Hoje, está aqui comigo.
Não posso vê-lo, mas sinto o perigo.
Sob meu leito, seu abrigo.
Estou morrendo de medo, caro amigo.Alan Martins
Vivo mais um dia, mais uma semana nessa casa com a mesma rotina, eu acordo sendo atormentado pelo meu irmão, competimos quem vai tomar banho primeiro, sempre ganho, coloco meu uniforme, tomamos café juntos em uma cozinha repleta de sujeira e moscas, Liu lava a louça, pegamos nosso material e vamos para escolas diferentes causar problemas diferentes.
No final só me deram um aviso pela briga de ontem, graças a interferência da mulher da limpeza que me defendeu, valeu Cleide. A garota estava toda machucada, é claro que um garoto de 14 anos não conseguiria fazer aquilo nem em um milhão de anos. Ela ficou tão zangada hehehehe, ahhh como eu pagaria para vê-la com aquela expressão novamente.
-Jeff!-Minha mãe chama pelo meu apelido com alegria, estranhando tudo eu a acompanho e vejo meu irmão embasbacado sentado na cadeira com os braços debruçados na mesa da cozinha.
-O que está acontecendo?-Já estava ficando assustado o suficiente, quando Aquele homem entra na cozinha pensando que fazia parte da família, mais conhecido como um completo estranho/parceiro de fumo.
-Nós vamos nos casar!-Eles falam juntos se abraçando. Como assim? De companheiros de fumo foi para um romance ao ponto de casar?!Como é que isso funciona?! Eles só se conhecem a dois meses!LIU?!-Ele continuava com a aquela cara segurando passagens para algum lugar e na outra mão uma bolça enorme.
-O chefe de um amigo meu do exterior nos deu todo esse dinheiro para podermos nos estabilizar nos Estados Unidos e até comprar um carro!-Ele falava com um grande sorriso mostrando a bolça lotada de dólares, aquilo era dinheiro do tráfico certeza! Eles roubaram algum cafetão e agora vão colocar esse problema na nossa mesa, o que eu vou dizer para a polícia? Será que é um castigo por eu pensar em matá-los?!Ou porque eu pretendia arrumar um trabalho e me mandar daqui?!!.-Isso não é demais?!
-NÃO!-Acabo deixando escapar, logo podia sentir o olhar da mamãe queimando minhas costas, pronta para me torturar novamente, minhas mãos já estava sangrando de tanto que apertava para segurar a minha fúria e medo, o Liu acorda de seu transe me olhando sério, suspirando ele levanta.
-Pelo menos nos deem algum tempo para tentarmos similar o que irá acontecer.-Ela para de me olhar e volta a sorrir confirmando para ele, ainda atordoado sou puxado rapidamente por Liu me levando para o nosso quarto. Em silêncio, passamos a noite acordados no escuro, sendo acompanhados por uma densa e arisca chuva. Meus pensamentos eram escuros e nebulosos, minha mente parecia estar em estática, podia ouvir vozes ao fundo me dizendo palavras soltas e perturbando a minha mente. Liu parecia se sentir igualmente a mim, ele se levanta e se senta perto da minha cama no chão.
-Aguente firme, me sinto tão louco quanto você, amanhã não iremos nos opor, você sabe que não temos escolha, ao menos não temos nada que nos prendem aqui.-Eu o olho com um sorriso sarcástico.
-E a Karen?
-Ela é apenas uma amiga de transa.
-Oh, cruel. Você não havia me dito que estavam namorando?
-Eu menti, só não queria ter que explicar nada. Porque uma criança como você não entenderia o significado disso.
-Mentiroso, ah não, imagina, eu não saberia que você vai para casa DELA, comer a comida DELA, usar o banheiro DELA e foder ELA.
-Onde foi que aprendeu esse linguajar, mocinho? Eu não te criei assim, onde foi que eu errei?!!-Volto o olhar para o teto após rir muito.-Liu?
-Hum?
-Eu ainda tenho aquelas paralisias?
-Sim.
-Muitas vezes?
-Só de noite, que eu saiba, né? Por que?
-Não sei, ás vezes quando isso acontece eu vejo uma silhueta de algo muito estranho.
-Não se preocupe, o Jailson Mendes te protege, amém.
-Teu cu!-Jogo meu travesseiro no rosto dele morrendo de rir.-Cuidado que ele vai pegar seu pé enquanto dorme.
Por mais que passamos horas e horas rindo e batendo um no outro, eu estava completamente rachado por dentro, perturbado e angustiado. Buscando fugir todas as noites da completa escuridão e tortura, falando bobagens afim de que minha mente pare de chorar um pouco.
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O Que Eu Sempre Sonhei
RandomPobreza, tiroteios, sem educação, perversão humana, eram essas situações que faziam parte da rotina de Marleni quando jovem. Abandonada com sua mãe pelo pai, rejeitada pela sociedade por ter uma atitude "estranha", anormal, assustadora, uma situação...