Capítulo III

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O sol da manhã entrava pela janela acordando-a, as cortinas tinham sido abertas e podia ouvir passos apressados pelo quarto. Sabia que era sua criada andando pelo quarto fazendo as preparações de mais um dia, mas Safira se recusava a acordar tão cedo, ainda mais depois da noite agitada que teve.

- Por Alah.. Soraia.. me deixe dormir - suplicou a princesa se virando pela cama na tentativa de se esconder da luz do sol.

- Nada de dormir mocinha.. levante já daí - disse a criada dando dois tapinhas na bunda da princesa - O seu banho está te esperando.

- Nãaaao Soraia... - disse manhosa - Eu só quero dormir mais um pouco. Eu juro que faço o que você quiser depois.

- Tem certeza? - falou a mulher zombeiteira.

- Do que?

- De que vai fazer o que eu quiser...

- Sim.. sim eu vou. Agora me deixe dormir. - Disse a princesa sonolenta.

- Está bem, apenas mais um par de horas e eu voltarei - disse a criada para a princesa, mesmo sabendo que ela já não podia a ouvir mais.

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Said

Ainda naquela manhã ensolarada em outro canto do palácio podiam se ver as carruagens douradas, adornadas com o mais puro ouro e cravejadas de pedras preciosas, adentrarem a propriedade dos Al-amin.

Vinham ali o Sheik, e toda sua família, que contava com seus pais, seu irmão Khalid e suas duas irmãs mais novas, Nubia e Ranya .

Said e o irmão tinham apenas oito minutos de diferença de idade, eram gêmeos idênticos na aparência, mas a personalidade dos dois era como Norte e Sul. Além deles vinham também os criados e as malas em outras três carruagens.

- Aposto que a sua noiva é feia - disse Khalid na expectativa de irritar o irmão logo cedo.

- Khalid! - repreendeu Nubia - não fale isso.. não ligue para ele Said, tenho certeza que a sua prometida é muito bela - disse tirando a atenção do outro irmão, olhando diretamente para o Sheik.

- Talvez ela tenha um nariz grande.. - disse Ranya entre risos - Sabem que as mulheres daqui costumam ter..

- Ranya! Por Alah.. o que há com vocês dois hoje? - falou Nubia novamente, dessa vez um pouco mais irritada.

- Deixe-os minha irmã, não adianta - disse o Sheik tranquilamente - Chegamos - e respirando profundamente se retirou da carruagem.

Não podia deixar de notar o quanto o palácio era lindo, tão glorioso quanto o de seu próprio reino. De fato havia feito uma aliança muito favorável para todos.

Enquanto seus pertences eram retirados das carruagens pelos inúmeros criados do palácio, foram recebidos pelo conselheiro do sultão.

- Ahlan! Sejam bem-vindos, é uma honra recebe-lo em nosso reino Sheik Said - disse fazendo uma reverencia exagerada - Vou acompanha-los até seus aposentos, me sigam por favor.

O homem de pele bronzeada vestido com as típicas vestes brancas daquele lugar, adentrou o palácio rumo aos aposentos da família Mamun.

Todos estavam maravilhados com a beleza do lugar, a cada cômodo que passavam se surpreendiam ainda mais. Subiram as escadas situadas na ala leste, que era destinada aos visitantes. Tudo era muito bem decorado, desde a tapeçaria até os grandes lustres que pendiam pelo local.

O corredor era extenso, contendo quinze quartos ao todo. Cada um da família ficou em um, ganhando um criado e uma serva para atende-los o tempo todo.

O Sheik ficou no último quarto do corredor, e ao entrar se deparou com um verdadeiro espetáculo. Haviam véus e almofadas coloridos, uma enorme cama com dorsel, uma mesa repleta de comida dos mais variados tipos, além de uma banheira toda em ouro.

Teve quase certeza que a família Al-amin gostava de ostentar e deixar seus visitantes com inveja da riqueza que possuiam.

- Por Alah.. uma banheira de ouro - disse para si mesmo, achando engraçado e exagerado aquele artefato.

Said imaginava que mais nada naquele lugar poderia surpreendê-lo daquela maneira.

Depois de se banhar e colocar novas vestes, o Sheik se sentia recuperado da longa viagem e resolveu que seria uma ótima ideia conhecer o palácio, antes de se reunir com o sultão.

- Posso ajuda-lo, senhor? - perguntou um criado que estava ali desde que chegara.

- Gostaria de conhecer o palácio. - disse o Sheik. Já imaginando que o criado iria se oferecer para acompanha-lo, se adiantou dizendo - Sozinho. - E saiu do quarto seguindo para o outro canto do corredor.

Descendo as escadas Said notou uma movimentação vinda do outro lado, em sua percepção aquela deveria ser a ala oeste. Pôde ver várias mulheres indo naquela direção e sentiu sua curiosidade aguçar.

Seguindo algumas delas, com cautela para não ser notado, Said se deixou levar pela curiosidade. As escadas davam mais uma vez a um corredor, igual ao da ala em que estava hospedado, mas diferentemente do silêncio que a sua possuia, podia ouvir ainda no fim das escadas uma música.

Era dança do ventre, ele sabia. Por muitas vezes seu pai o levou a locais onde odaliscas dançavam para entreter os homens, além dele mesmo ter o seu próprio hárem.

Continuou em busca do local de onde vinha aquele som, imaginou que aquelas mulheres eram dançarinas que o sultão havia preparado para a sua chegada e poderiam estar ensaiando. Said só percebeu que havia chegado ao seu destino quanto se deparou com a última porta do corredor, exatamente igual à sua. Ouviu também algumas vozes...

- O Sheik vai ficar babando - disse uma, e logo outra completou - Olha como ela dança divinamente.

E a música parecia aumentar, assim como a animação das mulheres que agoram faziam barulhos com a boca e batiam palmas.

Não aguentando mais ficar ali atrás da porta, abriu-a vagarosamente e seus olhos foram fisgados por uma dançarina, vestida com trajes verdes, bordados com pequenas moedinhas que faziam barulho toda vez que moça se mexia. Ela também usava um véu da mesma cor, mas estava de costas e ele não podia ver o seu rosto.

Entrou no quarto tentando não ser notado e se escondeu atrás de uma das pilastras que haviam ali. Ele queria ver quem era a mulher de pela branca como neve, diferente de todas as que conhecia, seus cabelos também eram muito claros. Ela não se parecia com as mulheres árabes, pelo menos ele nunca havia visto outra igual.

Ela fazia movimentos com o quadril e balançava o véu em torno de seu corpo com tamanha habilidade.

Até que ela se virou e seus olhos encontraram os seus.

Foi uma questão de segundos antes da gritaria começar, mas Said jamais esqueceria aqueles olhos cor de safira.







Boa noite meu amoressss! Demorei um pouquinho, mas voltei. Está aí mais um capítulo pra vocês

Não deixem de me contar o que estão achando da história. E de deixar uma estrelinha *

Perdoem qualquer erro. Volto na próxima semana. Beijão

Safira | Joias do Deserto | 1 (CONCLUÍDO / EM REVISÃO)Where stories live. Discover now