Estrela perdida

7.

Lizzie

Então a típica cena de filme se repete, lá estava eu com a porta recém fechada, suspirando e com o coração acelerado, me sentia novamente aquela garota de 16 anos que conhecia seu primeiro amor, com o coração inflado de um sentimento novo, respirando fundo com a mão sobre a boca eu sorria. Sorria como uma garota que havia sido beijada pela primeira vez, a sensação era diferente e boa ao mesmo que me assustava e muito, não posso negar Rick desperta em mim coisas que nem eu mesmo sei explicar, mas eu ainda não estava preparada para me entregar, não poderia entregar o meu coração a um cara que claramente o destruiria e o levaria para longe, não estou preparada para estar despedaçada novamente, talvez ele tenha razão, talvez eu seja covarde, ou simplesmente porque já sofri demais, mas eu admito eu tenho medo, medo do que esses sentimentos podem fazer comigo.

Aos poucos obriguei meu corpo a se mexer, tirando o meu sapato vou até a cozinha com ele ainda minhas mãos sirvo uma taça de vinho, luli vem até a mim esperando a cabeça sobre minhas pernas chamando minha atenção.
- ei garotão estou de volta. - me abaixei fazendo um carinho e ele todo manhoso resmungando. - eu sei que não gosta quando eu bebo. Mas hoje eu não vou ficar triste. - falei com ele tentando convencer a mim mesma, era incrível como ele compartilhava os meus sentimentos e parecia que sabia que toda vez que eu pegava aquela taça é porque ou estava triste ou porque de fato eu iria ficar, ele era um bom amigo, um dos poucos que eu tinha. Nunca fui uma pessoa muito sociável, na adolescência eu até era, mas depois de todo o desastre eu meio que me fechei pro mundo, aos 16 eu perdi muitas pessoas inclusive quase me perdi, dez anos mais tarde a culpa segue aqui, as consequências sempre aparecem junto com os pesadelos, eu continuo perdida, porém viva. Muitas noites eu me pergunto o porque de não ter sido eu e não eles. A essa culpa me consome, depois disso eu tive poucos amigos 3 para ser exata, mas ambos haviam ido embora ainda mantinhamos o contato, então teve o gabe, éramos amigos e ele era incrível comigo, conheci ele um ano após o acidente, nos aproximamos, saímos algumas vezes, quando eu estava com ele a dor e a culpa diminuiram, nunca foram embora, mas ele, estar com ele era um pouco mais suportável, fazíamos praticamente tudo juntos, saímos para jantar em todo aniversario de namoro, e nos dias difíceis, nos dias que a dor chegava ao seu auge, ele estava lá para enxugar as minhas lágrimas, naquele tempo eu me permiti abrir meu coração remendado e ele o aqueceu, eu acho que naquela época eu o amei, não como havia amado Brian, mas eu amava o modo de como ele me salvou depois do caos, então Gabe me pediu em casamento na minha formatura, estavamos planejando morar juntos a algum tempo então no jantar após a cerimonia o pedido foi feito, mas não foi nada como eu esperava, eu sempre me perguntava será que realmente era amor? Eu quis não aceitar, mas era tão grata a tudo que Gabe trouxe para minha vida, por ter me aceitado quebrada, por ter me amado, sim na época eu achava realmente que ele me amava, eu disse sim, mesmo que em meu coração alguma coisa gritasse que não. No fundo eu sabia que não era certo. E não era, ele não me amava, eu estava pronta para construir uma vida ao lado dele, era o momento certo para deixar tudo para trás, mas ele era a pessoa errada na hora certa, chovia naquele dia, eu sai mais cedo do escritório recém aberto, naquele dia eu não passei no café, fui direto para casa, "nossa casa", e aquela cena no tapete da sala de estar é, e continua sendo um lembrete em minha mente: Não deixe ninguém entrar em seu coração. Meu então noivo estava na "nossa casa", com outra mulher, mulher essa que não era sua noiva, a sua noiva no caso eu, ela estava toda molhada com a porta aberta tendo seu coração partido pela segunda vez. A frase não é o que você esta pensando, não foi assim, o eu te amo e me perdoe apareceram, mas eram só ecos, eu o amava Talvez não de todo coração, mas isso não significava que ver aquilo não doía e o pior é que eu estava disposta a dar o meu coração sem restrições, mas ele foi quebrado, esmagado e destroçado. Eu precisava lembrar da dor de ter um coração partido.
Essas lembranças ainda doíam, mas também me deixavam mais forte, tomei um gole do vinho depositei a taça sobre o aparador coloquei comida para o luli que me fez um carinho e saiu correndo em direção ao seu potinho, olhei algumas mensagens respondi a mensagem que Hanna minha amiga de longa data havia enviado ela estava morando na Itália, Toscana. A foto ela estava sorridente com um rapaz muito bonito, na legenda havia, " Itália acabou de ganhar meu coração." Sorri após ler sabendo exatamente sobre o que ela se referia, nos conhecemos na faculdade, ela era uma amiga Leal e generosa, sinto sua falta, ela sabia me fazer rir. Logo respondi sua mensagem.