Cinco

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A tensão estava espelhada por toda a cozinha, o coração estava acelerado e os próximos segundo definiria muitas coisas entre eles.

Christopher desejava como nunca poder se aproximar mais de Dulce, poder tocar seus lábios mais uma vez. Ela não conseguia recuar, e aos poucos os dois estavam cada vez mais próximo.

Era só um toque, tudo o que desejavam era um toque do outro. E estavam quase lá, porém passos na cozinha e uma voz baixinha atrapalhou o momento.

- Papai, o desenho parou.

Dulce recuou imediatamente colocando o prazo sobre a pia, suas pernas estavam bambas.

Christopher saiu da cozinha junto de Liz sem dizer nada. Era por isso que ela não poderia ficar perto dele, tudo o que houve entre os dois foi a tempos e qualquer aproximação acabaria nisso.

Seu desejo era ir embora, mas ainda nevava muito la fora e pela janela imagina o frio que deveria estar. Precisava continuar ali até a manhã seguinte.

- Filha você viu isso? - Escutou Christopher dizendo da sala.

Já tinha terminado a louça e foi para a sala junto deles. Do lado da árvore de natal havia um embrulho enorme e dava para saber muito bem do que se tratava o presente.

Liz estava ao lado de Christopher olhando maravilhada para o presente.

- Acho que o papai noel deixou ai enquanto você ia no banheiro.

- Pode abrir?

- Claro, abre logo.

Liz não pensou duas vezes para rasgar o saco, e logo viu o que era. Uma bicicleta rosa com rodinhas, do jeito que estava pedindo para seus pais a algum tempo.

- Não acredito! - Estava encantada com o novo brinquedo. Passou a mão por todo o guidão, e acariciou a cestinha que havia na frente. - É muito bonita papai!

- Viu só, você foi uma boa menina durante o ano, não faltou muito na escola obdeceu os seus pais. Eu disse que o papai noel vê tudo isso.

- Verdade! Olha que linda mamãe. - Liz não parava de olhar para  bicicleta e admirar a mesma.

- É muito linda, filha. Amanhã podemos dar uma volta.

- Pode dar uma voltinha aqui dentro hoje, mas pouquinho que não tem muito espaço.

Liz subiu imediatamente na bicicleta e com a ajuda de Christopher começou a pedalar devagar. Não havia muito espaço, mas logo conseguiu chegar até a cozinha pedalando sozinha com a ajuda das rodinhas, claro.

Dulce e Christopher ficaram apenas olhando com sorrisos bobos. Era algo inexplicável ver a felicidade da filha.

- Se existe coisa que da mais felicidade que o sorriso dela eu desconheço.

- Eu concordo com você, ela queria muito uma bicicleta.

- Eu sei, sempre estava me falando isso. Ela merece é um amor de menina. Você educa ela muito bem, Dulce.

Não teve coragem de encara-lo estava envergonhada, tinham começado a educa-la juntos, a cuidar de Liz juntos e no início não foi nada fácil para Dulce precisar fazer tudo sozinha.

Christopher era um bom pai e um bom marido, um bom amigo mas no meio do caminho as coisas se perderam, e agora estavam ali separados analisando a criação que poderia ser de ambos. Liz passava mais tempo com Dulce.

- Você também é um bom pai. - Limitou-se a dizer.

- Nem todo o tempo eu fui bom com você.

Ela o olhou tirando totalmente a atenção da filha, aquelas pavaras acertaram em cheio seu coração.

- Acho que não é o momento para falar sobre isso.

- Acho que esse é o único momento, eu sei que você foge de mim Dulce.

- O que? Não claro que não, você tem seus namoros, seus amigos temos pessoas de convívios diferentes por isso não nos encontramos.

- Temos amigos em comum Dulce, sempre tivemos e você até se afastou de alguns. O que eu quero dizer é...

- É que dói Christopher, e você sabe que não gosto de demonstrar minhas dores.

Ela sempre tentava se demonstrar forte, e Christopher sabia disso. E sabia também que quando não tinha ninguém perto Dulce iria chorar e colocar para fora tudo o que estava sentindo. Quantas vezes ele não esteve ao lado dela nesse momento.

- Desculpa!

Aquela conversa não poderia ir para caminhos mais tortuosos. Em todos esses anos Dulce nunca esperou um pedido de desculpa ou uma conversa franca. Ele não foi o único que errou na relação, ela também fez muita coisa.

No fundo de seu coração, Dulce já o havia perdoado.

- Chis...

Antes que Dulce pudesse dizer mais alguma coisa, ouviu um barulho de algo caindo na cozinha e os dois foram correndo imaginando ser Liz.

A menininha havia derrubado algumas coisas na cozinha, mas por sorte não caiu da bicicleta.

- Desculpa papai, eu bati aqui sem querer.

- Tudo bem linda, não se machucou né? Que tal guardarmos a bicicleta e amanha andamos mais.

- Ta bom.

Desceu da bicicleta e foi junto com Christopher guardar a mesma, Dulce assistiu tudo em silêncio.

A conversa havia acabado, era o que ela imaginava. A garrafa de vinho ainda estava sobre a bancada da cozinha, pegou uma taça que estava próximo e encheu.

Aquela noite seria longa.

Uma Nevasca no NatalWhere stories live. Discover now