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-Meu Deus, Levi...
  Digo enquanto tento normalizar minhas batidas do coração após o susto ao me apoiar na mesa.
-Como diabos entrou aqui??
  Olho para ele com uma expressão brava. Primeiro ele entra na minha casa, segundo, quase me mata de susto.
-Ah, a tenente quatro olhos me obrigou a sair do meu apartamento para vir aqui te ver. Não entendi o motivo, já que você parece estar bem... Bem até demais.
-Entendi...
Se eu não gostasse tanto de Hanji, ela já era uma pessoa morta, sabiam? Respirei fundo tentando não perder a calma e falo tranquilamente:
-Certo, então o que veio fazer aqui?
Desliguei a música que, até então, tocava, e logo depois me sentei em meu sofá, convidando o moreno para se sentar também. Jogo meu celular para o outro lado do sofá e ele fica à minha frente, na poltrona.
-Eu não sei, fui obrigado, mas já que estou aqui gostaria de aproveitar e fazer duas perguntas.
-Se é relacionada ao Cão, eu prefiro não comentar.
Falo diretamente. Não estou afim de contar meu trágico passado para ele agora... Na verdade, não estou pronta para contar isso a ninguém. Nunca contei e acho que nunca vou contar também. É algo bem tenso.
-Bem direta, não? Relaxa, essa era apenas umas das minhas duas perguntas minhas.
Suspirei de alívio e relaxei mais o corpo em cima do sofá.
-E qual é a segunda?
  Levi pigarreou um pouco antes de falar.
-De onde é que surgiu toda aquela sua força de mais cedo?
Certo, agora eu engoli em seco por conta da preocupação.
-N-Não é nada. É relacionado ao Cão também, então não quero falar sobre isso agora.
Ninguém além de Richard e Erwin poderiam saber da existência de Leonor. Ninguém.
-Por um acaso você conviveu com o Cão??
  Silêncio.
-Levi... Por favor, vamos mudar de assunto. Acho que agora não é hora de falarmos sobre esse cara.
  Digo seriamente. Eu realmente já estou esgotada por hoje sobre esse assunto, não basta eu já ter relembrado todo meu passado como Leonor para aplicar o Teste, agora eu terei que falar sobre a parte mais profunda de mim mesma?
  Suspiro e fecho meus olhos na esperança de que ele não fale mais nada.
-Beleza, então.
  Abro os olhos rapidamente e olho para o Ackerman. Seu rosto parece relaxado e tranquilo, coisa que não era comum de se ver no dia a dia.
-Ah?
  Curvo minhas costas para frente com uma expressão surpresa no rosto.
-Não vou forçar a barra. Sei que deve ser algo frágil para você. Percebi isso pois você ficou tensa quando mencionou o nome daquele cara.
  Suspirei de alívio e relaxei completamente agora.
-Nossa, muito obrigada, Levi.
  Agradeci por ele não ser igual a certas pessoas, pois a maioria vive me forçando a falar sobre meu passado. Não que eu não goste dele completamente (tanto que tem partes da minha vida que eu agradeço todo o dia por ter vivido), porém falar sobre aquele cara era uma exceção para mim.
-Relaxa, não vou te cobrar nada.
  Dou um sorriso sincero para Levi, e, surpreendentemente, sou retribuída.
-Fico feliz.
  O moreno revira os olhos e balança a cabeça em sinal de negação com um pequeno (quase imperceptível) sorriso, como se estivesse indignado comigo.
-Não sou um babaca total, sabia??
  Solto uma risada nasal dou um sorriso, mostrando meus dentes.
-Bom, agora é que eu estou vendo um verdadeiro lado seu... Minha vida toda desde que vim pra cá foi tentar caçar você e agora você está em minha sala, na minha frente, conversando normalmente comigo.
  Levi arqueou uma sobrancelha e se levantou da poltrona, se sentando de repente ao meu lado direito e passando seu braço esquerdo por trás de meu pescoço, me puxando para mais perto de si. Sinto meu rosto corar um pouco mas logo me recomponho.
-Bom, agora estou ao seu lado.
  Dou uma pequena risada e bato de leve em seu tórax.
-Idiota. Você deveria estar nervoso, sabia??
-Eu? Nervoso? Por qual motivo?
  O moreno perguntou enquanto apontava para si mesmo. Revirei os olhos por conta dele ter se esquecido da importância do dia de amanhã.
-Amanhã é o julgamento seu e de seus amigos.
  Ele ficou em silêncio por alguns segundos, como se pensasse em algo para dizer.
-Eu não me preocupo com isso.
-E porque não?
  De repente, o braço dele me puxa para mais perto de seu corpo e sinto o mais velho depositar um beijo em minha cabeça enquanto acariciava meu braço.
-Por que eu tenho a certeza de que você vai conseguir salvar nossa pele.
  Arregalo meus olhos depois daquele gesto terno vindo do Ackerman e começo a sentir meu coração bater tão forte que parecia querer sair de meu corpo. Comecei a ter uma sensação de cócegas em minha barriga, como se tivesse milhares de borboletas batendo suas asas lá dentro; além de sentir minhas bochechas ficando cada vez mais quentes. Sua mão acariciava meu ombro lentamente e minha cabeça estava apoiada em seu peito, fazendo com que eu conseguisse ouvir o coração igualmente acelerado do moreno.
  O que diabos está acontecendo aqui??
-C-Como pode ter tanta certeza? Sou policial, não advogada.
  Tentei cobrir meu nervosismo com uma risada, porém falhei miseravelmente quando gaguejei.
-Sei que trabalhou duro para que conseguisse fazer relatórios satisfatórios. Só por isso eu tenho certeza de que consegue. Além disso, você não é "uma" policial, você é A melhor policial, não é?
  Engoli em seco para tentar afastar todas aquelas sensações estranhas e olhei para ele. O rosto do moreno era serena, não tinha nenhum sorriso aparente, porém sua expressão me transmitia uma calma e tranquilidade de outro mundo.
-O que você tem...?
  Pergunto mais para mim mesma do que para ele. Estava assustada com tudo isso, mas ao mesmo tempo eu estava... feliz?
-Como assim?
-Tem horas que você me faz querer te odiar, mas tem horas que você me faz querer ficar desse jeito contigo o resto do dia... O que você tem?
  Eu perguntava tudo num sussurro e com olhos levemente arregalados, porém era o suficiente para o Ackerman ouvir. Ele ficou em silêncio por um tempo e, nesse intervalo em que a sala estava quieta, podia jurar que conseguia ouvir as batidas de meu coração. Nem mesmo o ronronar de minha gata eu ouvia mais, só conseguia prestar atenção no homem ao meu lado.
-Nem eu sei. Só sei que eu também te faço essa pergunta, Lara: o que você tem? Porra, eu deveria te odiar profundamente por ter me prendido, mas... Ah, eu não sei também.
  O mais velho disse tudo isso enquanto olhava para o lado oposto ao meu, como se quisesse esconder seu rosto. Senti seu tórax subir e descer rapidamente, demonstrando sua respiração acelerada. Levei minha mão direita até a mão esquerda do rapaz e entrelacei-as, podendo senti-la gelada.
  Sua frase acendeu uma pequena dúvida dentro de minha mente, e eu me questionava se deveria tirá-la ou não, porém antes que eu pudesse pensar, eu perguntei:
-E você me odeia?
  Confesso que senti medo de sua resposta, porém assim que o moreno se virou e olhou diretamente em meus olhos com nossos rostos tão próximos que eu conseguia sentir a respiração pesada dele, meu coração se aqueceu novamente.
-Tenho certeza que não. E você?
  Nem precisei pensar para responder, então falei:
-Não.
  Levi aproximou seu rosto ainda mais do meu, porém antes mesmo de fazer qualquer coisa, perguntou bem perto de mim:
-Posso?
  Meus olhos estavam quase fechados já que eu estava concentrada apenas em todas aquelas sensações que estavam surgindo aqui. Sussurrei enquanto dava um sorriso:
-Pode.
  Nossos lábios se tocaram de uma maneira suave. Não foi igual àquela última vez, em que tudo se iniciara de uma maneira rápida e desesperada. Esse é diferente, é um beijo lento cheio de paixão. Nossos lábios se moviam tranquilamente, sem pressa alguma, apenas aproveitando o momento. Minhas emoções e sentimentos borbulhavam a mil e um calor incrível preencheu meu peito. Queria que o tempo congelasse agora mesmo, pois não queria que esse momento acabasse nunca.
  A falta de ar logo se fez presente aqui, então tivemos que nos separar por um instante, instante esse no qual terminamos o beijo com um selinho e depois continuávamos com os olhos fechados e com as testas encostadas uma na outra. O silêncio reinou naquela sala novamente.
-O que está acontecendo comigo, Levi?
  Perguntei num sussurro enquanto abria levemente os olhos. O moreno também abre os seus e eu consigo ver seu olhar profundo naquelas íris azuis acinzentadas que provavelmente escondiam muitas coisas. Dizem que um olhar fala muito sobre alguém, e o que eu vi em Levi foi algo maravilhoso escondido lá no fundo, porém isso ainda era um mistério.
-Eu acho que é o mesmo que está acontecendo comigo.
  Sua outra mão segura meu rosto e o mais velho logo inicia outro beijo lento, porém esse era mais profundo. Nossas línguas se mexiam em uma sincronia perfeita e eu sentia as borboletas em meu estômago ficarem a mil. Rapidamente eu soltei nossas mãos e fiquei em cima dele, segurando seu rosto com minhas duas mãos e sentindo as dele indo parar em minhas coxas. O beijo tomava proporções maiores a cada minuto que se passava, fazendo o calor aumentar a cada vez mais.
  Esse clima era completamente diferente. Aquela outra vez era um clima mais desesperado, esse agora era um clima cheio de desejo e paixão, porém tinha um carinho especial no meio de tudo isso; não era apenas aquela malícia da última vez, e eu reparei nisso.
  Levi se levantou do sofá enquanto me segurava e separamos os rostos para respirar um pouco. Achei incrível a facilidade que ele tem em me segurar desse jeito.
-Já sabe o caminho, não é?
  Perguntei, ofegante. O moreno nem precisou responder, apenas continuou o beijo enquanto me carregava até o quarto.




 

  Que sentimento estranho...







  É isso que as pessoas chamam de amor?
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oii, o que acharam do capítulo? Leu até aqui e ainda não votou?? Que feio :(

Volteiiiii (e minhas aulas tmb, afs... se eu demorar um pouquinho mais é por causa disso hehe, sorry)

Assassino PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora