二 Ni

4.7K 590 475
                                    

Izuku saiu correndo do trabalho ao ser chamado na escola. Sabia que Nikko era meio abestado, mas nunca pensou que o garoto seria capaz de fazer mal a alguém. Se sentia muito triste por não conhecer suficiente seu próprio filho.

O pequeno sempre foi problemático, Midoriya soube disso quando o viu no orfanato. Seu sonho sempre foi ter um filho, mas como era gay não e não tinha nenhum relacionamento teria de adotar sozinho.

Quando foi, viu várias crianças no orfanato, todas eram incríveis, mas o que o atraiu em especial foi Nikko. Ele tinha três anos quando Izuku o adotou, e já era muito surtado, apesar da idade.

Ele achava que ninguém o iria querer por acha-lo agressivo ou estranho. Mas tudo que Midoriya viu nele foi um garotinho que precisava de um lar, e foi o que deu a ele.

Mas no fundo, Izuku sabia que, de alguma forma, ele causaria problemas. Tudo que queria era que seu garoto entendesse o mundo e que pudesse protegê-lo dele, mas não podia. Nikko era frágil, apesar de pagar o durão. Ele gostava de diminuir os outros e parecer forte pra esconder o que sentia. Midoriya sempre se lembrava de um certo alguém quando olhava pro seu filho.

Já estava na escola, e antes que percebesse, na diretoria. Nunca tinha saído do seu estúdio de pinturas tão rápido assim, nem chegou a organizar suas coisas.

Nikko estava sentado em uma cadeira, ao aguardo do pai. Quando viu Izuku se sentiu um lixo ao notar o jeito que ele o encarava.

A diretora apenas apontou para uma porta a esquerda na sala. — Vão pra lá. Boa sorte, precisarão.

Midoriya suspirou e esticou a mão pro garoto, que a pegou sem hesitar. Andou com ele até a sala sem trocarem uma palavra.

Quando entraram viu um homem loiro sentado ao lado de Destiny, a garota que seu filho fazia bullying. Midoriya sentiu um frio na barriga ao ver o homem.

O reconheceu de primeira. Ele era, ironicamente, o cara que fazia bullying consigo na infância. E que era supostamente seu "amigo" na época.

— K-kacchan? — Izuku falou dando um passo pra trás. Bakugou subiu o olhar pra si, o encarando em um misto de ódio e curiosidade.

— Hm? Ah, você..?! — Katsuki se levantou da cadeira, e sorriu com maldade encarando o esverdeado. — É bom te ver, velho amigo.

— Nós nunca fomos amigos. — Midoriya falou. Quando eram jovens ele chegava a tremer de tanto medo que tinha do loiro, talvez por ele ser maior e mais musculoso. Mas agora eram adultos, ele ao menos tentaria enfrenta-lo.

— Não consigo acreditar que é você. — Ele andava em passos lentos ainda com um sorriso maldoso no rosto em direção ao menor, que se afastava mais a cada passo, até bater as costas contra a parede. — Isso é irônico, não? — Falou, segurando Midoriya pela gola da camisa e o prensando mais na parede.

— Meu pai vai dar uma surra no seu, você vai ver! — Nikko disse animadamente para Destiny. Ela só corou sem nem olhar pro rosto dele. Era como se o pequeno nem observasse a situação, pois quem estava em uma situação ruim era seu pai.

— Eu vou quebrar a MERDA DA SUA CARA! VOCÊ NÃO SABE EDUCAR A PORRA DE UMA CRIANÇA NÃO?! — Ele preparou o braço para um soco, o esticando pra trás, com o punho na frente do rosto de Izuku.

— ASSIM COMO SEUS PAIS NÃO SOUBERAM EDUCAR VOCÊ, NÃO É?! — Ele empurrou o loiro pra longe de si. — Você não vê, Kacchan? Agora sente como é ruim, não é? Por que essa porra é LITERALMENTE O MESMO CARALHO QUE VOCÊ FAZIA COMIGO! — Em um pequeno surto de coragem, usou toda a sua força e deu um soco na bochecha de Katsuki, que fez o seu rosto virar pro lado. — K-kacchan! Ai meu Deus, me desculpa! E-eu sei que ele tá errado, podemos conversar? Eu prometo que o Nikko nunca mais vai- — Não conseguiu terminar sua fala, já que um soco atingiu sua barriga em cheio, o fazendo ir pra trás, caindo sentado no chão.

— Quem você pensa que é pra bater em mim? Você não é NADA, DEKU, NADA! Você nunca foi ninguém. Nem amigos decentes tinha. Tenya Iida e Ochako Uraraka. Eles certamente eram seus amigos por pena de você. — Riu, balançando a cabeça pros lados. — Baka..

— Cala a boca. — Midoriya se levantou, tossindo um pouco. — Somos adultos agora, Kacchan, por favor..

— Papai! Não era pra bater em ninguém! Você me prometeu! — Destiny gritou, já quase chorando. — Por que diz essas coisas ruins pra ele? Isso é muito feio! — Ela saiu da cadeira e saiu correndo pra fora da sala.

— Tiny! Espera! — Bakugou tentou segura-la, mas falhou, já que ela saiu por uma pequena abertura da porta e depois a fechou. — Nossa conversa ainda não acabou, Deku. — Falou encarando Midoriya. Em seguida saiu da sala e foi atrás de sua filha.

— Pai? Tudo bem com você? — Nikko perguntou assim que Midoriya sentou ao seu lado. — De onde conhece aquele moço?

— Sim, eu to bem. — Izuku crispou os lábios, o encarando. — Não adianta tentar desviar do assunto principal. Por que você faz aquilo com aquela garotinha?

— Eu não sei, papai. — Deu de ombros após responder. — Ela é sozinha, então eu só dou risada disso e digo que sempre vai ser assim. E ela parece um menino, eu não to mentindo! Eu só digo a verdade, sou sincero com ela.

— Isso não é ser sincero, é ser grosseiro. Ela é muito pequena pra ter que passar por isso. Você não pode tratar ninguém como lixo, me ouviu? Eu não sou a Mitsuki, não vou deixar esse tipo de coisa passar.

— Quem é Mitsuki? — Perguntou confuso, encarando seu pai.

— Essa história fica pra outro dia. — Suspirou, passando a mão pelos próprios cabelos. — Quando uma pessoa está sozinha você não tem que zombar dela, Nikko. Devia procurar ser amigo dela, isso sim. Você só tem sete anos, pelo amor. Isso é apenas o começo do fundamental e você é assim? Não quero que faça isso nunca mais. Me prometa. Prometa que vai melhorar.

— Mas pai eu.. — Parou de falar ao receber um olhar reprovador do homem. — Tudo bem. Eu prometo.

— E você terá de se desculpar com ela e com o pai dela, entendeu? Você vai aprender a respeitar as pessoas do jeito que elas são.

— Tudo bem.

— E será punido de alguma forma aqui na escola, apoio isso totalmente. Você ta errado, Nik. Vamos conversar mais em casa. — Nikko assentiu com a cabeça, então os dois levantaram e sairam da sala.

Midoriya levou o garoto pra casa, eles comeram e depois de assistirem um pouco de televisão foram dormir. O esverdeado se deitou e ficou pensando no que tinha acontecido. Depois de todos esses anos, Katsuki Bakugou faria novamente parte da sua vida? 

𝐇𝐢𝐝𝐢𝐧𝐠 •立ち往生Where stories live. Discover now