Capítulo 7 Sob meu leito, seu abrigo

14 4 2
                                    

Hoje, está aqui comigo.
Não posso vê-lo, mas sinto o perigo.
Sob meu leito, seu abrigo.
Estou morrendo de medo, caro amigo.

Alan Martins

Vivo mais  um dia, mais uma semana nessa casa com a mesma rotina, eu acordo sendo atormentado pelo meu irmão, competimos quem vai tomar banho primeiro, sempre ganho, coloco meu uniforme, tomamos café juntos em uma cozinha repleta de sujeira e moscas, Liu lava a louça, pegamos nosso material e vamos para escolas diferentes causar problemas diferentes.

No final só me deram um aviso pela briga de ontem, graças a interferência da mulher da limpeza que me defendeu, valeu Cleide. A garota estava toda machucada, é claro que um garoto de 14 anos não conseguiria fazer aquilo nem em um milhão de anos. Ela ficou tão zangada hehehehe, ahhh como eu pagaria para vê-la com aquela expressão novamente.

-Jeff!-Minha mãe chama pelo meu apelido com alegria, estranhando tudo eu a acompanho e vejo meu irmão embasbacado sentado na cadeira com os braços debruçados na mesa da cozinha.

-O que está acontecendo?-Já estava ficando assustado o suficiente, quando Aquele homem entra na cozinha pensando que fazia parte da família, mais conhecido como um completo estranho/parceiro de fumo.

-Nós vamos nos casar!-Eles falam juntos se abraçando. Como assim? De companheiros de fumo foi para um romance ao ponto de casar?!Como é que isso funciona?! Eles só se conhecem a dois meses!LIU?!-Ele continuava com a aquela cara segurando passagens para algum lugar e na outra mão uma bolça enorme.

-O chefe de um amigo meu do exterior nos deu todo esse dinheiro para podermos nos estabilizar nos Estados Unidos e até comprar um carro!-Ele falava com um grande sorriso mostrando a bolça lotada de dólares, aquilo era dinheiro do tráfico certeza! Eles roubaram algum cafetão e agora vão colocar esse problema na nossa mesa, o que eu vou dizer para a polícia? Será que é um castigo por eu pensar em matá-los?!Ou porque eu pretendia arrumar um trabalho e me mandar daqui?!!.-Isso não é demais?!

-NÃO!-Acabo deixando escapar, logo podia sentir o olhar da mamãe queimando minhas costas, pronta para me torturar novamente, minhas mãos já estava sangrando de tanto que apertava para segurar a minha fúria e medo, o Liu acorda de seu transe me olhando sério, suspirando ele  levanta.

-Pelo menos nos deem algum tempo para tentarmos similar o que irá acontecer.-Ela para de me olhar e volta a sorrir confirmando para ele, ainda atordoado sou puxado rapidamente por Liu me levando para o nosso quarto. Em silêncio, passamos a noite acordados no escuro, sendo acompanhados por uma densa e arisca chuva. Meus pensamentos eram escuros e nebulosos, minha mente parecia estar em estática, podia ouvir vozes ao fundo me dizendo palavras soltas e perturbando a minha mente. Liu parecia se sentir igualmente a mim, ele se levanta e se senta perto da minha cama no chão.

-Aguente firme, me sinto tão louco quanto você, amanhã não iremos nos opor, você sabe que não temos escolha, ao menos não temos nada que nos prendem aqui.-Eu o olho com um sorriso sarcástico.

-E a Karen?

-Ela é apenas uma amiga de transa.

-Oh, cruel. Você não havia me dito que estavam namorando?

-Eu menti, só não queria ter que explicar nada. Porque uma criança como você não entenderia o significado disso.

-Mentiroso, ah não, imagina, eu não saberia que você vai para casa DELA, comer a comida DELA, usar o banheiro DELA e foder ELA.

-Onde foi que aprendeu esse linguajar, mocinho? Eu não te criei assim, onde foi que eu errei?!!-Volto o olhar para o teto após rir muito.-Liu?

-Hum?

-Eu ainda tenho aquelas paralisias?

-Sim.

-Muitas vezes?

-Só de noite, que eu saiba, né? Por que?

-Não sei, ás vezes quando isso acontece eu vejo uma silhueta de algo muito estranho. 

-Não se preocupe, o Jailson Mendes te protege, amém.

-Teu cu!-Jogo meu travesseiro no rosto dele morrendo de rir.-Cuidado que ele vai pegar seu pé enquanto dorme.

Por mais que passamos horas e horas rindo e batendo um no outro, eu estava completamente rachado por dentro, perturbado e angustiado. Buscando fugir todas as noites da completa escuridão e tortura, falando bobagens afim de que minha mente pare de chorar um pouco.

O Que Eu Sempre SonheiOnde histórias criam vida. Descubra agora