Capítulo 03

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Valéria

Dois meses e meio depois

Como sempre tem acontecido nessa última semana que se passou ao chegar em casa a Ivone já me informou que o Khalil está na sala de brinquedo com a Camila, isso está acontecendo porque a Guiomar quebrou a perna a dez dias atrás e eu fiquei sem babá, a Ivone se ofereceu para cuidar do Khalil enquanto a Guiomar precisa ficar afastada, mas eu não quis a sobrecarregar então iria contratar outra pessoa, só que acabei comentando com a Camila sobre isso e ela fez questão de cuidar do Khalil durante a tarde quando eu estou trabalhando e ele não está na creche.

Já se passaram quase três meses desde que nos conhecemos e por mais estranha que seja a situação que nos levou a nos conhecermos, eu e a Camila acabamos nos tornando amigas, ainda estou esperando com grande inquietação e receio o momento que ela vai decidir contratar um advogado e iniciar a luta pela guarda do Khalil, felizmente nada sobre isso foi falado até agora e ela tem respeitado todas as limitações de contato que impus sobre ela e o meu filho, especialmente no começo. No primeiro mês depois do encontro no parque eles só se viram mais duas vezes, no segundo mês se viam pelo menos uma vez por semana, nesse momento com a Guiomar impossibilitada de vir trabalhar estão se vendo todos os dias com exceção do final de semana e tem o grande detalhe de essas terem sido as primeiras vezes que deixei os dois juntos sem eu estar presente.

Uma conexão forte não demorou a ser estabelecida entre a Camila e o Khalil, talvez seja porque ela realmente é uma pessoa encantadora e fácil de se conviver e/ou porque bem no fundo ele de algum jeito se lembre dela, mesmo que todos os médicos do mundo digam que uma criança até os dois anos de idade não consegue reter nenhuma memória clara. Por um lado, eu fico feliz com isso, mas ver o Khalil ficando cada vez mais apegado a Camila também me causa medo e me faz repensar a minha atitude de continuar deixando os dois se verem.

Assim que entrei na sala de brinquedos todos os pensamentos negativos sumiram da minha mente ao ver os dois sentados no chão brincando, a Camila vestindo uma regata branca, calça jeans e all star nos pés, o Khalil só com um short provavelmente devido ao calor que está fazendo em São Paulo hoje. Me encostei no batente da porta e fiquei ali vendo os dois se divertindo com os carrinhos de controle remoto, até que o barulho de um trovão o assustou e ele largou o controle do carrinho e correu para os braços dela que sem hesitar o acolheu, eu lembrando o quanto o Khalil tem medo de tempestade involuntariamente me desencostei do batente da porta e dei dois passos à frente, mas relaxei e parei de andar ao ver o meu filho já novamente relaxado nos seus braços.

-Está tudo bem, foi só um trovão, já parou. - Não consegui impedir que um sorriso aparecesse no meu rosto. -Vai começar a chover e esfriar um pouco, acho que está na hora de você ir tomar um banho e colocar uma roupa mais quente, que tal? - Khalil parou de esconder o seu rosto no pescoço da Camila e olhou para ela antes de assentir.

-Pode deixar que eu dou banho nele. - Os dois olharam para mim ao ouvirem a minha voz, fui até eles e me sentei no chão perto dos dois.

-Oi mamãe. - Ele me lançou um sorriso e assim que eu abri os meus braços veio correndo para o meu colo.

-Oi meu amor. - O abracei e dei um beijo na sua testa, outro trovão foi ouvido e o Khalil se agarrou em mim com mais força. -Já vai passar príncipe. - Dei um beijo na sua têmpora e olhei para a Camila, que está com os seus olhos presos na gente e um sorriso no rosto. -Ele sempre teve medo de trovoada.

-Ele não é o único. - As palavras saíram sussurradas da sua boca, acho que ela pensou alto.

-Tem lugar pra mais um aqui se você quiser. - Estendi o meu braço que não está ao redor do Khalil na sua direção, a Camila sorriu e olhou para o chão, suas bochechas coradas.

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