CAPÍTULO 4

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Já haviam quase três meses que Sara tinha começado a diálise...

Estava fraca, cansada.
Mas continuava linda.

Eu sempre ia escondido encontra-la. Ela não queria que a família soubesse. Eu preferi respeitar.

Durante a sessão ela não poderia ter visitas, eu passava o tempo todo do lado de fora, esperando. A sua mãe diversas vezes esteve a meu lado, mas sem saber quem eu era. As vezes ela saía, e a mãe já estava lá.
Eu não podia nem beija-la ou abraça-la.

Transamos nesse período só duas vezes, por que ela precisou parar de trabalhar.

Patricia veio buscar suas coisas num dia que eu estava aqui no hospital. Não falou nada, não deixou um bilhete. Só o cartão da advogada dela. Foi melhor assim.
Eu ia ao hospital ver Sara chegar, e ficava vendo-a de longe.

Hoje a mãe dela se despediu.
— Eu volto as 17h vai precisar me esperar um pouquinho. OK? Amo você.

Beijou a Sara, que estava sentada na recepção aguardando sua vez, e se foi.

— Você não desiste?

— Não me passa pela cabeça desistir de você.

— Cláudia, vai embora. Olha como eu estou...

— Continua linda!

— Me deixa vai! Por favor.

— Sara eu não sei o que é. Mas eu quero estar do do seu lado. E é o que tenho feito. Alterei minha grade de aulas e passo as tardes que você vem aqui te olhando de longe. Você não me atende mais, não me responde no whatsapp. Poxa...

— Cláudia eu vou morrer! Entenda!

— Eu também Sara. Todo mundo vai. Mas eu quero estar do seu lado. Eu quero cuidar de você.

— Eu não vou ter forças pra lutar...

— Eu estarei do seu lado. Mesmo de longe.

— Ninguém vai aceitar. Por favor, vai embora.

— Vou esperar você...

A enfermeira veio com a cadeira de rodas e a levou.

— Vai embora, por favor

A enfermeira seguiu e eu falei alto para que ela ouvisse: 

— Sara! Eu te amo!

Quando me virei pra sentar, a mãe dela estava atrás de mim.
Acho que pela primeira vez na vida eu não soube o que fazer.

Puta que o pariu.

Ela ficou me olhando séria.

— O que foi isso?

Eu não sabia o que dizer

— Você... Você e minha filha? – Falava com a voz trêmula. — Quanto tempo?

— Há uns meses. – Sabia o que ela gostaria de saber, respondi de cabeça erguida. — Há algum tempo.

— Você seduziu minha filha?

— Não. Aconteceu... Eu a amo.

— Eu te via aqui todos os dias. Nervosa. Era Sara que você esperava?

— Sim... Espero todos os dias para vê-la um pouquinho, saber como ela está.

— Não estou entendendo... Ela não me falou.

— Está com medo e vergonha.

— Ela me contava tudo... Não acredito que não confiou em mim.

Curiosidade (Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora