Capítulo 46

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Melissa Monttanri

Precisei de um tempo para me recompor depois do nosso encontro no corredor da galeria. Ainda sinto o cheiro de Erick em meu corpo. Sigo até o banheiro trêmula e me tranco. Apoio minhas mãos na bancada para não cair e me olho no espelho por um instante, vejo que não restou nada do meu batom depois daquele beijo. Suspiro ao me lembrar de toda adrenalina que vivi minutos atrás. Como senti falta dele, jamais imaginava que Erick me tocaria daquela forma novamente. Então não é mentira, ele realmente me ama. Mas... Não consigo esquecer o que ele me fez. Meu coração diz, dê uma chance, mas eu não consigo, isso é mais forte que eu. Ainda dói me lembrar que ele assinou aquele contrato, nada justifica o que ele fez, Erick agiu como se eu fosse uma mercadoria.

Respiro fundo, pego minhas maquiagens na bolsa e retoco. Não vou me deixar abater, até aqui tenho conseguido me manter firme e decido que vou continuar, ainda que o meu coração esteja sangrando.

Continuo com meu trabalho. Dou atenção aos apreciadores de minhas obras, e aos jornalistas. Vieram muitas pessoas, a galeria está lotada e muitos se interessam em levar meu trabalho pra casa. Esse novo estilo tem agradado ao público, confesso que me surpreendi com o resultado das peças que estão mais contemporâneas.

Logo papai, Beca e Henrique chegam. Sinto como se Beca quisesse me fazer alguma pergunta, mas não consegue. Decidimos que esta noite vou dormir na mansão depois da exposição, não vale a pena viajar de volta para casa.

Quando a exposição chega ao final, estou exausta. Na saída papai está abrindo a porta do carro quando vejo uma moto muito familiar estacionada, parece de Erick. Mas faz horas que ele foi... Expulso da galeria. Fico curiosa, mas não falo nada, prefiro que minha família não saiba que ele esteve aqui. Talvez nem seja a moto dele, e sim uma parecida.

Logo pela manhã acordo bem, confesso que estava com saudades da minha cama. Beca e Henrique também dormiram na mansão, nos encontramos na mesa do café, e Roberto é uma alegria só ao me ver ali. Enquanto falamos sobre os bebês que estão para chegar, o telefone de Beca toca e ela parece tensa, se levanta e sai, ficamos todos curiosos.

— O bebê da Mel vai ser um menino! — Ouço Roberto falar com toda precisão.

Me envolvo na conversa, mas confesso que parte da minha atenção está em Beca do outro lado. Algo está errado. De repente sinto uma pontada na cabeça, as malditas dores me invadem, mas preciso fingir que estou bem, não quero ser o centro das atenções.

Rebeca se aproxima, sua expressão não é das melhores.

— O que foi, meu amor? — Vejo Henrique perguntar para ela preocupado.

— Era, dona Joana... a mãe de Erick. — Rebeca me olha enquanto fala. Sinto meu corpo tremer. — Ela está preocupada, pois Erick saiu ontem dizendo que iria a exposição da Mel e... não voltou... a polícia somente encontrou a moto dele no estacionamento da galeria.

Acho que estou ficando pálida, pois todos me olham.

— Você viu ele, filha? — papai pergunta.

Respiro fundo, buscando forças para responder.

Ainda faço um breve silêncio.

— Sim, eu falei com Erick ontem. — Bebo um pouco do suco. — Mas... o expulsei de lá — falo não disfarçando meu sentimento de culpa.

Todos se entreolham sem saber o que dizer.

— Bom, talvez ele esteja na casa de alguém... — papai sugere.

— Dona Joana parecia bastante aflita, ela disse que Erick jamais deixaria sua moto lá. E que ele nunca dorme fora sem avisar.

Henrique faz um gesto pedindo que Beca se sente.

MIL DIAS COM ELA🌻Livro Físico EditoraLitteraWhere stories live. Discover now