O albatroz e o pescador

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Eles sabiam que o mar não tava pra peixe há muito tempo. Sabiam disso pelo mar que vomitava a espuma marrom , a areia cheia de objetos estranhos, a água que secava. Ele lá, no topo da pedra e outro lá, no topo do morro observavam as pessoas se aproveitando de seu lar. Tiravam fotos, comiam, bebiam e deixavam os seus restos na orla. Riam de seus próprios prazeres.

Há muito tinham suas casas e ninhos avariados e lançadas à margem. Quanto mais longe ficassem, melhor. Seus bicos e barcos não serviam de muita coisa agora que tudo tava meio que industrializado. Mas se acostumara, dependiam de caridade de turistas, de uma foto aqui e um passeio ali.

Estes não os queria tão perto para não atrapalhar as fotos , mas ainda assim, precisavam deles para poder dar um ''toque especial'' . Um pouco mais longe, mais longe, aí sim. Às vezes obedeciam e se comportavam do jeito que queriam. Hoje não vou fazer nada disso, hoje voo e nado do meu jeito. Como uma forma de se rebelar. Seus filhos e filhotes eram prejudicados por medidas ainda mais invasivas.

Melhor se fossem extintos.

A vontade dos outros impunham sobre as suas: uns tinham medo e outros nojo. Eram barulhentos, previsíveis e selvagens e se reprocriavam demais. Alguns estudavam a a forma de salvá-los. Aos poucos eles estariam em extinção, afinal, quem precisa deles?

Eles conhecem e vivem do mar. É seu habitat, mas podem ser substituídos por robôs. Sim, até a ave pode ter sua imitação no céu por meio de drones. Os seus filhos e filhotes entenderiam a necessidade dos homens, se curvariam às necessidades do novo mundo e da tecnologia.

Mesmo que compartilhassem da mesma terra, da mesma areia e da mesma água, a grande maioria sabia que eram espécies diferentes e que não se misturavam a outra dominante. O que se pode fazer? É coisa da natureza.

O ambulante e o sabiáWhere stories live. Discover now