Dirigindo como um louco.

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— Moshang.
— Universo alternativo, Shang Qinghua estudante de literatura, Mobei estudante de direito. Palavreado não-formal, alguns palavrões, violência leve. Classificação 14+
— 936 palavras.

~•~

Mobei ia morrer, com certeza, ele ia MORRER, com todas as letras e de todas as formas que "morrer" possa ser aplicado.

Por que? Por que Shang Qinghua ia matá-lo. Em um trágico, violento e desnecessário acidente de carro, digno de filme de corrida clandestina barato.

Segurando no apoio do banco do passageiro, sua respiração trancou denovo, Shang Qinghua tinha avançado mais um sinal.

"Você é idiota?! A gente vai morrer! Você vai capotar essa merda, não atravessa assim!"

Espantando suas preocupações com a mão, Shang Qinghua quase matou Mobei infartado. "NÃO TIRA A MÃO DO VOLANTE! AS DUAS, AS DUAS NO VOLANTE!"

"Escuta, Mobei, tá tudo bem, eu faço isso sempre" Shang estava intimamente divertido, Mobei era tão silencioso e tão reservado, ver alguma reação, mesmo que pânico, foi muito gratificante.

Quando um pequeno trânsito se apresentou a frente, Shang finalmente tirou o pé do acelerador. Só então Mobei conseguiu respirar.

Nos primeiros três segundos depois que ele recuperou o fôlego foram gastos para fuzilar o infeliz com os olhos, Shang deu um sorrisinho nervoso. "M-Mobei, tem alguma coisa na minha cara?"

"Tem" Ele respondeu. "Falta de noção, fala sério, você dirige como um maluco, como é que te aprovaram na auto-escola?"
Shang Qinghua deu um pequeno risinho ansioso. "Auto-esola?"

Inacreditável. "Você não fez auto-escola? Qual é a porra do seu problema? Você é algum tipo de serial killer do trânsito? Ou melhor, algum delinquente que secretamente aposta corridas no subúrbio? Como você não está preso? Você um perigo pra sociedade!"

Shang tentou se defender. "Olha, meu pai me ensinou a dirigir no ensino médio, eu nunca viajei na estrada, só ando na cidade, e de vez em quando!"

Irritado Mobei desceu um tapa em seu ombro. "Nunca mais se ofereça pra dirigir pra ninguém! Você vai matar algum pobre coitado do coração algum dia! Não dirija ilegalmente, vai estudar!"

Cada reclamação um novo tabefe, se encolhendo na porta do velho sedã do seu pai, Shang Qinghua choramingava alto. "Desculpe, o grandioso veterano de direito, esse calouro jamais vai ousar pegar em um carro denovo!"

Ouvindo aquelas barbáries novamente, Mobei desceu a mão uma última vez, suspirando e se sentando apropriadamente.

Shang Qinghua sempre fazia isso, essa merda de chamá-lo de soberano, tentar agradar e ser tão prestativo o tempo todo.

Deixava Mobei muito acanhado.

A sua família nunca tinha desprendido muita atenção a ele. Mobei era uma criança silenciosa, nunca exigiu muito. Os pais tinham dinheiro de sobra, então era fácil para agradar o garoto a troco de sua boca fechada.

Mas aquele dia, durante os primeiros dias de aula, ele tinha passado mal, a maioria dos alunos de sua sala não gostava dele por suas notas altas e família abastada, além de sua atitude distante. Os calouros tinham medo e o largaram lá, deslizando a parede com um enjoo infernal. Mas então aquele pirralhudo apareceu, com remédio barato e uma lixeira.

Quando Mobei vomitou as tripas, chegou a cair nos tênis de Shang Qinghua, mas ele não se importou nem um pouco.

"Vamos lá, grande rei, o que uma beleza assutadora como você está fazendo botando os bofes pra fora, Humm?"

Mobei o tinha esfaqueado com um olhar gelado na metade da frase.

Shang Qinghua realmente temeu a própria vida aquele dia.

Mas ainda assim, mesmo Mobei dizendo que ele era só um calouro inútil de literatura, que ele era irritante, estapeando volta e meia, ele ainda estava lá, sorrindo, fazendo seus essays, de livre e espontânea vontade, arrumando seu livros, trazendo café para ele no bloco C de direito. Aos poucos Shang Qinghua se tornou uma figura conhecida por ali, sempre se agarrando nos seus braços, pulando em suas costas, agarrando sua perna.

Mobei não percebeu o quanto ele precisava de alguém assim, alguém para se importar com ele, alguém para cuidar dele.

E agora ele não conseguia conceber que o ano estava acabando, aquele era o seu último mês de aula, em poucos dias ele nunca mais iria ver aquele rosto amável. Shang Qinghua teria mais 3 anos de faculdade, Mobei iria para Beijing tentar a vida em um escritório de advocacia e ele iria perder a todas as manhãs agradáveis na mesinha esfarrapada do café da faculdade, com as lições de gramática e ortografia não solicitadas que Shang Qinghua lhe garantia todos os dias, sem o café número 2 do menu, sem nada. Denovo.

O trânsito andou, e Shang percebeu que Mobei estava calado. Shang Qinghua estava dirigindo decentemente agora, então Mobei podia se perder em pensamentos.

Mas para Shang, aquela expressão não era agradável, era fria e triste de sempre, e ele odiava quando Mobei fazia aquilo.

"Hey, grande poderoso Mobei-Jun, agrade esse humilde servo tudo bem?" Sem entender, Mobei apenas mandou ele calar a boca e dirigir direito.

"Vamos lá, vamos lá, você pode ser mais íntimo, Humm? Me diga, em que estava pensando?"

Sem pensar, Mobei apenas murmurou. "Você."

Aquela foi a gota d'água, Shang Qinghua meteu o pé no acelerador mais uma vez. E nunca saberemos o coração de quem bateu mais rápido aquele dia, o de Mobei temendo a morte ou o de Shang temendo a vida.

~•~

Notas da autora: Mobei foi pra Beijing, Shang só se declarou no último dia de aula dele. Eles mantiveram um ano e meio de namoro a distância antes do Shang conseguir transferência. Hoje eles moram em Pequim, em um apartamento confortável, eles têm um gato e um hamster.

OTPDec - Drabbles todos os dias de Dezembro: Scum Villain.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora