CONFISSÃO

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Estou escrevendo isso,

preciso confessar algo,

Mas mais que uma confissão,

escrevo isso pois assim como o sol brilha no céu,

é a última coisa que escreverei em vida.

Eu matei alguém.

E eu tenho impressão que não era qualquer um.

Esse cara era especial.

Eu acho que gostava dele,

eu acho que gostava muito dele.

Ele fazia shows de mágica por onde quer que fosse,

e ele era dos bons.

Eu já conheci mágicos antes,

muito bons.

Sempre adorei truques desde a minha infância,

talvez eu quisesse ser um também,

talvez eu entender a diferença que existia entre eu querer ser mágico,

e o quão espetacular era aquele cara,

foi o que mais me irritou nele,

a ponto de eu pensar vê-lo morto.

Talvez a simples existência dele,

me sufocava por eu parecer fracassado em meus sonhos.

Além de super talentoso,

ele era muito narcisista.

Isso me deixava louco!

Ele se dizia especial,

se dizia escolhido,

sendo que eu,

e qualquer um que se preze

sabe que não existe mágica real,

TUDO NÃO PASSA DE TRUQUES!

Truques quase sempre preparados com antecedência.

Existem mágicos que levam anos em preparar um único truque impressionante!

Ele sem dúvida deve ter levado muito tempo para preparar tudo o que costumava fazer,

pois ele fazia truque novo atrás de truque novo.

Mas ele era tão bom,

que as vezes penso que talvez ele nem tenha demorado pra planejar aquelas coisas.

A criatividade e a leveza em todos os seus shows,

que beiravam a perfeição,

certamente era algo autentico,

e nem em mil anos eu conseguiria fazer igual.

Isso me deixava louco.

Eu,

bem,

eu,

vou ser bem franco.

Não consigo continuar vivendo sabendo que o matei.

Assim que terminar esse desabafo,

pretendo terminar tudo.

Então vamos ao princípio de tudo.

Quando eu o conheci eu o encontrei por aí,

todos estavam dizendo que havia alguém capaz das coisas que até deus duvidava a caminho de minha cidade.

HUMANOSWhere stories live. Discover now