Algo nas paredes

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Chiu........ não ouvem, algo me tem andado a incomodar, existe algo dentro destas paredes vitorianas, tão antigas como eu, o velho sábio sem saber porque o é, hey lá está outra vez, este barulho que trespassa os inúmeros volumes de pensamento que fui adquirindo á medida que o tempo passava, já não me lembro porque os comprei, talvez fossem para me sentir menos sozinho, alguém, algures num tempo há muito passado me disse que eram a melhor companhia para um eremita como eu, haaaaaaaaaaaaaa porra, estes barulhos não param, sei que algo está lá, sinto que algo está lá e até nem me preocuparia muito se pelo menos soubesse que raio está dentro destas malditas paredes. Sempre fui assim, gostava de saber tudo e mais alguma coisa, quando era miúdo até queria saber quando os meus pais iam para a cama para se satisfazerem numa relação incestuosa já que eram meios-irmãos, esse facto nunca me incomodou até porque para além de saber quando estavam a foder nunca tive uma relação por aí além com eles. Sempre fui este ser pequeno e solitário que apenas conseguiu ir para cama com três mulheres em toda a minha vida e todas com um pagamento no final, a verdade é que sentia-me menos mal quando lhes oferecia finalmente o dinheiro, foram apenas tentativas de experimentar a libertação do líbido, a verdade é que até acho o sexo aborrecido, duas pessoas deitadas em cima da outra durante cinco minutos infernais até que um deles, claramente o homem chegue ao clímax depois de vermelhar a sua vítima com alguns pingos de suor, não é para mim, não foi quando era jovem e retinha alguma beleza Bavariana deixada pela minha mãe, e com certeza não será agora na nos meus 87 anos que irei-me rebaixar novamente a esse ato vil e sub-humano, archhhh, lá está outra vez, o som, mas que raio será esta merda, tenho de descobrir, é isso vou pegar na inchada deixada pelo meu pai e vou deitar esta caixa de memórias abaixo, mas mais tarde agora sinto o meu corpo a latejar por um pouco de vinho. 
      Já agora podem tratar-me por Louie, eu sei, um português chamado Louie, a verdade é que nunca gostei de nomes portugueses por isso decidi dar-me a mim mesmo um pequeno capricho francês, soa melhor, soa a um bom burguês que paga sempre as suas dividas a tempo gosta de manter uma aparência razoável, algo que aqui entre nós nada faço, estou em problemas com as finanças e visto os mesmos trapos á 5 dias, escutando as paredes por essa terrível melodia que me vem incomodando há já duas semanas, primeiro não lhe cheguei a dar atenção mas foi crescendo e crescendo e agora é tudo no que posso pensar. Agora que penso, aliás vocês que estão a ler esta pobre versão de narrativa, mas adiante, nunca me apaixonei, não realmente sabia distinguir as bonitas das mais feias mas nunca entrei em desvairos de luxúria desenfreada, porque será que assim tenha sido, eu que até era bem formoso nunca me deixei levar pelas mantras do amor, e sabem que mais foi pelo melhor, nada de corações partidos, nada de lágrimas, nada de nada e é isso. Quem precisa do amor quando se tem Paganini, Vivaldi, Chopin, Bach, tenho tudo o que preciso para me aquecer no inverno e ninguém a dizer-me o que fazer, SOU LIVRE HAHAHA, pois é meus queridos jovens sou livre de tudo, Deus, Diabo, céu, inferno , purgatório sou livre para viver como quero e como me apetecer seus malditos. Claro que tenho entre mim muitos defeitos, sou vil, archh, desculpem o barulho, onde é que eu ia, claro, sou vil, rezingão, chato e um belíssimo mentiroso, por isso cuidado com o que escrevo meus amigos. Sou livre, livre, livre e nunca chorei uma lágrima desde que nasci, nem quando os meus pais morreram, nem quando em pequeno o meu cão desapareceu para o meio do nada, porra, não sei meus amigos porque o barulho que me tem atormentado era uma única lágrima a querer sair.

Somos todos filhos de alfred rosenbergWhere stories live. Discover now