UM QUARTO DE MIL sonhos

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UM QUARTO DE MIL sonhos

Todas as noites sonhamos com nossos desejos mais íntimos e estruturantes. Édipo não teve o complexo, mas cada um de nós, noite sim, noite não, matamos nosso pai e transamos com nossa mãe em nossas camas, em nossos quartos.

Estudando a Ética a Nicômaco e a ética da Psicanálise, livro-7, de Jacques Lacan, trago-lhes os seguintes apontamentos.

Em Antígona, a terceira peça da Trilogia de Sófocles (496 a.C), o Coro diz:

"(...) Ocorreu-lhe [ao homem] recursos para tudo e nada o surpreende sem amparo; somente contra a morte clamará em vão por socorro.."

A questão que lhes trago é de que: estruturados através do Complexo de Édipo, sendo o inconsciente atemporal, sonhamos cotidianamente com o desenrolar de "nossa tragédia". Tanto no assassinato do pai, como no incesto com a mãe!

Freud disse certa vez que não podia poupar seu paciente que lhe relata-se exatamente aquilo que tinha maiores dificuldades. Em uma análise este seria o momento de "Não Ceder". Continuar falando, associando... momento que faz do sujeito comum, um herói de sua tragédia.

Se uma das finalidades da análise é não ceder ao seu desejo, este enfrentamento, esse não se poupar, é necessário.

Com Lacan:

"Creio ter-lhes mostrado (...) a função do desejo deve permanecer numa relação fundamental com a morte. Coloco a questão __ o término da análise, o verdadeiro (...)não deve ela em seu termo confrontar aquele que a ela se submeteu à realidade da condição humana? (...)"

Gilnei Botelho

Fevereiro 2020


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⏰ Last updated: Feb 11, 2020 ⏰

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