A Princesa Sereia

Bumbi Buu IV

Vovô: Antes de começar com "era uma vez", preciso contar como tudo começou. Vamos ao prólogo.

Menino: O que é prólogo, vovô?

Menina: É um texto explicativo do livro. Na Grécia Antiga, era a parte inicial da tragédia em que o tema era exposto; no teatro, é uma cena introdutória em que as ações são explicadas antes do desenrolar da trama.

Menino: Como você pode saber essas coisas?

Menina: Porque eu estudo em vez de ficar no vídeo game.

Menino: É mentira dela, vovô, eu também estudo.

O velho dava boas risadas

Com aquele divertido casal:

A menina bem estudada;

O garoto que só brincava afinal.

Vovô: Vou começar a ler. Se vocês voltarem a brigar, fecho o livro. Entenderam?

Menina: Sim.

Menino: Sim, vovô... Não vamos mais brigar...

Vovô: Ótimo.

Há muito tempo atrás, em um arquipélago afastado de qualquer continente, existia um homem muito cansado das tantas guerras que enfrentava. Esse homem era conhecido como líder supremo de todo o caribe, seu nome: Bumbi Buu IV. Vivia em um castelo na ilha Sol Azul, nomeada assim por conta do céu que mudava de cor ao crepúsculo do horizonte.

As crianças seus olhos arregalavam

Com as primeiras falas que escutavam.

Menina: Crepúsculo é a primeira e a última luz do dia, não é?

Vovô: Sim...

Menino: Eu sabia.

Esse líder tinha uma esposa maravilhosa. A conheceu muito antes de sentir o peso da coroa, quando ainda eram meros jovens apaixonados por aventuras. Ocea, que viria a carregar o sobrenome Buu, cresceu brincando com Bumbi nos extensos corredores do grande castelo. Foi ultrajante aos olhos de quem não conhecia a linda amizade, quando Ocea, filha de um simplório conselheiro, foi convidada a ser uma das pretendentes de Bumbi, que não precisou aferir as dezenas de mulheres para escolher a sua favorita, seu coração já havia feito isso. O esplêndido casamento não deixou dúvida sobre haver paixão.

Deslumbrada, Ocea engravidou no primeiro ato físico de amor, deixando a impressão de que surgiriam muitos galhos na árvore genealógica. A família Buu precisava de herdeiros, uma vez que os dois irmãos de Bumbi morreram tragicamente ainda crianças, transformando-o em filho único. Pena que, durante a abençoada gravidez, houve um terrível ataque sobre o reino Sol Azul, desencadeando mortes e efeitos cicatrizantes. O bebê nasceu prematuro e sem avós para mimá-lo.

Designado como novo líder supremo, Bumbi Buu IV deu privilégio à esposa de escolher o nome da criança: "Meamba Buu, o príncipe do caribe", decretou a nova rainha. Há quem dizia que o bebê deveria carregar o nome do pai, se não, males ocorreriam. Ocea tinha suas razões. Meamba se tornou adulto; belo, saudável e... filho único. A rainha Ocea Buu tentou e tentou, entretanto, não conseguiu ter mais filhos.

Vocês, crianças, não entenderiam se eu fosse contar como era a política daquele lugar... se bem que... tudo acabava em guerra.

Meamba cresceu durante as turbulências das pelejas. Lutou e protegeu, tanto no mar quanto na terra. A paz não vingava. Seu pai, aproveitando as tantas celebrações que eram feitas, convocou todos os reis que habitavam o sublime arquipélago para irem ao seu castelo. Todos esqueciam seus problemas e individualidades durante as celebrações (um belo tratado de paz); naquele dia, não foi diferente. Em meio às taças de vinho e animais assados, o rei Bumbi anunciou que apostaria seu trono em um torneio no mar, sem envolver violência, apenas talento em navegação, para pôr um ponto final no derramamento de sangue. De princípio, acharam que era piada, mas a verdade estava cravada naquele que não aguentava mais matar seus semelhantes. Todos queriam dominar o caribe, aceitaram, mesmo alguns suspeitando que o líder Bumbi Buu estivesse com segundas intenções.