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Assim que coloquei os pés para dentro do salão, os olhos de todos foram direcionados a mim, deixando-me completamente corada de vergonha. Por onde eu passava, as pessoas me cumprimentavam e, a maioria delas, eu não conhecia. Ainda arrastei meus olhos pelo salão, em busca de ver ao menos a senhora Diarra, mas não a encontrei.

O salão está belíssimo, com uma decoração luxuosa, passando do dourado para o branco. Existem algumas imagens ao fundo do palco montado para a realização da cerimônia e, meu resto está em uma delas. E não pude deixar de notar, o quanto a Any Gabrielly da imagem está diferente da que está aqui hoje, que venceu seu pior pesadelo.

— Boa noite, meus caros. Daremos agora, início à nossa solenidade! – uma mulher, provavelmente do cerimonial diz e nos pede para sentarmos.

Em seguida ela chamou ao palco o dono do Instituto, os dois melhores doutores que existem nele, bem como o Sargento Hidalgo (que não cheguei a conhecer, mas foi o responsável por manter a Cruz Vermelha em segurança) e o General Rodriguez, a quem tenho muito que agradecer.

Enquanto todo aquele blábláblá que esse tipo de evento tem, consegui enxergar a enfermeira Diarra com seus familiares, em uma mesa mais a frente do palco e fiquei tão feliz por vê-la bem e recebendo o carinho de seus filhos e netos. Ela foi uma peça muito importante nesse meu quebra cabeças chamado vida.

— Agora, gostaríamos de chamar até aqui, a Doutora Any Gabrielly, para receber sua medalha de honra do Congresso, por seu excelente trabalho prestado durante todo o período de guerra.

Enquanto me levantava e subia até o local, meu coração acelerou e um filme passou por minha cabeça. O momento em que fui recrutada, as inúmeras perdas que tivemos, o som da gaita de Joshua e a felicidade em tê-lo ali, o fim da guerra, à volta para casa... Assim que chego ao lado da cerimonialista, ela dá espaço para o General se aproximar do microfone.

- Doutora Any Gabrielly foi nosso pilar durante os anos que passamos em campo. Cuidou com carinho de todos nossos homens e sofreu cada perda que tivemos. Lutou pelos direitos de alguns e ainda que não tenha tido o sucesso que queria, usou de todos os seus conhecimentos para manter a honra dos que estavam sobre sua responsabilidade. Manteve a confiança de sua equipe todo o tempo e, mesmo em seus dias de maior solidão, dor e saudades de quem permaneceu aqui, sorriu – meus olhos marejaram neste momento – É com o maior orgulho que lhe entrego hoje, Doutora, a Medalha de Honra do Congresso, por sua bravura, coragem e empenho durante todo o período em campo.

Todo o salão que estava em silencio levanta e se põe a aplaudir. Era quase ensurdecedora a quantidade de palmas e gritos, por parte de meus amigos, dirigidos a mim.

Após toda a banca me cumprimentar e a medalha ser grudada ao lado direito de meu peito, colocaram-me em frente ao microfone.

— Boa noite a todos. Não sei nem por onde começar – admito nervosa – Enquanto subia até aqui, um filme passou por minha cabeça e eu não poderia estar mais orgulhosa de mim. Não foi fácil manter-me sã em campo. Acreditem quando digo que fazer parte da Cruz Vermelha foi o momento mais duro de toda minha vida – respiro um segundo - Estar lá foi como renascer novamente. Lembro-me do nome de cada ferido que salvei, mas jamais me esquecerei dos que perdi. Passei noites a fio desejando que a guerra chegasse ao fim. Tive muitos momentos de desespero, que se eu pudesse teria pegado um avião e vindo embora. Mas Deus colocou em meu caminho uma mulher incrível e que me deu forças quando eu já não as tinha mais – com a voz levemente embargada olho em sua direção e continuo a falar – Enfermeira Diarra Sylla, a senhora me deu esperança quando eu já não mais a tinha. Deu-me colo quando precisei. Auxilio em meio a tantas perdas e o mais importante... Confiou em mim. A senhora foi meu perto seguro ali dentro e se hoje estou recebendo essa medalha, grande parte é por mérito seu. Por isso, hoje, minha gratidão ofereço à senhora. Obrigada. Obrigada por cada palavra, colo e pela confiança depositada a mim. – lhe mando um beijo sobre o vento – E a vocês – olho para a banca que estava emocionada – Saibam valorizar o tesouro que é essa mulher. Boa noite!

Coloco-me a descer de volta à minha mesa, enquanto as palmas voltam com força. Assim que chego, meus amigos felicitam-me chorando e a senhora há quem muito devo, aproxima-se de nós e, acolhe-me mais um vez, em um afetuoso abraço.

Eu amo esse capítulo, aff!!!!!
Comentem bastante que verei se posto mais ainda hoje, se não só amanhã...
A partir do próximo, teremos um pequeno pulinho no tempo!

Les Lignes de L'amourWhere stories live. Discover now