Prólogo

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NOVA IORQUE

Era mais uma bela manhã na cidade de Nova Iorque, Rose abriu a janela de seu pequeno apartamento no SoHo deixando o sol penetrar o espaço, ela se espreguiçou pronta para iniciar seu dia, tinha muito a fazer e estava satisfeita por isso.

— Você poderia voltar para a cama!

A voz masculina sonolenta a fez olhar para trás encontrando a figura alta, sem camisa, com um lençol enrolado a cintura, com as mãos atrás da cabeça, parecendo muito contente. Ela sorriu na sua direção.

— Sabe que não posso Philippe, tenho que trabalhar.

— Mas poderia, sempre pode dizer que está doente...

Ela riu rolando os olhos para o sujeito. Andou até ele sentando-se na beira da cama estendendo a mão tocando o rosto do homem de olhos verdes, cabelo loiro e uma barba por fazer adorável.

— Não é do meu feitio ficar dando esse tipo de desculpa fajuta.

— Nem por mim?

A risada dela foi uma resposta.

— Não força!

O homem riu puxando-a para um beijo antes dela o deixa e correr em direção ao banheiro.

— Isso é um convite para um banho com você?

— Não, mas juro que se quiser fazer um café para mim, ganhará mais que um banho comigo!

— Nem precisa pedir duas vezes!

Rose riu da resposta do homem. Então iniciou sua rotina matinal começava com um bom banho de banheira, depois escolher sua roupa do dia, seu trabalho exigia que estivesse sempre muito bem vestida, bem maquiada e tudo mais, meia hora depois ela já estava na mesa do café com seu namorado.

— Você vai hoje me ver?

Ele perguntou jogando um pedaço de pão na boca de modo distraído. Philippe era músico, por isso a insistência em fazê-la sempre ir "vê-lo".

— Já fui ontem...

— Adoraria que fosse de novo!

Rose semicerrou os olhos com um sorriso.

— O senhor está me parecendo muito egocentrista...

— Apaixonado, essa seria a palavra correta!

Ela sorriu e inclinou-se roubando um beijo.

— Não prometo nada, depende da hora que eu sair do trabalho hoje, eu te aviso. — Rose se levantou da mesa acariciando o rosto dele. — Fecha a porta quando sair!

Philippe concordou sorrindo na direção da mulher.

— Até mais tarde minha princesa russa!

Rose saiu rindo pegando sua bolsa.

— Bobo, até mais tarde.

— Sonhe acordada comigo!

Ela caiu na gargalhada fechando a porta.

— Sempre!

Quando ela saiu de casa naquela manhã achou que tudo seria igual, como sempre era na verdade e foi na maior parte do seu dia. Chegou pouco tempo depois à loja de grife a qual era uma das estilistas mais bem colocadas e tinha grandes chances de ser alçada ao seu estrelato usando seu próprio nome em uma marca sua. Seria uma guinada e tanto na vida dela, mas uma, só que dessa vez claramente um sonho se realizando.

— Bom dia, Rose!

Uma das suas "chefas" disse enquanto ela deixou suas coisas sobre a mesa no gabinete ao lado do dela. A loira estava sentada em sua mesa com uma grande xícara de café ao lado com seu Ray-Ban.

— Bom dia, Megue, por que a dos óculos escuros?

A mulher soltou um suspiro muito mal humorado.

— Depois daquela bebedeira de ontem queria que eu estivesse como? — Ela tirou os óculos. — Ninguém tem essa sua resistência russa a bebida, Deus, que inveja, você está maravilhosa.

Rose sorriu dando de ombros. Seu celular tocou em seguida. Era uma mensagem e o nome da sua irmã brilhou na tela.

— A genética é boa, só isso.

Ela respondeu a "chefa" enquanto abriu a mensagem, só para descobrir que era de voz.

— Então você é sortuda abençoada Rose.

A mulher sacudiu a cabeça em negativa. Sorte não era uma coisa que ela julgava ter, na verdade, sempre teve que lutar muito por cada mísera coisa da sua vida. Ela levou o celular ao ouvido para escutar a mensagem e só bastaram alguns segundos para que soubesse que tudo havia mudado, mais uma vez, porém algo que lhe dizia que desta vez seria definitivo.

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RÚSSIA

Os Herovrisk eram um clã tradicional da Rússia, conhecidos por seus vários negócios, mas acima de tudo, pelo seu poder, sempre conseguiram e tomaram tudo que queriam de um jeito ou de outro e o patriarca dessa família, Conegon, queria algo mais uma vez.

— Já está na hora de você se casar!

Disse o homem em direção ao filho, Cristian, que tirou os olhos do pessoal que descarregavam uma carga especial em um dos armazéns da máfia vermelha, só para encontrar com a imagem austera do pai.

— Casar-me?

A voz rouca de Cristian continha incredulidade.

— Sim!

O tom seco que o pai imprimiu deixou claro que aquilo não era uma ideia futura, mas sim algo decidido, o que indicava que ele estava sendo apenas comunicado.

— Por quê? Eu não vejo necessidade para tal coisa, não agora.

Conegon lançou um olhar frio e inflexível ao filho, do mesmo modo como sempre fez desde que este era uma criança.

— Pelo simples motivo... Eu quero!

Cristian não esboçou nada, apenas aguentou firme o olhar do seu pai, aprendeu a muito tempo, de maneira dolorosa, que tudo sempre dependia da vontade dele, e não da sua.

— Suponho que essa seja uma condição para me entregar a cadeira da máfia, não?

Seu pai lhe deu um olhar sem muito entusiasmo.

— Uma delas, você e eu somos os únicos Herovrisk, eu não quero meu legado caindo por terra, depois de tudo que eu fiz pelo simples fato de não termos outros herdeiros. Além disso, depois desse casamento, nós nunca mais vamos precisar nos preocupar quanto nossa posição hierárquica dentro do nosso mundo, e nós vamos nos unir ao clã dos Volkov, então depois disso, nada será mais forte que nós.

Cristian desviou os olhos do pai, voltando a fitar os homens no armazém, ele nunca pensou em se casar, achou que poderia assumir a máfia vermelha sem ter aquilo, passou a vida treinando, se preparando, sendo testado para assumir tal cargo, ele era o herdeiro, devia assumir, mas possuía o conhecimento que só ia acontecer se o pai permitisse. E este só ia fazer tal coisa se ele o obedecesse em absoluto.

— Então é melhor marcamos um jantar com a família o mais breve possível.

— Eu já marquei. Amanhã à noite vai conhecer a sua noiva!

Sem dispensar mais uma palavra Conegon saiu, deixando a percepção a Cristian, que sua vida já tinha sido decidida, ele respirou fundo lamentado aquele fato.

Ótimo. Uma maldita noiva!

Pensou sem qualquer romantismo quanto à palavra e asituação, no fundo o homem não encarava aquilo como mais uma missãodesagradável, todavia, ele nunca tinha deixado de cumprir uma missão, aindamais quando almejava um objetivo que movia sua vida. A máfia vermelha.

O SoHo é um bairro de Manhattan, na cidade de Nova York.

Um MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora