X. diferente

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Naquele fim de tarde quando resolveram voltar para casa, Jeongguk passou a ver tudo de um modo diferente.

Diferente? Não, talvez essa não fosse a palavra correta. Quando era mais novo suas atitudes pareciam leves, como se não necessitassem de tanto esforço seu para serem pensadas. Taehyung sempre esteve ao seu lado, tinham uma ligação única que os permitia entender o que cada um desejava, faria.

Aquilo parecia estar retornando novamente. Enquanto caminhavam juntos, as mãos buscavam uma pela outra. Os sorrisos surgiam sem nem mesmo precisarem de algo grandioso que os motivasse, o simples pensamento de que tinham-se ali, apenas eles, era suficiente.

As cartas estavam na mesa e os dois podiam ver muito bem. Passados haviam sidos desvendados, dúvidas solucionadas, tristezas e solidão substituídas por alegria e companhia.

Estavam tratando tudo o que lhes era infortúnio, ajudando a destruir as correntes que os prendiam a maus pensamentos.

Assim que chegaram na casa do ruivo novamente, foram em direção ao quarto e permaneceram deitados por minutos. As respirações calmas enquanto os corações batiam um pouco nervosos. Mas era bom, a sensação de sentir os batimentos fazia ter certeza que estavam acordados, que quando retornassem para a faculdade, aquelas boas memórias estariam lá.

Não houve palavras, apenas ações. Algum carinho nas madeixas ou na bochecha, um sorriso espontâneo, um suspiro em deleite. Aquelas poucas e pequenas coisas que garantiam que além de estarem no lugar certo, também estavam com a pessoa certa.

E desde o início, sempre fora assim.

[🎡]

Quando as mochilas foram organizadas novamente para que voltassem a faculdade, Jeongguk se despediu da mãe do Kim e foi até a porta, aguardando pelo ruivo. E antes que Taehyung fizesse o mesmo, sentiu o pulso ser segurado com gentileza.

- Cuide dele, querido - a Kim mais velha disse enquanto sorria para o filho, acariciando as belas madeixas ruivas do mais novo. - Ele parece um garoto forte agora, mas há algo nele que ainda sofre. Tenho certeza disso. Palpite de mãe, acredite que nunca erro.

Taehyung sorriu, puxando a mais velha para um abraço. Assentiu confiante antes de sair pela porta, encontrando Jeon mais a frente o aguardando.

Pelo caminho todo conversaram como bem sabiam. O passado acabava sempre voltando, mas já não era algo ruim. Estavam aprendendo a aceitar que para toda aquela demora houve motivos e razões, e pretendiam lidar com aquilo de modo adequado, e não seria ignorando que algo mudaria.

Quando finalmente voltaram para a faculdade, tinham noção que precisavam evitar algumas coisas afim de não prejudicarem um ao outro com ações e pensamentos maldosos de pessoas que ainda não tinham nenhuma noção de bom senso.

Jeongguk sentiu o corpo receber um calor agradável quando fora abraçado, tratando de retribuir aquela sensação. Afastou-se minimamente apenas para ver o olhar carinhoso que lhe era dado por Taehyung.

- Até mais - Jeongguk disse, sentindo o coração bater acelerado só pelo simples fato de Taehyung ter sorrido tão abertamente para ele.

- Até mais, Jeongguk - o ruivo respondeu.

Se afastaram em busca dos próprios quartos, e Jimin sorriu desacreditado ao ver Jeongguk contente ao entrar no quarto.

- É difícil ver você assim - Jimin disse, sincero. Desde que havia se tornado amigo de Jeon, percebera que ele era monótono. Falava pouco e quando falava, as palavras saiam no automático. Conseguia tirar um pouco o mais novo daquela monotonia, mas não tanto quanto aquele sorriso que ele esbanjava enquanto caminhava pelo quarto.

Cartas Para Lua | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora