SIRIUS BLACK

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Marlene e eu não fomos arrumar as malas como ela insistiu, ouvimos o barulho da festa e voltamos para lá. A banda que estava tocando era realmente muito boa, os instrumentos deles eram muito bons, e no meu terceiro Whisky de dragão contrabandeado secretamente para a festa, subi no palco ao som da gritaria dos alunos. Com certeza eu parecia um dos integrantes da banda, usando calça de couro, regata branca e jaqueta de também couro.
-Você sabe fazer isso, cara? – O vocalista perguntou me fazendo rir.
-É claro que eu sei – e olhei para a plateia que nos encaravam animados, loucos por mais som, mas foquei apenas nos olhos azuis de Marls. Peguei a velha guitarra do cara ao meu lado e agradeci mentalmente por eles também terem gosto pelas músicas dos trouxas. Nós começamos a tocar, e eu a cantar. O som pareceu atingir toda a galera, pois todos dançavam animados, divertidos, algumas garotas estavam tentando chamar minha atenção enquanto eu cantava e tocava, mas só conseguia focar em uma pessoa ali. Marls estava dançando com Remus, ela sabia dançar, sabia como fazer todos olharem para ela e a admirarem, fechava os olhos como se não fosse nada demais, mas todos queriam poder estar dançando com ela.
-Just to dance with you is everything I need... Before this dance is trough I think I'll love you too. I'm so happy when you dance with me..
.A letra passava pela minha cabeça de forma rápida e clara, enquanto eu as produzia, cantando mais animado do que realmente pretendia, Marls sabia que cantava para ela pois me lançava olhares e sorrisos que me fazia querer pular do palco e agarra-la, e era exatamente o que eu faria quando acabasse.
-In this World there's nothing I would rather do, I discovered i'm in love with you, 'Cause i'm so happy just to dance with you...
A música acabou entre palmas e assobios. O vocalista me elogiou enquanto eu devolvia a guitarra, pulei do palco e agarrei minha loira pela cintura e a beijei fortemente.

-Sirius, acorda! Acorda! – Minha cabeça doía, eu não tinha coragem e muito menos vontade de abrir os olhos – Acorda, idiota!
-Me deixa, Prongs. – reclamei, mas levei um tapa.
-Não sou o idiota do Potter. Sou eu! Acorda, estamos atrasados. – O tapa me fez abrir os olhos e eu dei risada, era Marlene que estava enrolada em uma coberta andando pelo dormitório descabelada com dois saltos nas mãos. Esfreguei os olhos ainda tentando inutilmente acordar. A puxei pelo lençol. -Vem cá, Marls, isso é jeito de acordar seu namorado?
Ela gargalhou.
-O trem sai em duas horas, estamos atrasados! Meus pais estão nos esperando.
De repente, como um raio, eu me lembrei do que ela estava falando. Merda, Merda e Merda! Eu iria conhecer os pais de Marlene e eu estava de ressaca, ótimo, bela maneira de começar as coisas, fodendo com tudo.
-Droga, estou cheirando a Whisky, meu cabelo está cheirando a Whisky. – Reclamou – não deveríamos ter ficado até mais tarde.
Saltei da cama e percebi que estava sem camisa, e ela fez o favor de jogá-la na minha cara. Murmurei um obrigado, ela poderia ser mais doce as vezes.
-Vá arrumar suas coisas e eu te encontro na sala comunal em trinta minutos – Mandou enquanto eu me vestia.
-Não vou conseguir arrumar minhas coisas em trinta minutos.
Ela me fuzilou.
-Problema é seu! Você que quis passar a noite toda aqui.
-Como se você não tivesse gostado – Dei risada.
-Sirius Black!
-Ok, ok! – Bocejei – mas, nem uma rapidinha pela manhã?
Ela ergueu a varinha ameaçadoramente.
Ao descermos as escadas da torre tudo ainda era silencioso, menos um casal que vinham em nossa direção sorrindo e brincando. Eu achei que ainda estava bêbado quando percebi que se tratava de Prongs e Lily. Eu ainda estava com a sensação de que estava saindo cheiro de álcool pelos meus poros, enquanto desembarcávamos. Atravessamos a parede e então estávamos na grande e velha Londres dos trouxas, eu não costumava vir aqui, na verdade, da última vez em que estive aqui devia ter uns treze anos. Marlene parecia mais agitada do que o normal, preocupada, e ansiosa, mas também tentava inutilmente esconder isso de mim. Eu deveria também me sentir preocupado? De qualquer forma, segurei em sua mão e sorri tentando acalmá-la o que resultou em alguma coisa.
-Acho que eu que deveria estar nervoso. – E beijei sua testa.
-Eu sei, desculpe. – Respondeu – Olha, eles chegaram.
E ela apontou alegre para um, acho que se chama carro, grande e vermelho parado próximo a nós. As portas se abriram e uma mulher alta, loira de olhos azuis desceu sorridente. Ela tinha os cabelos preços em coque firme atrás da cabeça, olhos alegres e um sorriso contagiante, Marlene correu em direção a ela a abraçando com força. Do outro lado, um homem alto, de óculos, cabelos ralos e escuros como os olhos apareceu, ele tinha uma barriga grande e usava um terno muito bonito para um trouxa. O casal era notoriamente bem de vida.
-Oi papai! – Marlene o abraçou, ambos pareciam extasiados ao reverem ela que simplesmente parecia uma criança. Fiquei me perguntando como deve ser ter isso, ver seus pais e não sentir repulsa. A Sra. Mckinnon começou a fazer uma séria de perguntas para Marlene antes de se aproximarem, eu estava esperando o momento certo para anunciar minha presença, mas Marlene fez isso por mim muito contente.
-Esse é o Sirius, o garoto que eu falei a respeito na carta que enviei.
A Sra. Mckinnon sorriu e me abraçou, enquanto o Sr. Mckinnon deu um sorriso um tanto contente e apertou minha mão. -Está pronto para ficar alguns dias com trouxas? – Perguntou ele alegre.
-Sim, acho que não vai ser uma experiencia ruim – e eles deram risada do meu tom.
-Ah, você vai ser muito bem-vindo na nossa casa, Sirius. – A mãe respondeu – Meu nome é Helena.
-E o meu é Robert.
Ok, nomes totalmente estranhos.
-Helena e Robert – falei a fim de memorizar.
-Bom, o meu é Sirius Black... acho que um pouco incomum para vocês. – Respondi, Marlene e o pai riram, mas Helena pareceu um pouco chocada. Me assustei, talvez tenha dito algo errado.
-Black? – Perguntou com a voz engasgada.
-Sim... – A olhei e ela parecia um tanto mais branca do que quando chegou.
-Desculpa... é realmente um nome incomum, mas muito bonito, muito mesmo.
E então o pai de Marlene tratou de pegar a mala da filha e entramos no carro vermelho grande, eu tentei não parecer um idiota surpreso com cada coisa que acontecia, mas como aqueles trouxas conseguiam viver assim? As ruas estavam repletas de carros de diversas cores diferentes, um barulho infernal de buzinas e pessoas na rua. As calçadas estavam cheias, havia lojas, cafeterias etc., exatamente como no mundo bruxo a diferença era como aquilo tudo era estranhamente comum. Nas lojinhas de animais, pequenos filhotes de cachorros dentro de caixotes de vidros, nada de sapos, corujas, ou ratos, nas lojas de vassouras, elas ficavam no chão empilhadas uma em cima da outra enquanto uma mulher varria a calçada em frente a loja. Marlene deu risada ao meu lado me cutucando com o cotovelo. -Impressionado? – Perguntou. - Espere só até chegarmos ao aeroporto!
-É tudo muito diferente. O que é um aeroporto? - Respondi tentando não parecer mais idiota.
-Você vai ver!
Sorriu e depois tratou de começar a contar as novidades sobre Hogwarts para sua mãe, contou sobre como fez gols contra a
Sonserina, como tirou notas altas nos últimos exames, e que Lily e James finalmente se acertaram. As duas conversavam de forma intima, igual duas colegas de quarto de uma forma que eu nunca conversei com minha mãe ou meu pai. Helena estava realmente interessada em cada palavra que saía da boca de Marlene e o caminho todo nós entramos em uma conversa sobre Hogwarts. O Carro parou em frente a um grande prédio movimentado, Helena, Marls e eu descemos do carro enquanto o Sr. Mckinnon disse que iria devolve-lo a locadora se não me engano. Eu olhava ao redor toda aquela aglomeração de pessoas espantado e ao mesmo tempo encantado! Era como em uma estação de trem, mas descobri que na verdade, iríamos andar em um espécie de ônibus que voa. Eu me lembrei do Nightbus que peguei na noite em que saí de casa, mas aquela coisa era dez vezes maior do que um ônibus, aliás não se parecia com um ônibus! Era bicudo e com asas de ferro enormes, Marlene me disse que isso era um avião e que iríamos voar... bom não é a mesma sensação de voar em uma vassoura, mas me senti esquisito quando saímos do solo firme subindo em direção ao céu. Tudo durou mais ou menos duas horas, eu não conseguia me conter e perguntava sobre tudo para Marlene que me respondia pacientemente, fiquei surpreso em perceber que os trouxas são realmente muito inteligentes. Porra! Eu estava voando sem magia, isso sim era algo a ser admirado.
Quando finalmente chegamos a casa dos Mckinnon em Bristol, Marls parecia que iria explodir de felicidade. A casa era grande, pouco menor que a minha, mas tinha a faixada branca, grandes janelas e um grande jardim. Qualquer um que olhasse de fora saberia que pessoas boas moravam ali, havia um balanço na sacada, e um belo tapete de entrada escrito "Bem-vindo". Robert abriu a porta e a casa se mostrou mais bonita por dentro, o corredor do hall da entrada continha inúmeras fotos da família, Marlene ficou embaraçada com as fotos de quando era bebê, mas eu as achei incrivelmente fofas.
-Bom, Sirius, eu espero que goste do quarto que preparamos para você – Helena disse gentilmente. É claro que eles não nos deixariam ficar no mesmo quarto, mas nada iria conseguir nos impedir de fugir a noite.
Deixei minhas malas no quarto que não era tão grande, mas também não era tão pequeno e então Marlene me puxou para o seu próprio quarto, animada. Bem diferente do que eu esperava, o quarto era grande, com as paredes repletas de pôsteres de bandas, das cores das Grifinória, e os símbolo da nossa casa espalhada pelo quarto. Havia uma vassoura antiga caída no canto do guarda-roupa marrom, um toca-discos muito maneiro, e uma pilha de discos ao lado da cama arrumada. O quarto era extremamente comum, até ela simplesmente ligar uma caixa preta e rir
da minha expressão quando uma mulherzinha minúscula apareceu dentro dela.
-O que é isso? – Perguntei e ela riu.
-Uma televisão. – Respondeu indiferente e me entregou um objeto cumprido cheio de botões. – Aperte.
Apertei o botão que ela me indicou gentilmente e a tela mudou, agora cores vibrantes saía da televisão ao som de uma música que eu não conhecia. Marlene começou a me apresentar uma série de coisas desconhecidas, e eu fiquei fascinado por cada uma delas. Realmente, é assustador como os trouxas conseguem se virar sem magia, como conseguem criar inúmeras coisas que nós só faríamos com a presença de uma varinha. Não sou do tipo que se fascina por qualquer coisa, mas acho que a explicação de Marlene deixava tudo mais interessante.
-Seu quarto se parece com o meu – comentei olhando em volta, mas parei meus olhos nela quando a vi retirando o vestido que usava para colocar uma camiseta qualquer e um short.
-Vamos ao cinema hoje a noite – disse e riu da minha expressão de idiota, o que ela estava dizendo? – Ah meu Deus, isso vai ser tão divertido.
Nós dois caminhávamos pelas ruas escuras de Bristol, enquanto ela falava sobre tudo, rindo, brincando, as vezes me soltava para poder dar alguns pulinhos. Eu acho que nunca me diverti tanto assim, nem mesmo quando Prongs, Worm e eu colocamos fogos de artifícios no dormitório da Sonserina e Remus ficou maluco. Chegamos a uma cafeteria. Marls foi até o balcão se empinando nele de forma elegante enquanto eu me sentei na mesinha azul. Ouvi algumas risadinhas e olhei para o lado, eram três garotas que cochichavam e olhavam para mim. Em outra época eu teria dado bola, mas minha garota estava voltando elegantemente com dois copos nas mãos e se sentou ao meu lado.
-Milk-Shake. – Disse. Me empolguei para experimentar, era diferente de qualquer coisa que eu já havia tomado, gelado e gostoso. Marlene deu risada quando minha cabeça doeu.
-Você precisa tomar devagar – disse me ensinando – veja.
E ela colocou os belos lábios em volta do canudo de forma incrivelmente sexy. As garotas ainda davam risadinhas e me encaravam, mas Marls pareceu não perceber, estava mais entretida em
me ensinar as bilhões de coisas interessantes que existe no mundo trouxa. A garota morena sorriu e piscou para mim, idiota. Segurei na cintura da minha namorada e ergui seu rosto rapidamente beijando seus lábios gelados por conta do Milk-shake, Marlene tinha olhos de quem estava sonhando. A noite de natal estava animada, os Mckinnon receberam alguns parentes realmente legais e simpáticos. Acho que nunca participei de um natal assim, nem mesmo na casa dos Potter. A
cachorrinha de Marlene, no entanto, era a única que parecia não gostar de mim.
-E aonde você arrumou esse bonitão? – Perguntou uma das tias dela, já bêbada. A mão áspera tocou em meu rosto. Marlene deu risada.
-E então Sirius, está gostando do nosso mundo? – Perguntou Robert enquanto estávamos a sós encostados na parede observando as mulheres dançando.
-É completamente diferente do que eu imaginei – respondi sem tirar os olhos de Marls, que sem dúvida, entre todas as suas primas, era a mais bela. Robert começou a me fazer diversas perguntas tentando não soar intimidador, mas na realidade, intimidador seria a ultima palavra que o descreveria. Era um bom homem, e eu procurava nele traços físicos de Marlene e simplesmente não conseguia encontrar, não sei por que reparei nisso, mas eles simplesmente não tinham nada em comum, exceto, pela bondade e carisma.
-E então Marlene, como é mesmo o nome da escola em que vocês estudam? – A prima perguntou se aproximando com ela. -St.Trinnians. – Respondeu com desdém ficando ao meu lado, Robert se afastou procurando mais um pouco de bebida.
-Parece ser um ótimo lugar para conseguir um namorado – A loira comentou, eu realmente tinha uma dificuldade em gravar os nomes delas. Marls riu.
-Você poderia me arrumar um amigo, o que acha?
-Isabella, não seja tão desesperada, por favor. – Marlene respondeu revirando os olhos azuis – Vou buscar algo para beber, você quer?
Eu assenti, e ela me deixou no covil de cobra.
-É Sirius, não é? – Isabella perguntou. – É um nome diferente.
-Minha família é um pouco excêntrica.
-Gosto de coisas excêntricas. – E piscou, joguei o cabelo para trás indiferente, mas isso teve o efeito contrário do que eu esperava porque Isabella estufou o peito e se aproximou ainda mais. – Você poderia me ensinar como é as coisas aonde vocês estudam...
-O que quer dizer?
-Quero dizer que se você me mostrar uns truques da sua escola... eu posso te mostrar os meus.
Nós sustentamos um olhar até eu começar a gargalhar. Ela era ridiculamente estupida tentando jogar um charme horrível para cima de mim, com uma conversa terrível. Já peguei muita
menina idiota, mas essa estava desesperada.
-Escuta, Isabella, acho que você soube que eu estou com a Marlene, certo?
Ela bufou.
-Claro que sim, só que eu não acho que Lene realmente sirva para você.
-Ah não?
-Não. – Disse firme – ela é só uma garotinha rebelde e mimada.
E ela estava mais próxima de mim me fazendo rir ainda mais do desespero e inveja gritante dela. Marlene apareceu do nada, segurando dois copos de bebida nas mãos, irritada, colocou um na minha mão com força derramando um pouco.
-Sua bebida! – Disse ríspida – e você, Isabella, deveria ter um pouco de amor próprio.
Ela passou por entre nós dois irritada e quando a prima tentou responder, sua cara se encheu de espinha e ela começou a gritar, desesperada, quando viu o reflexo do próprio rosto no espelho. Marlene deu uma risadinha, antes de se virar e sair da sala, eu fui atrás dela.
-Você estava dando mole para ela? – Gritou descendo umas escadas.
-Claro que não, estava apenas me divertindo!
Ela parou no último degrau e me fuzilou com os olhos azuis.
-Se divertindo? Então você se diverte dando em cima de outras garotas?
-Marlene, eu estava me divertindo do desespero dela. – Agora eu estava ao seu lado, ou melhor, a sua frente, segurando seu rosto delicadamente. O barulho da festa acima de nós não nos incomodou quando ela bufou irritada, me acertou com um tapa, e me beijou. Foi coisa de segundos, simplesmente a ergui colocando-a em cima do carro vermelho do pai dela, ela abriu as pernas ao redor da minha cintura e alguns minutos depois estávamos ofegantes, agarrados um ao outro. Ela estava com o braço em volta do meu pescoço com a respiração pesada em minha orelha, minhas mãos ainda estavam segurando sua cintura e eu ainda podia senti-la.
-Acho que não conseguimos ficar dez minutos sozinhos. – Ela brincou.
-Tenho certeza que não.
Rimos.
-Estamos na garagem... eu transei com você na garagem em cima do carro do meu pai.
-E qual o problema?
Ela me encarou, os olhos azuis animados.
-Você me faz quebrar todas as regras, sabia?
-Eu sei – Demos um selinho rápido antes dela pular de cima do carro arrumando o vestido, eu olhei em volta e havia caixas ao redor do carro, algumas continham o nome dela e outras de seus pais. Marlene pegou um urso rosa pequeno e sorriu.
-Era meu. – Disse – eu sempre odiei coisas rosas e fofas.
-É por isso que está namorando comigo?
-HÁ-HÁ.
Nós começamos a mexer nas caixas encontrando diversas coisas antigas que a fez ficar nostálgica. Ela contava suas lembranças sobre cada objeto de valor emocional, um urso, fotos, até mesmo roupinhas de criança. Era tudo o que uma garota trouxa comum poderia ter tido na
infância, nada de varinhas de brinquedo, vassouras etc. Peguei um dos álbuns de fotografia curioso para poder conhecer mais pessoas de sua família, mas as fotos pareciam muito mais antigas e desgastadas. Até ela ficou curiosa para ver.
-É da minha mãe – disse abrindo-o – é quando ela tinha minha idade.
-Vocês eram idênticas.
Ela sorriu e os olhos brilharam.
-Obrigada – respondeu, uma foto caiu do álbum e Marlene a pegou analisando bem os rostos na fotografia. Helena e outro homem, um ao lado do outro sorrindo apaixonados. A princípio achei que pudesse ser Robert, mas reconheci os traços fortes, o cabelo escuro cumprido do homem na fotografia me era extremamente familiar e apesar de mais jovens, o sorriso enigmático continuava sendo o mesmo. Marlene, no entanto, parecia apenas confusa e curiosa.
-Você disse que sua mãe não conhecia o mundo bruxo antes de você receber a carta de Hogwarts. – Comentei e ela balançou a cabeça.
-Sim – Respondeu inocentemente, e eu me dei conta de que ela não tinha ideia de quem era aquele homem na fotografia, o que me deixou na droga de um dilema entre decidir contar o que eu sabia ou deixar que ela continuasse acreditando na vida em que cresceu. Mas Marlene merecia a verdade, seja lá ela qual for. A abracei por trás, beijando seus ombros.
-Eu conheço esse homem – Ela disse mais para si mesma ainda observando a fotografia. – Ele estava no profeta diário semana passada.
Suspirei e apertei com mais força.
-Estava – respondi, ela se virou para mim me olhando como se buscasse uma explicação minha, respirei fundo e joguei o cabelo para trás. Eu não queria ser o responsável por trazer a tona a historia daquela foto, mas assim que eu a vi juntei todo o quebra-cabeça rapidamente. Mas ela continuava me olhando como se suplicasse uma explicação – O nome dele é Rudolph Turner. Ele é chefe da sessão do aurores no ministério da magia.
Os olhos dela se abriram ainda mais como se alguém a tivesse acertado com algo na cabeça de surpresa.
-E por que minha mãe tem uma com ele? Balancei os ombros. Bom, se alguém estava escondendo alguma coisa dela, eu não queria fazer parte disso então dei continuidade ao que eu sabia sobre Rudolph.
-Ele se parece com você, exceto pelos olhos. – Disse ela ainda confusa encarando a fotografia.
-É claro que se parece, ele é um Black. – Ela me encarou incrédula e eu levei alguns segundos para tornar a falar – Rudolph é primo do meu pai, um primo digamos assim, distante. A mãe dele se apaixonou por um trouxa, e bom, você conhece bem minha família. Ela foi expulsa de casa e queimada na nossa arvore genealógica, mas acabou se casando com Turner, o trouxa por quem se apaixonou.
Lene escutava tudo com muita atenção. -Alguns anos depois ela morreu, e Turner também. Rudolph já era grande, tinha a nossa idade talvez e vivia entre Hogwarts e Londres aonde havia morado com seus pais. Nós nunca tivemos contanto com ele, apenas quando ele alegou publicamente ter sangue Black, minha família enlouqueceu. Nunca um mestiço teria sangue Black! – dei uma risadinha sem humor – É tudo o que sei sobre ele, infelizmente não posso te contar a história por trás dessa foto, mas achei que
você devesse saber.
Marlene estava em choque, os olhos lacrimejaram e eu quase podia ouvir o coração dela batendo, a mente dela trabalhando mais rápido do que o normal. Ela tornou olhar a fotografia em suas mãos, e nada podia contestar que Helena e Rudolph estiveram juntos, já que ela olhava para ele do mesmo modo que Marlene me olhava.
-Você me acha parecida com ele? – A voz dela era tremula e saiu num sussurro, segurei seu rosto com as duas mãos.
-Hey... não pense nisso.
-Mas Sirius... somos iguais! – ela insistiu – olhe!
Realmente, não havia dúvidas de que ambos tinham traços semelhantes, mais semelhantes do que ela teria com Robert.
-Sirius, por favor – Disse numa voz suplicante, eu não sabia se ela queria que eu negasse ou concordasse, de qualquer forma, ambos eram inegavelmente parecidos. Olhei para ela tentando não transparecer nenhuma emoção, mas os olhos azuis que nunca choravam, estavam agora molhados e desesperados por uma resposta. Respirei fundo.
-Sim, Marls, vocês dois se parecem.

Hogwarts, 1978. ( CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora