Capítulo Dez - Caminho pontiagudo

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"Seus olhos me refletem um paraíso devastado"

Meu peito estava queimando, senti o chão estremecer sobre meus pés, a fúria que eu sentia não era normal, eu queria desaparecer, por que o Finn estava agindo feito um idiota? Não era justo, eu queria explicações.

- Finn, pode falar alguma coisa?

Ele abaixou a cabeça, ficou alguns segundos inerte, a levantou e disse olhando bem no fundo dos meus olhos.

- Desculpa Matthew, eu gostei de tudo, mas foi só uma diversão, não leve a mal!...

Eu quase desmaiei quando ouvi aquilo, era uma zoação, eu poderia ter certeza.

- Tá Finn, pode parar de brincar agora, eu não estou muito bem hoje, e nem meu humor...

Ele continuou sério, eu nunca tinha visto o Finn daquela maneira, ele estava tão sério, tão firme, estava senti tudo, menos ele mesmo.

- O que está havendo Finn? Por favor me fale!

Ele virou as costas e começou a caminhar.

- Por favor Matthew, me deixe em paz, só lhe peço isso.

Meu peito rasgou ao meio, senti como se algo tivesse saindo de dentro para fora, fervente e quase insuportável. Eu comecei a andar, sem rumo, lágrimas rasas começaram a sair de meus olhos, eu não queria dar explicações em casa, então o caminho de volta seria para desabafar. O caminho foi tão longo para voltar, as lágrimas embaçaram a minha visão, o que eu tinha feito de mais? Ele foi tão estranho, sei que sou chato e um pouco insuportável, mas não me lembro de ter feito nada drástico para uma mudança daquelas. Minha cabeça está com uma nuvem cinza por cima, aquele fora um dos piores dias da minha vida, em uma escala que eu criei. Tudo foi para o ar com simples palavras, a pior parte é ficar sem respostas, e eu odiava. Aquele certamente não era o Finn que eu conhecia, ele era muito mais do que um simples babaca que enjoa e mete o pé. Quando cheguei em casa, fui diretamente para o quarto chorar, quando terminei, comecei a pensar e ver o que poderia fazer para resolver aquele problema. Mas, que problema? E se o Finn tivesse realmente enjoado de mim, e se o Lenon estivesse certo? Estava sendo tudo como ele disse, e tudo isso depois da estranha conversa a qual ele teve com o Josh, ele me daria respostas. Fui para a sala, eu não estava nem aí como estava meu rosto, mas era perceptível que eu estava chorando. O Josh estava tranquilo assistindo tv,o que me deu ainda mais ódio.

- JOSH ?

Falei um pouco gritando, mas era necessário. Ele levantou um pouco assustado. Nunca usei aquele tom com o mesmo.

- O que quer Matthew ?

Ele foi tão tranquilo e sínico ao me responder.

- Você vai me dizer que conversa teve com o Finn, agora!

Ele deu um sorriso.

- Já disse que não foi nada demais, você está dando ataque atoa.

Meu ódio só cresceu, senti que iria socá-lo a qualquer momento.

- Mas se quiser saber... O Finn deixou claro pra mim, que... Bom, que queria só aquilo com você, e no meu dever de irmão, eu pedi que se afastasse.

Sorri ironicamente.

- Mentira, Para de sinismo Josh!

Ele tentou soar sério, mas eu senti que ele não estava sendo sincero.

- Se não acredita, vá é pergunte a ele!

- Você acha que eu não fiz isso? Você está mentindo Josh, eu exijo que fale a verdade.

Ele olhou um pouco mais sério para min, finalmente eu estava com medo.

- Você não tem que exigir nada Matth, já esqueceu que o papai pode saber de tudo?

- Você não seria capaz.

- Acho melhor deixar ele menino para lá, e a gente finge que não aconteceu, você poderá voltar ser normal.

Além de babaca, eu tinha um irmão homofóbico, um pesadelo. Dali não iria sair nada, eu senti meu chão se abrir novamente, e não tinha ninguém para me salvar. Fui para o quarto, e ali o choro retornou, eu chorei a tarde toda. A noite estava dando início quando sai, e minha vó preparando o jantar, para o tempo passar, fui ajuda-la.

- Vó, a senhora não está com uma cara muito boa.

E realmente não estava, senti algo muito diferente.

- É a idade chegando filho, não ficamos saudáveis para sempre.

Ela deu um sorriso desanimado.

- Está sentindo algo?

- Algumas dores, mas já tomei o remédio, irá passar.

Eu queria muito desabafar, e não tinha ninguém. Mas eu sabia se minha vó soubesse que os acontecimentos estavam saindo do controle ela ia contar aos meus pais, e isso nunca poderia acontecer, então, tentei ser mais normal que pude para que a mesma não desconfiasse. Depois do jantar, eu fui até a areia observar as estrelas, era tão lindo aquele lugar, como eu não havia reparado antes?. Eu fiquei o tempo que precisei para pensar, e desistir do Finn não estava nos planos, eu ia descobrir o que estava acontecendo de qualquer jeito. De longe pude avistar um casal caminhando, como eu invejei os dois, poderia ser eu e ele. Por quê o mundo é tão injusto? Poxa, as coisas poderiam ser tão mais simples, quando eu olhei um pouco mais de perto, tomei um susto, era, era ele, com uma garota a qual eu nunca tinha visto antes, não, não podia ser, comecei a rir de nervoso, aquilo era uma coisa da minha cabeça tentando me pregar peças. Me levantei e fui caminhando para tentar observar mais de perto, cada passo que eu dava era como por cima de facas, me recusava a acreditar, até ontem estávamos juntos, o Finn só podia estar louco.

- Finn?

O gritei em uma distância considerável, estava de costas, mas se virou no mesmo instante. A garota me olhava freneticamente, ela era bonita. Meu estômago esquentou, eu odiava sentir ciúmes, um misto de sentimentos que eu nem sei explicar.

- O que foi?

Ele foi bem seco e ríspido, eu não estava o conhecendo, aquele não era o Finn, o meu Finn. Tentei disfarçar, por estar presente daquela menina estranha.

- Amanhã poderemos voltar a nossas aulas?

- Desculpa Matth, mas acho melhor pararmos com nossas aulas, eu não tenho muita experiência para lhe ensinar, é melhor você pedir outra pessoa.

Meus olhos encheram de água, eu iria chorar a qualquer momento.

- Tudo bem então!

Falei o mais rápido possível, virei as Costas e fui para casa,senti como se tivesse pisando sobre facas, a qual dei nome a esse lugar dias mais tarde, como caminho pontiagudo, eu nunca esquecerei dele,  meu peito parecia que estava rasgado, eu não conseguia nem falar, então fui direto para o meu quarto. Ainda bem que ninguém me viu, eu seria obrigado a dar explicações.

 Ainda bem que ninguém me viu, eu seria obrigado a dar explicações

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