Capitulo 2 - O dia após o amanhã

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Ao meio dia, lá estava Dean em frente à escola da filha esperando sua saída, encostado no carro

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Ao meio dia, lá estava Dean em frente à escola da filha esperando sua saída, encostado no carro. Sua feição não transparecia o redemoinho de sentimentos presos dentro de si, a não ser pelas profundas olheiras abaixo dos olhos, ninguém suspeitaria que o homem de belas feições trazia tal turbilhão de sentimento. Dor, saudade, culpa, medo, desespero, pesar...

Escondido por trás das lentes negras dos óculos escuros, chegava a sorrir ao cumprimentar alguns pais ali já conhecidos por ele. Cecília frequentava a mesma escola desde que tinha começado a estudar e tanto a garotinha quanto o pai encantavam todo mundo, principalmente as mães solteiras.

― Papai!

Ouviu a voz já conhecida e olhou em direção ao grande portão, onde a fila de crianças se formava e a menina seria a terceira a sair com um sorriso de orelha a orelha ao ver a figura paterna à sua espera, vestindo em um terno francês bem alinhado ao corpo que o deixava elegante como de costume.

Assim que a menina saiu, correu e se jogou em seus braços enchendo o rosto bem barbeado de pequenos beijos. Beijos de saudade que foram retribuídos com um abraço apertado de carinho e amor.

― Como foi a aula? ― perguntou ele, enquanto colocava o cinto da cadeirinha na menina, que inquieta tentava se alinhar no assento.

― Foi legal. Eu fiz um desenho lindo, o senhor quer ver?

― Faço questão ― Dean respondeu, sentando-se no banco da frente e virando-se de lado enquanto a filha pegava a folha de papel e lhe entregava.

Ao ver o desenho, o desespero tomou conta de cada célula do ser de Dean, um bolo subiu sua garganta ao vislumbrar três pessoas naquele pedaço de papel. Não que o desenho tivesse um ótimo traço, mas dava para entender a intenção dos rabiscos ali e nele estava Lívia, tendo próxima à sua cabeça uma tentativa de fazer um coração.

― Gostou, papai? A mamãe ficou bonita, não é? Eu queria deixar os cabelos dela iguaizinhos, mas não ficou muito bom. Mas o senhor tá igual, papai. A tia disse que tenho muito talento.

Dean queria prestar atenção ao que a filha dizia, mas sua mente viajou naquele instante, fazendo-o lembrar de Lívia deitada na grande cama de casal, com ele ao seu lado acariciando a barriga de seis meses, quando esperavam ansiosos por Cecília. Era como se conseguisse ouvir a voz dela ali, ao lado dele, era como se pudesse sentir até mesmo o perfume e seu toque macio...

― Ela virá cheia de saúde, isso é o que importa. Perfeita, tendo os seus olhos, é claro. Tomara que não venha muito cabeluda, sofri com isso na adolescência ― disse Lívia, pensativa, a mão subindo e descendo no ventre e indo ao encontro dos dedos de Dean.

― Amor, você fala tanto nisso que a menina nascerá com olhos negros como os seus, ou castanho e meios tortos como os do seu pai ― provocou e viu um lindo sorriso se abrir no rosto bonito de feições que considerava perfeitas.

Luz da Minha Vida - Degustação Where stories live. Discover now