Quinque

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Kihyun ouviu um barulho vindo do canto do quarto, abriu os olhos um pouco relutante e sentiu a claridade agredir as suas pupilas. Olhou em direção do barulho e encarou Changkyun, apenas com uma bermuda, estava sentado na escrivaninha com o notebook a sua frente, assistia algum anime e não pareceu perceber que ele havia acordado.

Kihyun puxou o cobertor até próximo aos olhos e ficou encarando as costas bem desenhadas de Changkyun, se perguntava se ele fazia algum exercício físico. Percebeu também a tatuagem que seguia até o meio de suas costas, eram flores. Lembrou-se que precisava saber como os pais estavam e alcançou o telefone na cabeceira, Changkyun se virou com o som que havia ouvido e pegou a blusa no chão e a vestiu, mas continuou encarando a tela.

Pode ouvir Kihyun conversando no telefone com o irmão, ele tinha um tom acalentador de quem fala com uma criança, dando instruções de como ele deveria agir se alguma coisa acontecesse.

— O número do telefone do Dr. Jeon está na minha cabeceira, você sabe o que fazer... se cuida. — Abriu a boca, ia dizer algo a mais, porém se interrompeu tirando o telefone do ouvido, desapontado. — Pelo menos diz tchau. Grosso.

— Ele tem quantos anos? — A voz de Changkyun tirou a atenção que Kihyun mantinha em seu celular. — O Jooheon... é seu irmão correto?

— Uau, você é algum tipo de agente da CIA? Como sabe tanta coisa sobre ele? Eu não me lembro de ter dito sobre a minha família para você.

— E não disse. — Girou a cadeira de rodinhas, encarando Kihyun. As pernas preguiçosamente jogadas na cadeira. — Eu só ouvi o início da sua conversa, você "Bom dia Jooheon, como estão mamãe e papai?", aí só foi preciso deduzir mais algumas poucas informações.

— Ele poderia ser algum amigo..., mas sim, ele é o meu irmão. Tem dezessete anos, vai fazer dezoito em outubro. Mas enfim... acho que é a primeira vez em anos que eu durmo fora de casa, estou um pouco nervoso. — Se espreguiçou e voltou a se recostar nos travesseiros macios. — E você, não tem irmãos? Irmãs?

— Não, meus pais me tiveram e, logo em seguida, meu pai teve uma doença que o deixou infértil. Varico-qualquer-coisa. — Respondeu.

— Varicocele? — Perguntou e recebeu um sinal positivo com a cabeça. — Que horas são?

— Onze e meia, por quê? — Kihyun arregalou os olhos e se levantou correndo.

— Puta merda, meu trabalho! — Se levantou e Changkyun pode perceber que ele havia dormido com a sua calça jeans.

— Aos domingos também?

Kihyun travou no meio do quarto, levando a mão até a testa – um tapa fraco – rindo da própria confusão com a semana, a festa havia sido ao sábado e por um segundo havia se esquecido disto. Voltou a se sentar na cama, retirando o único pé do sapato que havia conseguido colocar e ficou sem graça de se deitar novamente, mas era ainda pior ficar ali sentado encarando Changkyun, sem ter nada para dizer.

Pegou o seu celular e resolveu se distrair por alguns jogos e Changkyun voltou sua atenção para a tela do computador, continuando a assistir o anime. Mais tarde, ambos ouviram um bater atrás da porta e uma mulher a abriu, ela colocou apenas a cabeça dando um sorriso pequeno e Kihyun sorriu de volta.

— Seu... amigo... vai almoçar hoje aqui? — Perguntou reticente.

— Claro. — Changkyun disse encarando Kihyun e o menino deu de ombros.

Ela apenas concordou e se retirou. Avisou os pais que iria almoçar com o amigo, perguntando uma segunda vez se eles estavam bem.

"Meu deus do céu, Kihyun. Tá tudo bem, eu já disse. Você e essa mania de achar que eu e sua mãe vamos quebrar se ficar alguns minutos longe, tá achando o que garoto, muito antes de você nascer eu já andava com minhas próprias pernas.".

The Deal - CHANGKIOnde histórias criam vida. Descubra agora