Stubborn Love ⚢

Epílogo

"Nunca pensei muito em como morreria...''

Ahhhhhh que coisa mais sem noção! Desculpa fãs de crepúsculo e toda a saga, mas Isabella Swan é o sinônimo moderno de masoquismo a la Shakespeare. Obviamente sem a bagaceira classuda de Romeu e Julieta. Talvez seja muito Emily Brontë? Realmente não sei e paciência falta para terminar esse livro.

Estou me sentindo ansiosa. Um nervosismo gostoso, sabe?! Daqueles que sabemos que algo muito bom vai acontecer, não só no dia, mais neste novo ano que se inicia. E por isso acordei muito cedo. E por isso, também, que tentei pela terceira vez começar a leitura da obra prima de Stephanie Meyer.

É... Definitivamente não iria rolar! Camila que me desculpe, mas minha companhia será somente nos filmes e olhe lá.

Falando nela, sinto meu celular vibrar na mesinha de cabeceira, com seu apelido e vários corações na tela. Não era estranho que ela já estivesse acordada às 06h, mesmo morando muito perto da escola, pois tinha um ritual sagrado para pele e cabelo. Nisso nós duas éramos bem diferentes: ela toda patricinha e eu, bem, eu sou eu. Se tivesse que me descrever em uma palavra, diria nerd. Ainda usam essa palavra em pleno 2012? Bom, não importa. Amo o universo de HQ, mangá e tudo que tenha super-heróis. Sou Team Marvel, poxa! Mas amo a Mulher Maravilha e Harleen Quinzel, ok?!

A foto que Camila me manda é do Diego vestido com uma camisa do Colégio Moraes. Quem no mundo manda fazer uma roupinha de escola para o cachorro? Só ela mesma. Respondi com emojis de coração, fofura e risada, além do nosso famoso ¡Buenos días, boluda! Sabendo que não teria resposta alguma, fui tomar banho.

Minha grande dúvida após me vestir era como iria deixar meu cabelo rebelde: preso ou solto? Camila e eu havíamos planejado um cronograma capilar lindinho nas férias. Obviamente que ela seguiu todo e estava com o cabelo maravilhoso, mas eu quase não tive tempo de segui-lo, então, meus fios se encontravam maiores, com pontas duplas, e bem ressecado, fruto dos banhos de rio. Agora sim entendo o que ela sempre fala sobre cabelos cacheados precisarem muuuito de hidratação. Certeza que ouviria assim que nos encontrássemos.

Lourdes já havia me chamado umas três vezes para tomar café da manhã. Minha indecisão com o cabelo foi deixada para trás quando vi que faltavam apenas vinte minutos para o início da aula, se não corresse agora, perderia não só o café, mas também a carona.

- Bom dia, Lourdes! – a mesa que ela fazia estava impecável como sempre. – Vou pegar isso aqui e já vou. – peguei umas bisnaguinhas e saí correndo. – Essa mesa está linda! – ainda gritei.

- Bom dia pra você também, minha menina. – ainda a ouvi dizer antes de chegar à garagem e ver a caminhonete passando pelo portão.

- Bom dia, pai! – cumprimentei entrando no carro que havia parado. – Desculpa, mas dormi mais que a cama. – menti.

- Bom dia, Carolina. – respondeu passando uma rápida olhada no meu cabelo - Pensei que estaria ansiosa, afinal é seu primeiro dia de aula do último ano da escola. – disse colocando tudo nessa sentença mortal.

- Éeee – ele me conhecia bem. – Realmente estou mega ansiosa. Nem consigo comer. – apontei para as bisnaguinhas em minhas mãos.

- Já passa. – me deu um daqueles sorrisos sarcásticos, antes de acelerar o carro. Era sobre o ano ou pelo meu cabelo?

O som da caminhonete já estava ligado, mas quando 'Como eu Quero' do Kid Abelha começou a tocar, meu pai aumentou o volume. Um sentimento de animação se apossou de mim, afinal aquela era uma das canções que costumávamos escutar nas viagens para serra com minha mãe.

Olhar minha figura paterna ali do lado, batendo os dedos longos no volante, seguindo o compasso da música, não me fazia sorrir, mas sim relembrar a ausência dela. Ela amava Kid Abelha, cara! E embora ela causasse felicidade no início, do meio para o fim, sempre trazia a sensação de vazio, pois foi com aquela música que nos despedimos dela há sete anos.