Prologue

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***

Heyoon P.O.V

2013, Miami, Florida


Eu só quero ficar aqui dentro do meu quarto, em meu conforto e esquecer o que acabara de acontecer. Meu rosto, do lado esquerdo, ardia muito, as lágrimas descendo por ele e molhando meu travesseiro. Isso já era de rotina.

-Yoon. - Batidas suaves na minha porta.

Krystian, meu irmão mais novo de 15 anos diz, dando toques suaves em minha porta. Com certeza ele quer ter certeza de que eu não cortei meus pulsos. Talvez eu deveria fazer isso. Iria me poupar de toda essa maldita dor. Nada de brigas, agressões, violações, nada. Eu seria livre.

-Heyoon, me responde. - O tom de voz de Krys é choroso, e sei que provavelmente ele está a beira das lágrimas. Ele sempre foi o mais sentimental de nós três, e sempre chorava quando ocorria essas coisas. Meu irmão odiava que "ele" colocasse as mãos em mim.

-Oi, Krys. - Minha voz estava abafada.

-Você está bem? - Ele murmura, por trás da porta, temendo que ele o escutasse.

-Estou, monkey. - Falo, tentando passar calma para o meu irmão. Ele e Hina não precisavam saber que a irmã deles queria se dar um tiro. Não, eu os pouparia disso.

-Você sabe que eu te amo né? Não ligue para o que a mamãe e o Diego dizem, eles estão errados.

Minha garganta se fecha ao ouvir ele falar sobre Diego e Clara, minha mãe.

Diego Martinez era meu padrasto. Casado com mamãe há 5 anos, 2 anos depois da morte do meu pai em um acidente automobilístico. Ele era a causa do meu tormento e minha vontade de arrancar minha própria vida.

-Tudo bem, Krys . Vai sair pra jogar bola com seus amigos, sei lá. Eu vou ficar bem, ok?

Tranquilizo, falsamente, meu irmão da melhor forma. Krystian era jovem demais para poder encher sua cabeça com problemas como o eu. Só quero que ele e Hina sejam felizes. Por mais que eu esteja infeliz.

-Tudo bem. A gente se vê no jantar. - Ouço seus passos, descendo as escadas, e lá embaixo, ele dizendo a Clara onde ia.

Meu rosto está inchado e marcado, tenho certeza. Esse é o ruim de chorar, os olhos vermelhos, inchados, e aqui, na minha casa, eles não podiam saber que eu estava fraca. Lhe dariam forças para me diminuir mais.

Os abusos começaram quando eu tinha 14 anos. Graças a puberdade, meu corpo começou a criar curvas, volume, não passando despercebido aos olhos de Diego. Foi quando os abusos começaram. Eram toques leves no começo, mas que evoluíram ao ato.

Ato que me destrói a cada vez que acontece, me matando um pouco cada vez mais. Minha mãe não sabia, mas se sabia, fingia de sonsa. Ela ligava para seu marido demais, não o queria perder, por isso fechava seus olhos e o defendia.

Nossas brigas eram constantes. Diego era desrespeitoso com a memória do meu pai, e grosso com meus irmãos.

E quando mexem com Hina e Krys, mexem comigo. Eles são tudo que eu tenho de mais vivo do meu pai. Krys era parecidíssimo com Kawan.

𝑺𝒆𝒙𝒚 𝑳𝒊𝒔𝒕𝒆𝒏𝒆𝒓Where stories live. Discover now