Capítulo treze - Esmeralda

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     Acordo quando sinto a luz do dia batendo no meu rosto. Demoro um pouco para processar o que aconteceu e sento na cama. Não tenho nenhum sinal do Peter no quarto, então deve estar no banheiro. Tenho a certeza que não iria embora sem se despedir.
    Sorrio ao lembrar da nossa noite. Da nossa primeira vez, de um momento especial para mim. Pena é que não tive tempo de dizer que o amo para tornar o momento ainda mais especial, mas posso fazer isso mais tarde, agora já não há nada a esconder.
    Recebo uma mensagem, me fazendo olhar para o meu celular na mesa de cabeceira. Imediatamente, vejo um presente do outro lado da cama, me fazendo sorrir ainda mais. Eu não podia pedir um namorado melhor que Peter.
    Pego no bilhete primeiro e leio:

    A noite de ontem foi muito boa, mas acabou. Tudo acabou. Não podemos mais nos ver.
                                        Peter

    Leio o bilhete novamente, me fazendo derramar lágrimas, fazendo eu sentir uma dor profunda e cruel dentro do peito. Queria não ter lido isso, mas eu não posso apagar o que eu li da minha mente. Eu não posso!
    Abro o presente que é um colar de diamantes grande e pesado com as pedras brilhantes por todo o lado. É como se fosse uma recompensa ou um pagamento por ter transado com ele. Como eu pude ser tão burra? Como?
    Cubro o meu rosto e choro como se alguém fosse me ver, me sentindo como um lixo, um brinquedo que ele usou e jogou fora quando não precisou mais. Eu sabia que era bom demais para ser verdade. Devia ter desconfiado de tudo isso.
    Sinto uma dor horrível e não consigo parar de chorar. Sempre pensei que Peter era uma boa pessoa, eu sempre achei que seria incapaz de uma coisa assim. Porquê ele fez isso comigo? Porquê?
    Limpo o rosto com os lençóis e olho para as manchas de sangue nele, que me fazem sentir ainda pior, porque eu me entreguei para ele. Eu confiei nele, eu fui a pessoa mais idiota desse mundo. Não acredito que eu pensei que ele sentia alguma coisa por mim. Ele planejou isso desde o início. Ele me usou.
    Eu levanto da cama e pego o meu vestido do chão que está por cima do relógio do Peter. São seis horas, mas não acho que eu seja capaz de trabalhar hoje. Eu não acho que consigo encarar Peter hoje. Eu só quero sair daqui.
    Lavo o meu rosto primeiro, visto as minhas roupas imediatamente, guardo o colar e o relógio, depois pego no meu celular. Calço os meus sapatos e saio do quarto de hotel.
    Contenho as minhas lágrimas. Não quero pensar nele e chorar para que todos me vejam. Ninguém precisa saber que eu sou uma pobre coitada muito burra que acreditou nas palavras de um homem e foi terrivelmente enganada. Ninguém precisa saber que nesse momento tenho um coração quebrado e que tenho vontade de gritar. Ninguém precisa saber que estou sofrendo por alguém que não merece.
    Eu tento de todas as formas não chorar, mas quando eu saio do elevador, minhas lágrimas escorrem pelo meu rosto e sinto meu peito doendo da pior forma possível, criando um grande nó na minha garganta. Ando até a saída, sabendo que as pessoas olham para a pobre coitada que foi enganada.
    Eu atravesso a estrada e caminho até um pequeno restaurante. Pego no meu celular e ligo para Safira, mas não acho que eu vá conseguir falar, então envio uma mensagem para ela. Peço para que venha me buscar na frente do hotel Blue Mountain. Ocupo um banco na calçada enquanto espero que ela venha, mas eu acho que a essa hora ela deve estar dormindo.
    As pessoas que passam olham para mim, só que não estou me importando. Eu só quero ir para casa, tomar um banho e chorar na minha cama. Eu só quero esquecer o que aconteceu. Mas eu não posso esquecer. Porque ele foi o primeiro e a gente nunca esquece a nossa primeira vez. Mas o que me deu para fazer uma coisa dessas?
    Pego no celular e penso em ligar para Peter e perguntar porquê ele fez isso, mas desisto no mesmo momento. Ele foi bastante claro quando disse que tudo acabou e que não podemos mais nos ver. Ele deixou claro que nunca gostou de mim, então não tenho nada para perguntar, nada que conversar.

    Limpo as minhas lágrimas, o que é completamente inútil porque não consigo contê-las. Estou fazendo uma triste figura chorando na rua. Mas eu sei que o pior já passou. O pior foi confiar em alguém que não tem um coração. Alguém que não se importa com os sentimentos dos outros.
    Estou esperando há trinta minutos quando recebo uma ligação de Safira. Limpo as lágrimas como se ela podesse me ver e atendo, tentando disfarçar a minha voz, mas eu não consigo. Ela sempre vai saber quando eu não estiver bem.
    — Alô! — Atendo.
    — Onde você está? O que está acontecendo?
    Vejo o carro do Henry na frente do Hotel e atravesso a estrada. — Estou vindo.
    — Você está bem?
    Chego até eles e entro no carro, desligando o celular. Safira olha para trás e me vê chorando. Ela desce do carro e vem sentar no banco de trás comigo. Henry olha para mim com pena, e Safira me abraça apertado não me fazendo mais nenhuma pergunta.
   — Eu estou aqui. — Ela beija a minha testa. — Henry, por favor nos leva para casa.
    — Claro, meu amor! — Ele começa a dirigir.
    Fico chorando nos braços de Safira, sentindo que a cada segundo que passa, dói cada vez mais. Sinto que ele arrancou uma parte de mim, matou uma parte de mim. E pensar que suas palavras não passavam de mentiras, conversas para me levar para a cama. Jade teve razão desde o início. Afinal, porquê Peter Tales iria namorar com alguém como eu? Devia saber a partir do momento que pediu segredo. Eu sou tão idiota que não vi. Ele me enganou em tudo. Caí em todas as suas mentiras e agora ele deve estar rindo da minha figura triste e ridícula. Ele deve estar feliz por ter o que queria.
    Fecho os meus olhos para não lembrar dele, porém só pioro as coisas. E as palavras daquele bilhete não saem da minha cabeça. Nem o fato dele me pagar com um colar de diamantes por ter transado com ele, como se eu fosse sua prostituta de luxo. Ele é a pior pessoa que eu conheço. Eu quero odiá-lo, quero esquecê-lo. Ele quebrou uma parte de mim. E isso eu nunca vou perdoar.

Esmeralda - Pedras preciosasWhere stories live. Discover now