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- Julie, esquece o freio traseiro!

Zac disse pela terceira vez enquanto me ensinava a andar de moto.

- Mas eu quero usar. Eu li em algum lugar que é mais seguro usar o traseiro.

Ele revirou os olhos me fazendo rir.

- Deixa de ser teimosa e me escuta. - ele levou a mão grande a minha e segurou a embreagem. - Se concentre na embreagem e no freio dianteiro. Quando você souber o que tá fazendo aí a gente fala do freio traseiro.

- Okay professsor! - olhei pra ele com a cara emburrada e ele riu me arrancando um suspiro.

- Não solte a embreagem, tudo bem?

- Aham! - meu estômago se contorcia estranhamente, não era hora de ter medo.

- Tá nervosa? - ele sorriu de lado e passou as costas dos dedos no meu rosto. - Eu vou ficar aqui!

- Não estou nervosa! - falei quase formando um bico.

Ele riu e beijou minha testa.

- Você está porque tá piscando sem parar.

Encarei ele estreitando os olhos.

- Você vai me ensinar ou não vai?

- Vou apressadinha. Presta atenção.

Eu prestava atenção em tudo mas acabava me perdendo no caminho.

Esse era exatamente o problema.

Quando ele começava a falar eu olhava a boca carnuda, os olhos castanhos me encarando vez ou outra enquanto ele explicava o que eu devia fazer.

- Julie? - me assustei e soltei a embreagem de repente a moto deu um solavanco quase me derrubando. Gritei com o susto mas Zac me segurava firme. - Você parece que não tá aqui. Melhor deixar pra outro dia.

Ele parecia frustrado e aquilo fez eu me sentir mal.

- Me desculpa eu vou me concentrar.

Me soltei dos seus braços.

- Você está bem?

- Sim! Para de me distrair, não vou nem olhar pra você. Fica me seduzindo.

Ele riu alto. - Mas eu não tô fazendo nada.

- Claro que está! Você existe. - pisquei pra ele que sorriu cheio de si.

- Ignore a minha existência deliciosa e se concentre, branquinha.

Respirei fundo e depois apertei os lábios pra conter um sorriso.

- Dê a partida de novo e não solte a embreagem dessa vez. Você lembra como engrenar a primeira?

- Sim! - assenti sem olhar pra ele.

Olhei pros lados a rua vazia me fez suspirar em alívio. Se eu fizesse alguma besteira pelo menos não machucaria ninguém.

Pude ouvir a moto rugindo embaixo de mim, parecia um animal furioso.

- Tente soltar o acelerador, muito de leve. - ele sugeriu. - E não solte a embreagem. Engate a primeira e vá soltando aos poucos.

Hesitante, girei o punho direito. A moto grunhiu fazendo meu coração acelerar junto com ela.

- Faça isso.

- Eu sei! - ele riu.

- Tem certeza que quer continuar?

- TENHO, Zac! Tenha paciência!

VIDAS CRUZADAS (Parte I) ConcluídaWhere stories live. Discover now