Capítulo Dezenove - Suportando (Penúltimo Capítulo)

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O caminhão ia sorrateiramente pelas estradas enquanto eu escutava sermões. Meu coração estava aflito, a imaginação criava mil coisas, onde ele estava, o que estaria fazendo, se talvez estivesse pensando tanto em mim quanto eu nele. Tudo estava a pá de meu desgosto, a qual foi ocasionado por mim mesmo. Minha cidade estava bem calma naquele início de noite, aquela foi uma das maiores aventuras de minha vida. Meus pais provavelmente saberiam e eu teria o castigo que eu tanto estava temendo. O caminhão estacionou em frente de minha casa, eu havia me esquecido que o mesmo era conhecido de meu pai. Tudo péssimo para ainda poder piorar.

- Senhor?

Antes de descermos tentei uma última tentativa para que o mesmo pudesse aliviar minha barra.

- Fale!

- O senhor já foi moleque,né? Então sabe o que eu fiz hoje foi irresponsável, mas coisa de moleque, não vai acontecer de novo, dá pra aliviar pra mim essa? Se não pego um castigo eterno.

- Aliviar? Eu não sei ein.

- Simm, juro que nunca mais vai ouvir falar alguma merda que eu fiz.

- Posso confiar moleque?

- Te dou minha certeza.

Ele sorriu e coçou a barba, agora era só eu inventar um alibe qualquer para o sumiço, e tudo ficaria bem. Fui sorrateiramente para casa enquanto o caminhão se afastava e seguia caminho. Aquela foi a última vez que eu o vi, meses depois o mesmo sofreu um trágico acidente a qual tirou sua vida. Levou o segredo contigo. Fora um grande homem e eu nunca o esquecerei. Minha mãe estava pendurada no telefone e meu pai com uma lista na mão.

- Matthew!!! Onde você se meteu?

A mesma correu até mim me abraçando.

- Matthew, o que aconteceu? Moleque isso não é coisa de se fazer. Ligamos para a casa de seu amigo e ele disse que você não passou a noite lá.

Eu sabia que estava encrencado,mas fui salvo pelo menos na parte de fugir de casa.

- Resolvi tirar uma tempo para esfriar a cabeça, eu já sei o que vem em seguida, vou para o meu quarto.

Minha mãe esbravejou um pouco mais

- Você não vai a lugar algum sem antes nos escutar Matthew.

Dei um suspiro e os dois começaram o enorme discurso de sempre de como foi duro me criar, que pagam todas as contas, que eu tenho do melhor sem ao menos trabalhar. O mesmo blá- blá-blá de sempre, eu fiquei um pouco frustrado e triste, tudo dando errado de uma só vez. Só por quê era comigo, enfim. Após pegar uma roupa no meu quarto e tomar um demorado banho, eu capotei na cama, apesar de estar com um pouco de fome, eu ainda estava mais exausto. Quando acordei já era um dia novo, agradeci a Deus mentalmente por um novo dia e assim segui minha rotina matinal. A saudade estava cada vez melhor, ali, pelo decorrer do dia, senti que mesmo eu o desejando com todas as forças do universo, ele não iria voltar, eu poderia bater o pé, estava doendo demais, a parte pior era o desdém de não saber sequer onde ele está, o que está fazendo, e se ainda pensa em nós. As férias estavam no início do fim, eu teria que voltar para a minha péssima realidade, tudo o que eu não queria, passei a tarde toda comendo porcaria e jogando tempo fora, nem os meus games favoritos me animavam mais, sentia como se tivesse me afundando em uma lama profunda. A dor as vezes se tornava física, eu não sabia o que fazer, e por onde recorrer, então sofri silenciosamente aqueles dias adiantes, como se não houvessem fim. Meus amigos iam me visitar de vez em quando, o que me animava um pouco, mas, eu não tinha vontade alguma de viver, e quando eles viravam as costas para ir embora, eu praticamente implorava para os mesmos ficarem. O Érick dormiu algumas vezes em minha casa, nós deixando ainda mais próximos. Em uma noite chegou a rolar um beijo em meus rosto, a carência da minha parte estava muito alta, e eu creio por mim que ele nem sabia o que de certo estava acontecendo, só sendo um amigo tentando me consolar, eu acabei contando para ele e Jasmine sobre o verdadeiro ocorrido. Ambos quase me bateram, se eles agiram assim, imagina meus pais. Os dias estavam sendo tão pesados, eu lia o bilhete a qual o mesmo havia deixado para mim todos os dias, eu rezava com todas as forças para que o pudesse voltar, e um milagre acontecer. Com o decorrer do tempo, minhas feridas abertas começaram a se cicatrizar, e eu comecei a me adaptar ao novo estado de espírito. Um dia todos vão embora, é inegável isso, eu não podia ir contra a natureza das coisas a prol da minha vontade, de nada iria adiantar. O ano novo estava próximo, fomos para a casa de minha tia, todos estavam eufóricos, cada ano que se passava a virada do milênio estava ainda mais próxima, minha mãe estava tão ansiosa, até hoje me dói pela mesma não ter conseguido chegar até esse feito a qual ela tanto aguardou. Quando a perdi foi um golpe muito grande para mim, eu nunca irei superar Cem por cento. Na contagem regressiva fomos para a frente de casa e demos as mãos, desejando coisas novas, coisas boas, transmitimos paz. Eu só lembrava dele, eu coloquei toda minha energia e a enviei para ele, para que o mesmo sentisse que eu ainda o amava, que eu não havia esquecido e que eu nunca ia esquecer. Mas agora, eu teria que seguir em frente, para quem sabe, um dia, podermos nós encontrar, com um olhar mais maduro. Até lá, eu poderia esperar, iria doer? Claro que iria, mas, como eu havia suportado até ali, eu iria aguentar mais um pouco.

* Olá galeraaa, Férias de verão está chegando em sua fase final, e espero que  estejam gostando, estou dando o meu melhor, não esqueçam de deixar o votinho!. E um feliz ano novo, muito amooor e paz para todos*

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