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Fudeu.

Foi só oque pensei, Henrique vai descobrir tudo, Lucas vai vir atrás de mim pra matar a vítima que sobreviveu e meu pai vai viver com a dor da perda de um filho.

- Cainã?- Henrique colocou a mão sobre a minha e eu encarava Lucas, meu olhos não piscavam e estavam encharcados, mas eu não deixava as lágrimas caírem.- tá tudo bem?-

Eu apenas o olhei, dentro de seus olhos claros e meigos, olhar forte de um cara corajoso, um cara que eu poderia contar a todo momento, talvez eu pudesse nesse instante, dizer que eu o amo.

- por que você está com os olhos assim?- ele estava preocupado e segurava minha mão forte.
Quis abraça-lo mas desisti da ideia assim que olhei ao redor e vi a quantidade de pessoas no recinto.

- vem- Alice praticamente me carregou dali, deixando um silêncio constrangedor no refeitório.

- eu não consigo!- desabei me jogando no chão do quarto assim que entramos no mesmo.- eu achei que eu fosse conseguir olhar pra ele, mas eu não consigo.-

- eu sei, mas eu estou aqui, estamos todos aqui, ele não vai tocar em você de novo- ela acariciava meu rosto e meus cabelos enquanto eu chorava deitado em seu peito, ali no chão frio de madeira.

- eu sei que foi só um beijo mas eu me senti nojo, foi como se ele pudesse ter feito aquilo, como se ele fosse o meu dono, aquilo foi horrível. Era como se ninguém pudesse me salvar, como se eu nunca mais fosse voltar pra casa ou pra escola e fosse ficar preso dentro daquele freezer.-

- como assim Lucas beijou você?!- a voz de Henrique saiu vazia e rouca, ele não estava com raiva, estava com ódio e revolta na voz, talvez aquele sentimento pertencesse a mim, ou a Lucas, mas ele estava com raiva.

- Henrique!- Alice se levantou e foi atrás de Henrique,ne levantei também e os segui correndo para fora da casa, onde estavam todos olhando para o pai de Lucas com sucos e sanduíches nas mãos, Lucas estava ao lado dele e Henrique atravessou a pequena multidão e encarou Lucas segurando a gola de sua camisa.
Corri para lá também.

- mas oque significa isso?- o pai de Lucas disse sem entender com um olhar confuso.

A resposta foi um som seco e oco do soco que Lucas levou, depois do primeiro, vieram mais 2,3 e eu entrei no meio.

- para Henrique!- gritei e fui empurrado pra longe, soltando um gemido de dor, além do psicológico ainda quebrei minha coluna.

Henrique se levantou com as mãos sujas de sangue e alguns respingos no rosto e me olhou friamente nos olhos, correndo pela mata.

- Henrique!!- me levantei e corri também, o mais rápido que pude, atravessando a mata seguindo meu ponto de luz.

- para de me seguir!- gritou parando de correr- eu não quero ter que machucar você também.

- não! Eu não vou parar, eu não posso parar, não posso deixar mais pessoas saírem da minha vida desse jeito, sem fazer nada, eu estou cansado de não fazer nada!-

- você acha que me conhece Cã, mas você não me conhece, eu sou a personificação da raiva, do ódio e eu não consigo controlar, você me acalma mas eu tenho medo de machucar você, um semana foi mas e as outras? Não podemos ficar juntos pra eu não te machucar, eu não posso cuidar de você Cainã!-

Uma chuva começou a cair e der repente, eu estava no meio da floresta, quase incenando um filme da netflix, mas infelizmente, aquela era a porra da minha vida, desabando junto com a chuva.

- se eu te acalmo temos que ficar juntos- eu já estava chorando e as lágrimas se misturavam com a chuva.

- sim, mas até quando? Até eu der um soco em você ou te matar?- ele também estava chorando.- não posso levar isso a diante Cainã, não posso levar nós dois a diante.- ele se virou e caminhou devolta ao acampamento me deixando sozinho, apenas com o som da chuva e do vento que assobiava em volta de mim.

Tomei coragem, e caminhei para o acampamento também, se ele não me quer por perto, eu não vou estar por perto.

- eu vou embora- entrei molhando o chão do quarto.

- an? Como assim embora?-Alice se levantou rapidamente da cama.

- pra casa, longe de pessoas que não me querem por perto.-

- quem não te quer por perto amigo? Todo mundo aqui te ama.-

- Alice, para. Chega, você quer sempre ficar me protegendo e cuidando de mim mas eu consigo me virar, eu não sou aleijado e eu não preciso de você, eu não preciso de ninguém- nesse momento Henrique entro no quarto.

- não, você não vai embora!- foi a vez de Henrique me irritar de novo.

- cala a boca, você não é nada pra achar que manda em mim- é talvez eu estivesse exagerando e Alice não merecesse aquilo que eu havia falado antes com ela, mas eu estava com raiva.

- é melhor você não sair.- Alice forçou ainda mais.

- Para!- gritei jogando minha mochila no chão com força- já disse pra parar de tentar cuidar da minha vida, os problemas são meus e eu resolvo.- peguei a mochila e sai, indo para o refeitório que estava vazio.

- Roni?-

- oi maninho- ouvi seu sorriso- que voz de choro é essa?-

- nada não, será que você pode me buscar com algum amigo seu?-

- posso, eu vou sozinho mesmo, com o carro do Diogo, já já eu chego, beijos-

- não demora-

- vou tentar, a pista está molhada e eu não quero morrer- ele sorriu de novo eu ouvi barulhos de chave.

-só vem-

Desliguei.

A vida é muito doida né.

Crush Supremo Where stories live. Discover now