19 | Ápice

1K 121 138
                                    

Tive a iniciativa de pedir para Max dormir na minha casa hoje à noite, no domingo, para irmos para o colégio juntos amanhã. Fiz o pedido ontem, assim que ele me deixou em casa. De bom grado, recebi, com um sorriso estonteante, um "É claro" e um "Que horas eu posso vir?", cuja resposta foi "Qualquer horário depois das seis". Eu só não pedi para que ele aparecesse pela tarde porque eu quis ter meu tempo com meus pais — para dizer algumas coisas sobre minha primeira sessão com Axel — e com minha vó, que já fazia um tempinho que eu não falava. Decidi anunciar que, se desse, eu iria visitá-la nas férias.

Depois de fazer tudo o que eu pretendia, eu disquei seu número na tarde de domingo e acabei ligando para Jéssica também. Já fazia uns dez minutos que conversávamos através da câmera frontal do celular, como todas as outras vezes.

Mas, e aí, rolou?

— Rolou o quê?

Ah, meu Deus. — Ela riu e revirou os olhos. — Sexo, amor. Sexo.

Rubro, olhei brevemente pela porta aberta do meu quarto e voltei ao telefone.

— Não.

Alguma coisa em seu rosto mudou, e eu logo percebi ser a cautela.

Mas por quê? Vocês se conhecem há um mês, né?

— Sim.

Me admira que não tenham feito nada.

Ela sabia como me deixar extremamente envergonhado.

— Eu não... pensei nisso.

Ela me deu aquele sorrisinho afável.

Talvez você não queira.

Dei de ombros e percebi que...

— Na verdade, agora que você falou tocou nisso... talvez eu queira.

A conclusão veio quando minha mente começou a vagar pelas características físicas do corpo de Max. Ah, droga... Por que isso ainda é um tabu para mim?

Ele te excita?

Grunhi, todo sem jeito, o que fez Jéssica rir de novo, e joguei minhas costas para trás na minha cama, enfim me deitando.

— Não. — Apertei meu cabeço com uma mão e deixei que a outra segurasse o aparelho acima da minha cabeça. Minha nossa, como viemos parar aqui? — Quer dizer, não antes, pois eu nunca tinha pensado nisso que você está falando.

Sexo.

— É... Enfim. — Suspirei, tentando controlar o rubor. — Agora que comecei a pensar, pode ser que sim, eu esteja... bem...

Excitado.

— É...

Jéssica sorriu e, colocando uma colherada de cereal em sua boca, disse:

Isso é muito interessante.

— Humpf... — Dei um tapa na minha testa. — Eu vou desligar.

Espera, espera, espera...

— O quê?

Vai me contar quando fizer?

Eu não podia negar que senti falta dessa sua curiosidade exagerada.

— Vou.

Tudo bem. Eu estarei esperando.

Abri um sorriso largo e mandei-lhe um beijo.

— Tchau, Jess. Até qualquer dia.

Tchau, amorzinho.

CONTE-ME MAIS UMA VEZWhere stories live. Discover now