view.

Eu havia passado o resto da noite com a mulher que conheci no bar. Me submeti a isso apenas para irritar Camila, pois nunca fui acostumada a me relacionar tão intimamente com alguém que eu conhecera há pouco. Enfim, meu papel estava feito e esperava ter obtido sucesso.

Era domingo e eu decidi que iria visitar uma galeria de arte pela manhã, afinal, amava analisar os quadros e tentar interpretar o que cada artista estava sentindo no momento em que fazia sua obra.

Quando comecei a visualizar as obras, senti uma presença masculina ao meu lado. Como minha visão é ampla, pude perceber que o rapaz que também analisava os quadros era, na verdade, o ex de Camila: Andrew Carter.

Eu sabia que Carter fazia seus próprios quadros por diversão, mas que seu futuro estava traçado por conta dos negócios de seu pai. O pai de Andrew era um empresário reconhecido por ser dono de uma multinacional famosa.

Camila o odiava e eu tiraria proveito disso.

-Qual sua interpretação sobre essa imagem? - Perguntei como quem não quer nada ao mesmo tempo em que me aproximava lentamente para não assustá-lo.

-Acho que é uma criança com medo e escondida em um canto para não ser descoberta. - Disse o homem enquanto olhava a arte. - Deve ser assim que o pintor se sentia enquanto a desenhava, talvez com medo de algo.

A obra era composta de riscos desconexos. Eu até tentei, mas não consegui ver tudo aquilo que foi descrito pelo homem.

-Realmente, eu nunca tinha pensado por essa perspectiva. - Meu maior talento era mentiras. Eu as falava descaradamente sem receio de ser descoberta, haja vista que não tinha nada a perder mesmo.

O rapaz a minha frente logo perguntou meu nome e eu respondi com a gentileza que nunca tive e perguntei qual era o dele de pronto. Eu nunca fui uma pessoa doce e seres humanos assim me incomodavam profundamente.

-Nome bonito, Lauren.

Espera... Ele estava flertando? Eu definitivamente não queria seguir por esse caminho apenas para estressar Cabello, mas o tentaria convencer em ser apenas meu amigo. Eu não seria amiga dele verdadeiramente, óbvio.

Camila Cabello's Point of view.

Eu ria internamente em indignação ao ver Lauren Jauregui conversando amigavelmente com Andrew Carter.

Eles combinavam muito. Um era mais tóxico que o outro e eu me senti a pessoa mais sortuda e inteligente do mundo por ter me livrado da presença de ambos em minha vida, ainda que sentisse algo por Lauren que eu não sabia identificar por ora. Eu estava ferrada, mas sairia de cabeça erguida daquela situação após descobrir o que Jauregui tanto esconde sobre sua vida.

Em meio a tantos devaneios, quase fui pega e, por isso, me escondi rapidamente atrás de um pilar. Eu estava disfarçada com um chapéu preto, óculos escuros e com um lenço que coloquei em meu pescoço. Minhas roupas não eram os usuais trajes pretos que eu vestia diariamente, havia me vestido com tecidos mais coloridos que eram discretos ao mesmo tempo.

Lauren foi embora após se despedir de Andrew, me senti aliviada por ela não tê-lo levado para a sua casa assim como fez na noite anterior com a moça da boate.

Eu estava com ciúmes e podia admitir, ainda que não soubesse direito o que sentia pela mulher de olhos verdes.

Fui embora para minha casa e, quando adentrei meu apartamento, logo tirei as roupas desconfortáveis que vestia. Fiquei apenas de calcinha e com uma camiseta comprida que batia na metade das minhas pernas.

A campainha tocou e cheguei à conclusão que nunca teria sossego, pelo menos não em vida.

Quando abri a porta, meus olhos encontraram os olhos verdes de Lauren.

-Posso entrar? - Perguntou Jauregui calmamente.

-Como você descobriu onde eu moro? - Perguntei curiosa e desconfiada.

-Perguntei a um de seus ajudantes na delegacia onde trabalha.

Estava explicado.

-Entre. - Eu disse simples.

Eu fechei a porta em minha frente e, quando virei para Lauren, notei que ela olhava fixamente para as minhas pernas que estavam desprovidas de qualquer tecido.

Fingi demência e cruzei meus braços para esperar ela começar a falar o que precisava. Ela nem ao menos se sentiu constrangida por ter sido pega no flagra.

-Queria pedir desculpas por aquele dia ter te pressionado contra a árvore e gritado com você, ainda que eu estivesse com a razão, pois você quase atirou em mim. - Lauren falou sincera. Ela se sentia com a razão, mas reconhecia que também tinha errado naquela noite.

-Você realmente não consegue se desculpar, não é? É muito egocêntrica para achar que errou em algo e muito orgulhosa para pedir desculpas. - Camila falava em tom de indignação e com uma risada forçada estampada em seu rosto.

-Claro que não, eu vim aqui justamente para admitir que eu também errei e para pedir que pare de me seguir. Eu te vi hoje na galeria. - Lauren manteve seu tom de voz estável, tratando de se controlar para não perder a paciência novamente.

Camila quase concordou em deixá-la em paz, mas não cumpriria com seu papel profissional se o fizesse. Ela se sentia incrédula com a capacidade que Lauren tinha de a descobrir sempre. Aquela mulher não era uma pessoa comum.

-Vamos fazer um acordo: passarei uma semana em sua casa para analisar mais sobre sua vida, se possuir algo de errado eu te coloco na cadeia e se não possuir eu apenas paro de te vigiar. - Camila jogou as palavras contra Lauren na maior naturalidade do mundo, mesmo que houvesse dito que poderia colocá-la na cadeia.

Eu notei Jauregui pensando sobre a minha proposta, ela ficou uns segundos olhando fixamente para um ponto atrás de mim e depois me fez prometer que pararia de persegui-la. Eu prontamente confirmei a promessa.

Lauren concordou e saiu da casa da morena de olhos castanhos. Seria difícil convencer Tom Sloan a dar uma folga de uma semana para ela, mas seria por um bom motivo.

Lauren Jauregui's Point of view.

Liguei para meu superior e ele aceitou me dar uma semana de folga se o motivo fosse para me proteger de ser descoberta por meio das investigações de Camila. 

Eu deixaria aquela mulher habitar minha casa durante uma semana e estava satisfeita com isso, pois senti que meu alvo Alejandro Cabello se aproximava novamente de minhas garras. Ele não escaparia de ser morto por mim, eu garantiria que ele tivesse a morte mais dolorosa possível.

Eu estava escondendo as evidências que se encontravam em meu apartamento para esperar a chegada de Camila na manhã seguinte. Escondi coleções de armas brancas, cordas usadas para enforcar meus alvos, insetos peçonhentos, bisturis, pinças e outras coisas que eu utilizava nas torturas. Camila jamais me descobriria, eu era mais rápida que ela e por isso sempre estava em vantagem.

Dormi após terminar de ocultar todos os aparatos que poderiam me incriminar.