17- My Father Is a Monster.

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Já tinha amanhecido e eu estava toda quebrada, cada centímetro do meu corpo doía. Eu realmente não nasci para dormir no chão.

- Da próxima vez eu trago uma cama. - falei saindo da barraca.

- Vai ter uma próxima vez? - Rosé me encarava com uma cara de "misericórdia, Senhor."

- Melhor não, né?

- Pelo amor de Deus, não! - eu ri.

- BOM DIA, PESSOAS LINDAS E MARAVILHOSAS, QUE MORAM NO MEU CORAÇÃO! - Lisa gritou ao sair da sua barraca.

- Credo, que ser humano acorda de bom humor depois de ter passado a noite toda no chão? - perguntei com o cenho franzido.

- Euzinha. - veio saltitante em minha direção. - Mas é só porque a gente vai embora hoje. - sussurrou no meu ouvido. - Não aguento mais ver mato para todo canto que eu olho.

- Eu também não aguento mais. - sussurei de volta e ela riu.

- Bom dia, meninas! - meu pai apareceu e eu me afastei de Lalisa com uma rapidez impressionante. - Vamos arrumar nossas coisas, não quero chegar em casa muito tarde.

- Tudo bem. - falei.

Como já era de se esperar, eu fui um desastre ao tentar desmontar a minha barraca, por sorte Ally estava por perto e não me deixou passar vergonha. Demoramos cerca de duas horas para desmontar todas as barracas e juntar nossas coisas. Na verdade, eles demoraram, porque eu fiquei o tempo todo sentada só observando.

- E então? - meu pai se aproximou quando todas as nossas coisas já estavam no carro. - Quando vamos fazer isso de novo?

- Que tal nunca? - Chaeyoung respondeu, sendo totalmente ignorada por ele. - Babaca. - sussurrou tão alto, que nem parecia um sussurro, mas que também foi ignorado. Jisoo observava tudo sem dizer uma palavra.

- Hein, meninas? Quando faremos? - perguntou se direcionando a Lisa, Ally, Clara e a mim.

- Quando meus lindos filhos de olhos âmbar quiserem. - Lisa e Clara se entreolham com os olhos arregalados, enquanto as outras garotas me encaravam sérias. - Mas se eles puxarem os pais, eles provavelmente não vão querer, então a resposta final é nunca.

- Meus netinhos vão amar a natureza, assim como Austin e eu. - revirei os olhos ao ouvir o nome daquele idiota.

- Ata. - a de franja falou. - Boa sorte com seus netinhos dos olhos âmbar, amantes da natureza. - Clara a empurrou de leve, antes de encara-la com um olhar reprovativo.

- Espera, âmbar? Austin não tem olhos verdes. - falou confuso.

- Eu sei, era só um sonho meu, nada de mais. - sorri. - Mas caso não aconteça, meus filhos vão usar lentes.

- Ah, mas não vão mesmo. - falou. - Lente de contato é coisa de boiolinha. Fiquei enjoado só de pensar.

- Nossa, obrigada por poluir o ambiente com essa sua homofobia de merda. - Jisoo falou em alto e bom som. - Você é nojento. - meu pai a encarava com ódio.

- Foda-se o que você acha de mim, eu estou falando com a minha filha, você não tem direito nenhum de se meter em um assunto de família. Quando eu estou falando você tem que calar a boca e ouvir, quando eu quiser sua opinião ridícula, eu peço. - falou em um tom agressivo.

- Quem você pensa que é para falar assim com a minha garota? - Roseanne ficou de frente para Alejandro.

- Alguém que não pediu a opinião dela. - respirou fundo. - Eu não quero e nem vou ter viadinho na minha família.

- Engraçado dizer isso. - falei.

- Vamos embora, já cansei desse lugar. - Clara falou pegando no braço dele, o puxando até o carro em seguida.

O caminho para casa estava sendo tão silêncio que eu já estava quase chegando ao ponto de abrir a porta e pular, mas como era eu quem estava dirigindo dessa vez, não podia fazer isso. Toda vez que eu tentava puxar assunto, só recebia "uhum"s como resposta. Seria possível perder a amizade de Chaesoo por causa da homofobia do meu pai? Isso estava realmente me preocupando.

- Chaeng, Soo... me desculpem por isso. Se eu soubesse que meu pai faria isso, eu nem teria insistido para que vocês viessem. Eu realmente sinto muito.

- Está tudo bem, Jen, a culpa não foi sua. - a de cabelo roxo falou e pude respirar aliviada.

- Seu pai é um merda. - a loira falou, me fazendo rir. - Homofóbico da porra.

- É, eu sei, queria que ele fosse que nem a Clara, ela reagiu super bem com a Lili.

- Minha mãe é minha melhor amiga, ela nunca me deixaria na mão. - falou enquanto mexia no celular.

- Quem me dera meu pai fosse assim. - suspirei. - Vai ser difícil contar a ele sobre... a gente.

- A gente não precisa contar. - parou de mexer no celular para me olhar.

- Querendo ou não, uma hora vocês vão ter que contar, ou ele vai acabar descobrindo sozinho. - Ally se manifestou. - Já deu para perceber que discrição não é muito o forte de vocês.

- Não mesmo. - Park riu.

O resto da viagem foi divertido, nós não paramos de conversar, brincar e rir nem por um minuto.

Rosé revelou a história de Chaesoo, que era bem interessante para falar a verdade. Chaeyoung se sentia atraída pela Jisoo desde o primeiro dia em que a viu, mas fazia de tudo para esconder isso dela, porque tinha medo de que ela não a visse da mesma forma e não queria afasta-la, porque querendo ou não, ela era uma ótima amiga. Na época Jisoo namorava Louis, mas ele acabou se assumindo gay, o que a deixou bem para baixo, mas por um lado até que foi bom, porque ela começou a ver Chaeyoung com outros olhos, já que a loira foi a que mais a apoiou após o término. Quem deu o primeiro passo foi Jisoo, o que deixou Rosé completamente desesperada, ela não esperava isso da amiga. Chaeyoung ficou evitando a mais velha durante uma semana, ela achava que a de cabelo roxo estava confusa, por isso havia a beijado, mas adivinha só, ela não estava nem um pouco confusa, ela só estava apaixonada pela melhor amiga. Depois daquela semana, ambas fingiram que nada tinha acontecido, ou melhor, que aquilo não significava nada para elas, quando na verdade, elas iam dormir pensando nos lábios uma da outra. Um mês depois, elas foram para uma das inúmeras festas do colegial e acabaram bebendo demais, o que rendeu muito mais do que apenas um beijo. Depois daquilo elas meio que perderam a "vergonha" e começaram a ficar com frequência. Elas ficaram por dois meses, até que Rosé a levou para um piquenique, onde a pediu em namoro.

- Ainda não entendi o porque de esconder isso de mim. - estacionei o carro em frente a casa de Ally.

- Porque escondido é mais gostoso. - Jisoo mordeu o lábio inferior. - É mais excitante.

- Jesus, tenha misericórdia dessas criaturas que só sabem pensar naquilo. - Ally falou erguendo as mãos para cima. Todas nós rimos.

- Amém. - respondemos ao mesmo tempo.

- Idiotas. - revirou os olhos, o que nos fez rir mais ainda. - Eu vou embora que é o melhor que eu faço. - saiu do carro. - Tchau, sapabonde.

- Tchau, pastora. - mostrou o dedo do meio. - Nossa, pastora, que rude.

- Vai se fuder, Jennie.

- Sua auréola está caindo, cuidado para chifrezinho não crescer. - falei em meio a risadas.

- Vai para a puta que te pariu.

- Ela já morreu.

- Então vai para o puto que jogou esperma na puta que te pariu.

- Já estou indo. - dei partida, indo até a casa de Roseanne e depois de Jisoo, voltando para casa com Lisa ao meu lado.

The Cheerleader - LLM + JNK Where stories live. Discover now