Relatório da manhã: cerca de setenta e cinco pessoas passaram pela praia de Delfínia entre às sete e as doze horas. Uma jovem de vinte anos ficou presa em um emaranhado de algas próxima ao rochedo, foi socorrida e passa bem. Outra jovem de dezoito anos se afogou, também foi socorrida. Duas outras jovens de dezessete e dezenove anos caíram de suas pranchas e foram levadas pela correnteza, foram resgatadas e trazidas de volta à terra. Visão geral: turno parcialmente agitado.
- Meu Deus. Aconteceu tanta coisa assim hoje de manhã? - Mauri perguntou quando li o meu relatório pra ele.
- Pois é. Hoje foi tenso, entrei no mar tantas vezes.
- E todas garotas, jovens. Elas deviam saber nadar. - O homem estava confuso.
- Hmmm, vai ver se distraíram com algo... - Disse, com mais deboche que queria.
- O que quis dizer?
-Nada, é que... tem um turista novo na ilha, um surfista. - Revirei os olhos assim que notei o sorrisinho duvidoso de Mauri. - E sim, ele é muito bonito.
- Hmmm, te conheço há muitos anos Mônica, desde que você começou como salva-vidas. Sei quando você está interessada em alguém. - O homem riu.
- Eu? Interessada por ele? Não, com certeza não.
- Ah, Mônica. Vamos, eu sei como você é. Me sinto como um pai pra você.
- Eu agradeço esse carinho todo, mas esqueça. E mesmo se eu tivesse interessada nele, isso só me causaria problemas. - Girei minha cadeira de volta pra janela, onde podia observar a areia.
- Agora estou confuso. - Mauri dizia, organizando o balcão de enfermagem. - Que tipo de problemas?
- Ah, sabe o impacto que um surfista bonito tem nas garotas dessa ilha. Se lembra do verão passado?
- E tem como esquecer? - Mauri soltou uma gargalhada e eu o acompanhei.
No verão passado, um surfista brasileiro veio passar um tempo na ilha, e um dia algumas garotas começaram a brigar por causa dele, e rolou briga do nível extremo. Cinco jovens puxando o cabelo umas das outras, arranhões e tapas pra todo lado, algumas engolindo areia e uma quase perdeu o biquíni. Eu, Mauri e alguns moradores tivemos que apartar a confusão, e assim que acabou, a cena virou piada entre todos da praia.
- Pois é. Eu não quero estar no meio desse tipo de confusão. - Disse por fim. - Bom, já passou da minha hora, preciso almoçar.
Me despedi dele e fui para o quiosque. Durante a breve caminhada, observei algumas crianças brigando por causa de uma bolinha de frescobol.
- Me devolve! A bolinha é minha! - Um garotinho disse.
- Só devolvo se você me deixar brincar também! - O segundo menino disse.
- Não, você é chato! - Um terceiro menino gritou.
- Ei, meninos. O que está havendo aqui? - Eu me aproximei dos pequenos, com calma.
- Oi, moça salva-vidas. - O primeiro menino disse. - Eu e meu amigo estávamos jogando, mas aí meu irmão apareceu, pegou a bolinha e não quer devolver mais!
- Eles não querem me deixar jogar! - O irmão do menino cruzou os braços.
- Ei, calma. - Me agachei para ficar na altura deles. - Todos vocês estão errados nessa confusão. Você não pode deixar seu irmão de fora. - Olhei para o outro menino. - E atrapalhar o jogo não vai fazer a situação melhorar.
- Tem razão. - O pequeno descruzou os braços. - Me desculpa. Pega a bolinha de volta. - Ele retirou a bola do bolso da bermuda.
- Me desculpa por brigar com você. - O irmão dele respondeu, pegando a bolinha.
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Cheio de Onda - Jackson Wang
FanfictionAtraente como as ondas quebrando. Forte como uma maré. Bonito como o horizonte salgado. Intrigante como o fundo do oceano. Aquele surfista chegou como um tsunami, arrastando suspiros com a espuma da água. E eu estou muito afim de pegar essa onda. Ch...